Foi a experiência de vida que levou Vanessa Sequeira, 39 anos, e uma cunhada a criar a Me Time, que se especializou em levar às empresas da Grande Lisboa serviços de manicure, pedicure e threading (depilação facial com linha). “Tive um filho há cinco meses e, para além da Me Time, tenho outra empresa, da qual também sou gestora”, conta-nos Vanessa Sequeira. “A minha rotina acaba por estar muito dividida entre o trabalho e a casa e não me deixa muito tempo para tratar de mim. Dei por mim a pensar que esta deve ser também a realidade da maior parte das mulheres. A semana vai-se e no fim de semana queremos aproveitar o tempo com as crianças; não apetece ir para um salão arranjar as mãos.”
Nascia então o desafio: e se as empresas ajudassem a esticar o tempo das colaboradoras e fosse a Me Time a ir até elas? “A conveniência é o mote, aqui.” O nome desta recém-criada empresa que se propõe proporcionar momentos de bem-estar para as mulheres profissionais, surgiu de uma popular expressão anglo-saxónica— “I need some me time’, ou seja, “preciso de tempo para mim”.
A Me Time surgiu da falta de tempo das duas sócias para cuidarem de si, uma questão sentida pela maioria das mulheres.
Formada em Marketing e uma empreendedora por vocação — “gosto de trabalhar por conta própria” — Vanessa trabalhou em consultoria, enquanto a cunhada, e também sócia, trabalha na área de comunicação e eventos. “Por sermos mulheres, sentimos isto de uma maneira especial: é uma resposta a algo que, enquanto profissionais, gostaríamos de ter. Estou mais encarregue da área operacional, que envolve recrutamento, acompanhamento, formação. A Filipa, pelas suas responsabilidades profissionais, não tem todo o tempo para dedicar à Me Time, mas tomou a seu cargo a comunicação e divulgação deste projeto.”
Aos comandos de outro projeto empresarial especializado em formação nas áreas comportamentais, Vanessa também se apercebeu de uma mudança de atitude, por parte das organizações, face ao bem-estar dos colaboradores, que poderia ajudar a abrir portas e mentalidades. “As empresas estão bastante disponíveis e interessadas em formação e a linha de palestras sobre temas ligados ao bem-estar e comportamento, como parentalidade positiva ou mindfulness. Os colaboradores também aderem mais a elas, porque sentem mesmo que lhes podem ser úteis.”
Executivas são o target
Os serviços da Me Time — cujos preços vão dos 7 aos 11euros para manicure, e dos 6 aos 9 para o threading — não representam encargos para as empresas. “Esta acaba também por ser uma questão de segurança profissional”, observa Vanessa. “Sabemos que a forma como a pessoa se apresenta profissionalmente é importante também para a empresa. Por isso, todos ficam a ganhar.”
A nova empresa está na fase de escutar o mercado para se ajustar às necessidades dos clientes.
O horário de almoço é o período mais procurado para marcações. “Mesmo quando a empresa autoriza marcações durante o horário de trabalho, ainda assim há algum constrangimento, por isso, tendencialmente, as pessoas optam mais pelo início da manhã, final da tarde ou durante o período de almoço.
As empresas com mais fãs deste serviço e mais flexíveis para abrirem as suas portas à Me Time pertencem sobretudo às áreas de consultoria financeira e fiscal, comunicação, eventos, publicidade, media, distribuição. “Tendencialmente, as nossas clientes são mulheres com cargos de responsabilidade, que costumam trabalhar mais do que 8 horas diárias, com idades entre os 25 e os 50 anos, que têm de fazer um equilíbrio muito grande entre a vida profissional e pessoal, porque muitas têm filhos pequenos e não lhes sobra tempo para cuidarem de si. Diria também que é uma mulher que recebe um ordenado acima da média, sofisticada, que gosta de estar bem em qualquer circunstância. Percebemos que aderem maioritariamente à manicure, talvez pela frequência que exige.”
Para já, o importante para a Me Time é estar focada no diálogo com as empresas e em alargar o leque de clientes, nesta fase de arranque. “Um dos erros mais comuns quando se empreende é partir-se com muitas ideias pré-concebidas que, até podem fazer muito sentido para nós, mas que é preciso ir gerindo à medida que vamos sentindo e conhecendo o mercado e a concorrência. É fundamental termos sonhos, mas é preciso deixá-los amadurecer para, a seguir, voltar a pensar se essas ideias fazem sentido”, alerta Vanessa Sequeira.