José Diogo Madeira: “As mulheres da minha vida”

Empresário, co-fundador e ex-diretor do Jornal de Negócios, José Diogo Madeira abandonou a vida empresarial para criar a comunidade de meditação Reflower. Acaba de lançar o seu quinto livro, "Volta a ti", onde, como diz, perde finalmente a vergonha de assumir a sua vocação espiritual.

José Diogo Madeira:. o autor dedica-se hoje a promover a prática da meditação.

José Diogo Madeira licenciou-se em Economia e foi jornalista económico durante uma década. Aos 28 anos, co-fundou e dirigiu o “Jornal de Negócios”. Em 2003, vendeu a sua participação no jornal e depois fundou e geriu uma agência de comunicação, uma start-up tecnológica e uma editora. Integrou ainda o conselho de administração da Estradas de Portugal. Foi vice-presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários e presidente da mesa da Associação do Alojamento Local em Portugal.

Quando deixou de se reconhecer na vida empresarial e no mundo dos negócios, mudou de vida espontaneamente e iniciou-se na meditação. Em 2017 co-fundou a Reflower, uma comunidade de praticantes de meditação, que tem promovido dezenas de sessões meditativas por todo o país e no estrangeiro. Projeta a abertura de um centro de meditação na ilha açoriana das Flores.

“Volta a Ti”, publicado agora pela editora Planeta, é o seu quinto livro, o primeiro em que perde finalmente a vergonha e assume plenamente a sua vocação espiritual.

 

“correndo o risco de repetir clichés, ninguém é homem sem passar pela mãe. e claro que a minha é especial, em muitos sentidos e dimensões. claro que há uma carga genética que transporta traços físicos, mas traz consigo também comportamentos e atitudes. há em mim muita coisa da minha mãe. não lhe agradeço só isso, mas especialmente a capacidade de enfrentar tempestades, ventos e marés, sempre determinada e com uma resistência estóica. a minha mãe ensinou-me a enfrentar a vida, quaisquer que sejam as circunstâncias, sem uma palavra de queixume ou recriminação alheia. tudo passa, fazer cara alegre e seguir em frente; a vida leva e traz.

depois as minhas avós, cuja evocação me devolve as ternas memórias da infância. de uma delas lembro o conselho sempre presente para que, acima de tudo, aproveitasse a vida, porque ela é curta.

também as professoras, a da escola primária e algumas do ensino secundário. há, de facto, uma ligação singular dos meninos da escola às suas professoras, numa espécie de extensão das relações maternais para dentro da sala de aula. a professora ensina, mas também cuida das suas crianças.

e a viagem continua com a mãe do meu filho, as namoradas e as amigas, cada uma delas me trouxe uma peça de um puzzle complexo que se chama amar. ou aprender a amar, porque se o adolescente ainda tacteia a arte, o adulto, mesmo que a tenha aperfeiçoado, continua às apalpadelas nesse mundo tão complexo e sempre provisório das relações amorosas. na verdade, eu preferia (com humildade) que fossem elas a lembrar-se de mim como um dos homem das suas vidas. não porque tenha sido especialmente especial ou vigoroso nas suas vidas, mas porque sintam que levei um pedaço de cada uma deles para este homem que agora sou.”

* o autor escreve deliberadamente sem recurso a letras maiúsculas porque sim.

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