Texto de Paulo Neto, Coach ICF ACC , Team and Agile Coach, Facilitador e fundador da Building Bridges
Neste contexto de COVID-19, ou em circunstâncias semelhantes que pedem respostas concretas e exigentes, quem tem responsabilidades procura ter o melhor controlo possível da situação. Para isso faz planos, antecipa cenários, tende a centralizar decisões, em resumo, tenta garantir a necessária preparação.
Esta aproximação pode não ter em conta a velocidade em que as circunstâncias mudam e o resultado pode não ser o esperado. Ter um plano detalhado, embora ilusoriamente, dá uma sensação de confiança e abandoná-lo ou alterá-lo é encarado por muitos como uma falha. Esta resistência é facilmente observável nos mais variados contextos.
Muitos planos falham porque as equipas que executam encontram condições diferentes das previstas e bloqueiam, adiam, ou tomam uma decisão diferente. A rigidez do plano pode acabar por matar uma execução útil e adequada.
Estar preparado não é ter tudo previsto, é aceitar a realidade e ter capacidade de agir de acordo com as circunstâncias. Não adianta estar preparado para algo que já não é a realidade. Uma execução fraca gera frustração e planear detalhadamente na expectativa do controle que não se concretiza é gerador de ansiedade.
Num contexto de mudança permanente e em alta velocidade, sem a actualização regular de informações, a tarefa de planear torna-se num grande desafio. É importante ter actualizações regulares de curto prazo que permitam fazer o caminho em direcção ao nosso destino percebendo em cada etapa quais as opções relevantes em cada momento. Uma tarefa ou um objectivo muito importante na semana actual pode deixar de o ser na próxima.
Três aspectos fundamentais para criar condições ao desenvolvimento de uma equipa/organização capaz de responder à realidade em que nos movemos:
- Líder – Ter a humildade de reconhecer que as circunstâncias previstas se alteram, a capacidade deixar o ego de parte abandonando os planos e tendo a eficácia para construir outros. Garantindo assim a agilidade necessária para liderar no mundo em que vivemos.
- Equipas – Treinar as equipas para agir de forma autónoma assumindo a responsabilidade pela sua execução e com capacidade de aceitar e executar novos planos sem resistências. Garantir a agilidade para executar num contexto de mudança.
- Relação – Confiar nas capacidades das equipas, o que significa não interferir na forma como a equipa decidiu executar.