“Paradoxalmente, e quando olho para trás com algum distanciamento, sinto que a principal resolução que marcou a minha carreira foi a de ter tido três filhas com idades próximas. Quando já tinha 33 anos e uma perspetiva madura sobre a exigência de disponibilidade e foco de um percurso profissional sénior.
E foram acontecendo coisas boas e coisas más.
O período que mediou o nascimento da mais velha até aos primeiros anos da mais nova foi muito desgastante. Isto porque me foi difícil compatibilizar uma grande exigência profissional com anos consecutivos de noites mal dormidas e imprevistos com quedas e constipações. Não conheço mãe ou pai que diga algo diferente.
E hoje, com três adolescentes em casa, os desafios continuam a ser muitos. Costumo dizer em jeito de brincadeira que aquilo não é uma família, é uma PME!
Mas as miúdas desinquietam-me e obrigam-me a evoluir constantemente. Em particular porque:
- como as tenho pertíssimo do coração, tenho que gerir a autoridade, a motivação e a cumplicidade com desvelo. Tal obriga a saber ler bem as pessoas e os momentos, e tem-se revelado particularmente útil na gestão de projetos mais complexos e na interação com equipas muito matriciadas e com responsabilidades partilhadas.
- com uma agenda difícil, tenho que escolher bem os temas a endereçar e a ser muito eficaz na sua abordagem. Isto obriga a uma leitura de contexto sólida e a constituir equipas fortíssimas, autónomas e com muita cumplicidade. E como preciso de ajuda, tenho que saber trabalhar bem em rede, com e sem hierarquias formais.
- as conversas que mantêm entre elas deixam-me muitas vezes desconcertada. Mas este desconforto é bom! Porque me obriga a sair da comodidade do meu ponto de vista e a aproximar-me de temas novos e leituras frescas. O que potencia uma maior abrangência e lateralidade de pensamento – muito úteis para quem, como eu, lida com consumidores em mudança, transformações digitais e uma organização grande e diversa.
Num plano diferente, há sempre responsabilidades, projetos ou pessoas que me obrigaram a correr mais, ou foram particularmente difíceis ou trabalhosos. E foram estes momentos de maior complexidade que ficaram marcados, e contribuíram para construir o meu perfil profissional.”
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