Cristina Judas é engenheira de formação e é especialista em educação financeira infantil. Criou o método MöneyMap, através do qual pode aprender a guiar os seus filhos na gestão do dinheiro, melhorando a sua capacidade de tomar decisões e cultivando a responsabilidade e o planeamento, preparando-os “para gerir dinheiro, mas também para prosperar em todas as áreas da vida.” É autora do podcast Vamos falar monês.
Segundo Cristina Judas, aprender educação financeira é “preparar-se para qualquer eventualidade, transformando crises em pontes para novos começos. Que a minha história inspire outras mulheres a ver o valor inestimável do conhecimento financeiro, não só como ferramenta de gestão, mas como uma base para a resiliência e reconstrução em qualquer aspecto da vida”, afirma. “Em 2011, enfrentei a Separação. O que parecia uma vida perfeita desmoronou diante dos nossos olhos. O processo foi rápido, mas a dor foi avassaladora. Saí da casa que construímos, com apenas as minhas roupas, uma mobília de quarto e um plano de poupança reforma que tinha desde o início da minha carreira. Aos 30 anos, vi-me a começar do zero! O processo de autoconhecimento e aceitação foi lento e doloroso, mas cada desafio superado ensinou-me lições únicas sobre resiliência e autoconfiança”. Esta mudança foi aquilo que classifica como “uma aula prática de gestão financeira e independência”. “A reconstrução da minha vida aconteceu, em grande parte, de maneira ágil e consciente, graças ao conhecimento financeiro que acumulei ao longo dos anos. Ter essa base permitiu-me enfrentar o potencial abismo financeiro não como um fim, mas como o começo de uma nova fase. Esta experiência reforça o quanto o conhecimento financeiro é primordial, não só para a prosperidade, mas como um suporte vital em tempos de adversidade. A educação financeira foi a bússola que me guiou através da tempestade, permitindo-me superar, prosperar e reconstruir uma vida ainda mais rica e significativa.”
Recorda-se do seu primeiro emprego e o que fez com o primeiro salário?
Sim, lembro-me perfeitamente. Fui recrutada enquanto ainda estava a estudar, seis meses antes de concluir meu curso, para integrar o departamento de geotecnia de uma grande construtora em Portugal, a OPCA. A minha tarefa era ajudar a implementar o sistema de gestão integrada (qualidade, ambiente e segurança). O meu primeiro salário foi um estágio remunerado de 350€, o que foi simultaneamente um momento doce e amargo. Embora significasse um aumento de 50€ em relação à minha mesada, também vinha com despesas adicionais, pois passei a ter o custo das deslocações para o trabalho. Assim que terminei o estágio e passei para um contrato, fiz o meu primeiro PPR, que mantenho até hoje. Foi um período desafiante, mas inesquecível.
Como define a sua relação com o dinheiro?
Acho que a minha relação com o dinheiro é muito saudável. Desde cedo, percebi que o dinheiro é um veículo que permite melhorar a qualidade de vida e alcançar objetivos. Sempre o vi como um potencializador, nunca um limitador. Mesmo nos momentos em que não tinha o suficiente para alcançar algum objetivo, procurava formas alternativas de realização. O dinheiro é, para mim, claramente, uma consequência do que construo, conquisto ou invisto.
Qual foi o melhor conselho que já recebeu em matéria financeira?
O melhor conselho que recebi foi que a verdadeira segurança e liberdade financeiras não vêm do que nos é deixado, mas sim do conhecimento que carregamos dentro de nós. Este princípio tem guiado todas as minhas decisões financeiras e a forma como educo os meus filhos sobre o dinheiro.
Como escolhe os seus investimentos?
Depende muito dos objetivos de cada um. Mas, falando de forma geral, a minha abordagem de investimento sempre foi muito guiada por uma pirâmide de necessidades financeiras (uma espécie de adaptação da pirâmide de Maslow à vida financeira). Nesse sentido, investimentos ligados à segurança financeira (fundo de emergência e de oportunidades), priorizo a liquidez e a preservação do capital. Para a acumulação de riqueza (construção de um portfolio, complemento de reforma e liquidação de dívida) tenho uma estratégia diversificada e faço rebalanceamentos regulares, preferindo reforçar posições a vender ativos. O que não quer dizer que se os fundamentos que me fizeram entrar numa terminada posição alterarem que não venda. No que diz respeito ao patamar da liberdade financeira, o meu foco é na educação financeira dos meus filhos, para que saibam conduzir esse “carro” no dia que o passar para as suas mãos e na construção de um portfólio de investimentos para eles. Recentemente, tenho trabalhado mais no planeamento fiscal e sucessório, essencial para o último patamar de legado.
Qual foi o melhor investimento que fez até hoje?
O melhor investimento que fiz foi, sem dúvida, na formação — tanto na minha própria, em áreas como investimentos, gestão, neurociências e desenvolvimento pessoal, quanto na dos meus filhos. Investir no desenvolvimento holístico e nas competências socioemocionais dos meus filhos é, para mim, uma pedra basilar para prepará-los para futuras profissões que ainda podem nem existir. Este investimento é o que realmente tem feito a diferença ao longo dos anos.
Saiba qual o melhor investimento de outras executivas.