“Foi no início deste milénio que tomei a melhor e mais importante resolução da minha carreira: mudar de empresa. Já passaram quase 20 anos, mas a memória desses momentos está sempre presente e muito me tem ajudado, sobretudo neste ano que está quase a terminar.
No início do ano 2000 fui contactada por um executive search para uma função bastante semelhante à que exercia, numa empresa do mesmo setor mas completamente diferente em termos de posicionamento, dimensão e estratégia. O desafio era grande, muito complexo, o ambiente interno não era nada propício e o salário menor.
E eu fui. Dito assim parece uma loucura, mas fui. Contra muito daquilo que eram as minhas certezas, contra as opiniões válidas, lógicas, carinhosas e reveladoras de uma imensa preocupação para comigo por parte de algumas das pessoas mais importantes da minha vida, mas fui.
Sabem que mais? Fomos tão felizes durante 18 anos; umas vezes mais, outras vezes nem por isso!
Naquela empresa tão diferente de tudo o que eu conhecia, e que tanto foi mudando aos longos destes anos, vivi os melhores momentos da minha carreira; e alguns dos piores também! Mas foi tão intenso e tão rico este percurso que não o trocava por nada; e nunca me arrependi.
Não foi uma resolução nada fácil de tomar. Mas eu tinha de mudar, porque não estava bem. A empresa onde estava tinha mudado de acionista e a única certeza que havia era a de que tudo iria mudar, não se sabia quando, nem em que sentido. Se eu podia ter esperado? Podia, mas era a única coisa que podia fazer; e o horizonte dessa espera parecia (e foi) demasiado distante. E eu sou de ação e não de reação.
Foi esta a minha resolução: cheia de dúvidas, cheia de medo, arrisquei e mudei.
A essência da vida é mudança, e quem não muda morre. Por muito que nos custe, temos de aprender a viver com as mudanças que a vida nos traz. Por isso é que esta resolução foi tão importante para mim. Por isso é que mais uma vez estou a mudar para algo completamente diferente da minha zona de conforto, a reinventar-me nesta nova fase da minha vida e da minha carreira. Desta vez tive um empurrão e uma ajuda, mas o essencial permanece: arriscar.”