O melhor conselho que recebi: Maria do Céu Machado

A atual presidente do Infarmed tem uma longa carreira como pediatra e como professora na Faculdade de Medicina. O que elegeu como melhor conselho da sua vida veio de alguém inesperado.

Maria do Céu Machado, presidente do Infarmed.

Maria do Céu Machado é uma pediatra que pais e filhos não esquecem: é descomplicada, arranja sempre tempo para atender uma urgência e fala a linguagem das crianças. De tal maneira sabe o que lhes vai na cabeça que escreveu o livro “Adolescentes” com o objetivo de desmistificar esta fase aos pais e facilitar as relações familiares neste período geralmente ‘delicado’ da vida de todos. O seu currículo é vasto, mas com o seu pragmatismo consegue resumi-lo em pouco mais de meia dúzia de linhas. É diretora do departamento de Pediatria do Hospital de Santa Maria, professora catedrática na Faculdade de Medicina e Comissária do Projeto Saúde e Bem-estar da Criança, entre outros cargos, e tem quatro livros publicados (além de mais de quase 150 artigos publicados e mais de meio milhar de comunicações científicas). Foi Alta Comissária para a Saúde, diretora Clínica do Centro Hospitalar Lisboa Norte, presidente da Comissão de Saúde da Criança e Adolescente, e integrou a Comissão para a Natalidade e a Agenda Criança.

 

“Ao longo da minha vida, tive o privilégio de me cruzar com inúmeras pessoas de várias áreas com quem aprendi sempre, pelos conselhos e pelo exemplo. Como dizia João Lobo Antunes ‘nunca somos obra acabada’.

Mas o melhor conselho foi-me dado há mais de 20 anos por uma das minhas filhas. A mais velha fazia nesse dia 18 anos e o pai e eu decidimos oferecer o cão que ela ambicionava desde pequena. Escolhemos um epagneul breton lindo, branco e dourado, com pedigree que levámos para casa nesse dia. A empregada quando viu o cachorrinho, despediu-se. Eu tinha uma apresentação científica no dia seguinte e os acetatos para “encher” num tempo sem power point nem computador (à mão, com canetas especiais e letras desenhadas), uma trabalheira para um efeito sofrível. E a famíla para o jantar dos 18 anos.

Quando a Mariana (a mais nova), chegou a casa, 4 da tarde, encontrou-me num sofrimento: o cão (esqueci-me de referir que o bicho, de mês e meio, talvez também stressado, estava com diarreia!!!), a empregada, o jantar, a apresentação… gemi eu. Resposta da minha adolescente, nos seus sábios 16 anos: “Se tivesses menos pena de ti própria, organizavas as tarefas e conseguias fazer tudo”. E saíu, com ar seguro, sem sequer se dignar oferecer-se para ajudar.

Engoli, acabei a apresentação, limpei o cão, que foi para a varanda, encomendei o jantar e recebemos a família, frescos e radiosos.

Quando penso que não vou conseguir, lembro-me do conselho e não tenho pena de mim…”

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