Maioria das mulheres do Porto tem uma fraca literacia financeira

Quase 80% das mulheres do distrito do Porto está aquém das suas ambições financeiras, revela relatório da Portuguese Women in Tech. Mais de metade tem apenas conhecimentos básicos relacionados com literacia financeira e não tem qualquer contribuição para as decisões financeiras na sua empresa.

Mulheres do Porto com fracos conhecimentos financeiros

A maioria das mulheres do distrito do Porto, 79,2%, afirma estar aquém das suas ambições financeiras, e apenas 3,2% afirma estar além delas. Esta é uma das conclusões do relatório Women & Wealth – Literacia Financeira no Feminino, promovido pela comunidade Portuguese Women in Tech (PWIT), em parceria com a Natixis em Portugal. Das 154 mulheres inquiridas, no distrito do Porto, entre os 21 e os 70 anos, mais de metade (53,9%), revelou ter apenas conhecimentos básicos sobre temas financeiros, sendo que 5,2% disse ter conhecimentos avançados, enquanto 7,1% das mulheres assumiu nem sequer os ter.

Gestão das finanças pessoais

No plano da vida pessoal e familiar, as inquiridas revelam mais poder nas decisões financeiras, 44,2% das mulheres referiram ser as principais responsáveis pelas decisões a nível financeiro no seu agregado familiar e 51,3% disse que partilha essas decisões. Ainda assim, mesmo entre aquelas que são as responsáveis pela gestão do orçamento familiar, 57,4% diz ter apenas conhecimentos básicos de literacia financeira ou não ter nenhuns.

A realidade no trabalho

Quando questionadas sobre a sua situação financeira no trabalho, a esmagadora maioria (63,6%), afirma não ter qualquer contribuição para as decisões financeiras na sua empresa e, apenas 7,2% assume a responsabilidade principal pelas decisões financeiras neste contexto. No entanto, entre as poucas mulheres que assumem responsabilidades, 72,7% reconhece que os seus conhecimentos sobre literacia financeira são básicos. De destacar, que nenhuma assumiu ter conhecimentos avançados.

A nível salarial mais de metade das inquiridas (58,5%), considera ter um salário injusto, enquanto 55,6% das mulheres que afirmam sentir-se injustiçadas e nunca tentaram renegociar o salário.

A falta de conhecimento financeiro é um grande obstáculo à possibilidade de criarem a sua própria empresa. A maioria das inquiridas (51,3%), diz já ter tido uma ideia de negócio, mas 64,3% não avançou por falta de segurança. As dificuldades financeiras (58,9%) e a falta de conhecimento (44,6%) são outros dos motivos destacados.

Para Inês Santos Silva, cofundadora da Portuguese Women in Tech, “as mulheres continuam a demonstrar pouco conhecimento a nível financeiro e, consequentemente, pouca segurança, o que se traduz em falta de determinação para avançar quando se trata de negociar o salário, apostar na carreira profissional ou criar um negócio”. Salienta ainda que os baixos níveis de literacia financeira acentuam as desigualdades, “sendo urgente apostar neste tema junto do público feminino, para que as questões que fazem com que as mulheres continuem a ter dificuldades em obter posições de poder financeiro sejam ultrapassadas e possamos observar mulheres mais independentes e autoconfiantes nestas matérias.”

Por seu lado, o diretor-geral da Natixis em Portugal, Etienne Huret, destaca que na empresa do setor bancário que lidera “queremos contribuir para mudar estas estatísticas e acreditamos que a educação financeira é um pilar essencial na construção de uma sociedade mais desenvolvida e, acima de tudo, mais justa e igualitária.”

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