Lara Reis é managing director no Haitong Bank e responsável pelos departamentos de compliance das várias unidades do grupo. Anteriormente foi advogada nas áreas de mercado de capitais e finance na Clifford Chance, em Londres, e na VdA, em Lisboa. É membro do think tank Governance Lab e, em 2020, foi coautora do livro Administração e Governação de Sociedades. Concluiu em 2019 uma formação académica especializada em Governance, risk e compliance, em Oxford. Mais recentemente foi distinguida com o prémio “InspiraLAw 2020 Top 60 Women” pela Iberian Lawyer.
Em 2020, Lara Reis candidatou-se ao programa Santander Women | Emerging Leaders, distingue líderes femininas a nível internacional pela sua performance e impacto positivo nas organizações que integram, e foi uma das 125 mulheres escolhidas a nível mundial para integrar a sua primeira edição online.
O que a levou a candidatar-se ao programa?
O que me motivou foi o desejo de continuar a crescer como pessoa e profissional e o compromisso assumido comigo mesma em tudo fazer para marcar a diferença com a minha liderança no contexto profissional, não apenas diretamente na minha organização ou nas pessoas que trabalham comigo, mas mais amplamente contribuir para um impacto positivo na comunidade. Este programa oferece às participantes a possibilidade de estudar numa das mais conceituadas escolas internacionais em ciências sociais, a London School of Economics and Political Science (LSE), e a oportunidade única de integrar e interagir com uma comunidade tão diversa de mulheres inspiradoras, com carreiras brilhantes nos mais variados setores e países. Eu imaginava que a qualidade das candidaturas ao programa seria muito elevada, por isso, foi com uma enorme satisfação que soube ter sido selecionada entre um total de 4000 candidatas.
A maior lição que retirei, e que verdadeiramente me inspirou, foi a de que um verdadeiro líder encoraja e promove todos à sua volta, não se foca apenas em maximizar os seus resultados, mas procura soluções que integrem e respondam aos interesses de todos.
Que expetativas tinha do programa e o que mais a surpreendeu?
Em termos formativos eu esperava que o programa incluísse um conteúdo de grande qualidade centrado em skills específicos para melhor preparar o caminho para e na liderança, e nessa medida, as minhas expetativas foram superadas, tendo obtido os conhecimentos e a técnica necessários para abordar com confiança e certeza negociações e tantos outros desafios que seguramente encontrarei pela frente na minha carreira profissional. Adicionalmente, eu tinha sobretudo grandes expetativas quanto às outras selecionadas para este programa e antecipava que grande parte da desejada aprendizagem e enriquecimento viria seguramente da partilha de experiência e ideias com as outras candidatas.
Atendendo às limitações resultantes da pandemia, o programa realizou-se pela primeira vez em formato inteiramente digital. Talvez a maior surpresa tenha sido precisamente essa: não obstante as circunstâncias especiais em que nos encontramos, a relevância dos conteúdos e a qualidade das plataformas utilizadas asseguraram o dinamismo do programa e a interatividade entre todas as participantes. Criaram-se sem dúvida os laços que me permitirão encontrar ali uma verdadeira comunidade de suporte, sinergia e inspiração no futuro.
Que aprendizagens trouxe o programa e o que mais pensa ter mudado em si?
Ao proporcionar um espaço de reflexão, discussão e autoanálise — naturalmente enquadrado na aprendizagem de conceitos das ciências sociais, comportamentais e organizacionais — este programa permitiu o conhecimento dos nossos aspetos intrínsecos emocionais e intelectuais, da influência que podemos positivamente ter sobre os outros e da nossa permeabilidade à ação de circunstâncias externas.
A maior lição que retirei, e que verdadeiramente me inspirou, foi a de que um verdadeiro líder encoraja e promove todos à sua volta. Um verdadeiro líder não se foca apenas em maximizar os seus resultados, mas procura soluções que integrem e respondam aos interesses de todos. Um verdadeiro líder não causa seca em seu redor, faz toda a terra dar mais frutos.
Qual o impacto que esta experiência pode ter no futuro?
O futuro não se afigura nada fácil para todos aqueles que têm ambições de liderança. Vivemos um momento de grande exigência e competitividade, enquadrados por uma forte pressão regulatória e legislativa, expostos a riscos emergentes ambientais, socioeconómicos, geopolíticos ou tecnológicos, e sujeitos a uma sociedade em transformação digital e comportamental profunda. Tudo isto exacerbado pelo efeito devastador de uma pandemia que ainda não sabemos que impacto terá na forma como nos relacionamos com os outros, pessoal e profissionalmente.
Por tudo isto é importante que os futuros líderes tenham a bagagem necessária para navegar as águas turvas e turbulentas que as suas organizações encontrarão. Iniciativas como este programa, trazendo para o seio de um grupo a visão das mais variadas ciências e aprendizagens, as mais-valias de cada cultura e as experiências únicas de cada organização e percurso profissional, funcionam como pequenas incubadoras de inovação e dão ao mundo profissionais mais preparados para enfrentar de forma sustentável os desafios de hoje e de amanhã.