A melhor resolução de… Sandra Alvarez

A melhor resolução da diretora geral da PHD Media são duas e foram tomadas logo no início da carreira.

Sandra Alvarez é diretora geral da PHD Media.

Sandra Alvarez é diretora geral da PHD Media.

“Desde muito cedo tomei duas resoluções na minha vida que sabia que iriam impactar a minha carreira: a de não deixar para segundo plano nem uma carreira profissional bem-sucedida, nem ser mãe de muitos filhos, e  trabalhar as marcas não apenas de numa perspetiva, mas de várias, ou seja na perspetiva do marketing, da comunicação, da publicidade e media.

A primeira resolução estava pensada desde que tirei a minha licenciatura e foi tomada assim que comecei a trabalhar. Sempre soube que queria fazer tudo em simultâneo e que não iria sacrificar uma coisa em detrimento da outra, pois só tendo ambas em simultâneo me iria sentir realizada. Esta resolução foi importantíssima naquela altura, pois condicionou a minha postura na empresa e mais que isso, fez-me encontrar desde muito cedo soluções para que ambas as partes da minha vida pudessem coexistir na máxima harmonia possível. E em muitas situações não foi fácil, nem óbvio. Chegaram a dizer-me que “teria de escolher”, mas sempre reagi negativamente a qualquer escolha possível e sempre afirmei e soube que conseguia fazer tudo em conjunto. O que sempre fiz foi assegurar que tinha em casa alguém que me garantia total disponibilidade de tempo, e que a gestão do meu tempo era feito por mim, de acordo com a minha vontade e não por prisão a tarefas domésticas, que me deixariam em pé de desigualdade com os outros. Sempre disse “não” porque não queria e não porque não podia. Sempre me coloquei em igualdade de circunstâncias com os outros, mesmo tendo que gerir filhos e os outros não. Obviamente que o meu esforço sempre foi muito grande e muitas vezes sinto que não sou “a melhor” nem num lado, nem noutro, mas acredito que a soma das duas partes dá mais que dois! Nunca me arrependi desta minha decisão, mesmo tendo havido momentos em que disse não profissionalmente por questões pessoais, momentos em que surgiram convites para ir trabalhar para fora do país, por exemplo.

A segunda resolução foi também tomada no mesmo momento, ou seja aos 22 anos, quando comecei a trabalhar. Apesar de me ter licenciado em Economia, por ser um curso mais abrangente, sempre foi claro para mim que o que queria era trabalhar as marcas, criá-las, dá-las a conhecer aos seus públicos, saber qual a melhor mensagem a passar e qual a melhor forma de o fazer para ser relevante para os consumidores, perceber qual a jornada de cada consumidor e como contactá-lo da forma mais eficiente. Para tal, achei que trabalhar apenas do lado dos fabricantes/anunciantes nunca me iria satisfazer a curiosidade e vontade de aprender em tantas perspetivas diferentes e por isso defini que durante os primeiros 25 anos teria de passar pelas várias áreas, independentemente do que os outros achassem ou me aconselhassem. Dei passos que, para quem está de fora, poderiam parecer estranhos, como passar várias vezes de anunciantes para as agências, de publicidade ou de media, pois a estabilidade e a segurança, na cabeça da maior parte das pessoas está do lado de quem tem o dinheiro, mas para mim as agências têm algo que nunca tive em nenhuma marca que trabalhei: a oportunidade de, no mesmo dia, trabalhar mercados diversificados e marcas literalmente opostas, nos mais diversos sectores de atividade. E como eu costumo dizer, gosto mais de surpreender do que de ser surpreendida e este papel cabe às agências.

Esta resolução implicou mudar muitas vezes de área, aprender tudo do zero, não apenas as skills técnicas, como também a forma de trabalhar e a cultura das várias áreas, pois são realmente muito diferentes. Com esta atitude sempre senti que aportava mais-valia por saber “pensar” através de diferentes perspetivas de abordagem das marcas. Porém, como em tudo, existe esforço, entropias e pessoas que não concordam com a nossa forma de ver o mundo, mas acredito que quando não se sabe aprende-se e que para atingir resultados de sucesso é preciso ter força de vontade, capacidade de adaptação e resiliência e eu tenho tudo isto.

Hoje, com 23 anos de experiência profissional e 4 filhos, o mais velho com 20 e a mais nova com 4, sou há 10 anos diretora geral de agências, primeiro de uma agência de publicidade e depois de duas agências de media, uma delas a PHD, onde estou desde 2015. Mas os 25 anos que decidi que queria “circular e aprender diferentes áreas” estão a acabar. Só faltam dois anos e depois disso terei que tomar uma nova resolução na minha vida. Adoro tomar decisões, posso mesmo dizer que é o que mais gosto de fazer, por isso estou já a começar a pensar o que quero fazer daqui a dois anos.”

 

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