Apenas 42% das empresas têm estratégias para a igualdade de género

Apesar do foco dado à diversidade e à inclusão, menos de metade das empresas apresentam estratégias com vista a melhorar a igualdade de género. A conclusão é do estudo “When Women Thrive 2020”, da Mercer.

Segundo o estudo da Mercer, as taxas de recrutamento, promoção e retenção de mulheres já se comparam com as masculinas.

Apesar dos avanços e das boas intenções, a igualdade de género no mundo do trabalho ainda está longe de ser uma realidade. De acordo com o relatório da Mercer “When Women Thrive 2020”, a maior parte das empresas mundiais (81%) afirma que é importante melhorar a diversidade e inclusão (D&I), mas apenas 42% têm uma estratégia plurianual documentada para atingir a igualdade de género.

Paralelamente a esta conclusão, apenas 40% da população ativa é feminina, uma ligeira subida face aos 38% registados há 4 anos. Além disso, enquanto a representação feminina em cargos de liderança tem aumentado (mais 3 pontos percentuais nos dois primeiros níveis), as estatísticas diminuem à medida que os níveis na carreira vão progredindo. Este estudo da Mercer revela ainda que as mulheres constituem 47% em funções de suporte nas empresas e 42% em funções de níveis superiores. No entanto, apenas 29% ocupa cargos de reporte direto ao conselho de administração e 23% cargos executivos.

“Ainda existe muito trabalho a fazer para conquistar um equilíbrio entre homens e mulheres em contexto profissional”, Diogo Alarcão, CEO da Mercer Portugal.

“A igualdade de sexo é hoje um imperativo global e as empresas estão a tomar medidas para fazer a diferença”, refere Diogo Alarcão, CEO da Mercer Portugal. “Porém, enquanto as mulheres continuarem a estar sub-representadas em cargos superiores, assim como ao nível de oportunidades de desenvolvimento e progressão de carreira, independentemente do setor ou geografia, isto significa que ainda existe muito trabalho a fazer para conquistar um equilíbrio entre homens e mulheres em contexto profissional.”

Em todo o mundo, as empresas começam a estar mais atentas a questões relacionadas com a igualdade de género e, apesar de um movimento lento e irregular, existem alguns exemplos promissores que demonstram dinâmicas e avanços com impactos duradouros. De acordo com o estudo da consultora Mercer, as taxas de recrutamento, promoção e retenção de mulheres já se comparam com as taxas masculinas, o que representa uma melhoria relativamente aos números de há quatro anos.

Além disso, as empresas estão a adotar, a nível mundial, métodos mais rigorosos para analisar equidade de pagamentos. O presente estudo indica que quase três quartos das organizações, cerca de 72%, têm equipas dedicadas a análises de equidade nas políticas de compensação, comparativamente aos 45% registados anteriormente, e mais de metade, 56%, utiliza abordagens estatísticas robustas de equidade salarial, face aos 35% da anterior edição do estudo.

“O sucesso na igualdade de género é mais do que a representação de 50/50. É sobre conquistar uma igualdade de oportunidades, experiência e salário”, Gabriela Picciotto, responsável da Mercer Portugal.

Outro aspeto positivo do avanço da paridade de género no trabalho é o envolvimento da liderança. De acordo com os resultados deste estudo, 66% das empresas mencionam que os seus altos executivos estão ativamente ligados a iniciativas e programas de diversidade e inclusão, face a 57% em 2016, e mais de metade (57%) refere o mesmo dos respetivos boards, face aos 52% registados em 2016.

“Definitivamente, e embora de forma lenta, as empresas estão a permitir que as mulheres intervenham e que reforcem o seu papel”, refere Gabriela Picciotto, responsável pelo DICE (área que coordena os temas de D&I) na Mercer Portugal. “E, todas as empresas que estão já a tomar medidas para melhorar e reforçar sistematicamente a representação de grupos sub-representados e a criar uma cultura mais inclusiva, irão atingir resultados tangíveis e os benefícios que decorrem dos mesmos “conclui.

“O sucesso na igualdade de género é mais do que a representação de 50/50. É sobre conquistar uma igualdade de oportunidades, experiência e salário”, refere esta responsável. “Para conseguir mudar, as empresas precisam de tomar decisões baseadas em dados, definindo objetivos mensuráveis, envolvendo todos os gestores e incutindo uma cultura que valoriza a diversidade.”

OUTRAS CONCLUSÕES PARA REFLETIR

  • Globalmente, as empresas estão otimistas quanto à sua capacidade de contratar, promover e reter mulheres. Menos de um terço relata desafios em atrair (32%), promover (32%) e reter (20%) mulheres.
  • Metade (50%) das empresas em todo o mundo não têm equipas exclusivamente dedicado à diversidade e inclusão.
  • Apenas 64% das empresas mundiais acompanham a representação de género e ainda em menor número são aquelas que analisam contratações, promoções e saídas por género
  • Apesar da importância dada ao bem-estar dos colaboradores e à sua saúde financeira, só 25% das empresas acompanha globalmente as necessidades a nível de saúde, tendo em atenção específica o género dos seus colaboradores, e 9% acompanha o bem-estar financeiro, tendo em conta a especificidade de géneros.
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