Melinda Gates decretou igualdade em casa

Melinda Gates admitiu em entrevista ao El Mundo que em sua casa todos dividem tarefas, mesmo Bill Gates. Este testemunho pretende alertar para a importância da igualdade entre homens e mulheres nas horas gastas em trabalho doméstico.

Melinda Gates tem na igualdade de oportunidades uma das suas cruzadas.

Melinda Gates está empenhada em liderar a mudança de forma a que as mulheres não continuem a gastar centenas de milhares de horas a mais do que os homens em trabalho doméstico não remunerado, simplesmente porque a sociedade assume que são tarefas da sua responsabilidade. Esta luta é especialmente importante em países em desenvolvimento onde as mulheres gastam milhões de horas por dia a transportar água.

A repartição de tarefas domésticas no lar de um dos casais mais ricos do mundo é feita de forma equitativa. Quando se deu conta de que ficava sozinha a levantar a mesa depois do jantar Melinda instituiu que ninguém saia da cozinha enquanto ela não o fizesse. Admite que a medida não foi recebida de braços abertos, mas ao dar-se conta de que tinha uma maior carga de tarefas em casa só por ser mulher, Melinda decidiu criar novas regras para dividir o trabalho doméstico com o marido e os três filhos.

Apesar de não ser bom cozinheiro, Bill Gates assumiu a sua parte das tarefas, que na altura passaram por lavar a louça e levar os filhos à escola, encorajando assim, outros pais a fazer o mesmo. “Se o Bill Gates pode levar a filha à escola, tu também podes”, dizem às mães dos colegas aos maridos quando chegam a casa.

Qual é o seu superpoder?

Na mensagem anual publicada no site da Bill & Melinda Gates Foundation, com o título “Se pudesse ter um superpoder, qual seria?”, Melinda pede mais tempo, alertando para a carga de trabalho não remunerado que recai de forma desproporcionada sobre as mulheres, e como esta tem consequências na sociedade e na economia global. A diferença do tempo gasto neste tipo de tarefas entre homens e mulheres é significativa. Sendo que num país ocidental a diferença pode ser de 90 minutos, e em países em desenvolvimento, pode chegar até às cinco horas diárias.

“Se não assumirmos como isto mina as possibilidades das mulheres, não estaremos a analisar o tema com seriedade. Se não redistribuirmos o trabalho, se não estabelecermos outro tipo de equilíbrio, não chegaremos a bom porto. As mulheres não podem alcançar todo o seu potencial, nem conseguiremos os aumento no PIB que pretendemos. Acrescentaríamos 10 mil milhões de dólares ao PIB se contabilizássemos o trabalho em casa não remunerado”, escreveu na sua mensagem.

De pequenino…

Melinda menciona ainda a importância da educação das crianças neste sentido, já que este é um tema que não deve ser apenas discutido no seio do casal, é importante que valores de igualdade de género na repartição de tarefas domésticas seja uma aprendizagem transmitida aos filhos. Envolver as crianças nas tarefas domésticas de forma igual é um bom princípio.

Nos Estados Unidos, a maioria das raparigas acredita que não vai viver sob as mesmas regras que mantiveram as suas avós presas em casa e os rapazes concordam com elas. Mas estão enganados, se não forem tomadas medidas as mulheres vão continuar a gastar centenas de horas a mais do que os homens em trabalho não remunerado.

Melinda, de 52 anos, conheceu o marido a trabalhar na Microsoft, a empresa que este criou, e dedica-se inteiramente à sua fundação, que investe milhões de dólares por ano para melhorar o acesso aos cuidados de saúde e educação em todo o mundo.

Bill e Melinda usam os milhões ganhos na Microsoft para mudar o mundo.

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