Faltam 81 anos para a paridade

Este número foi adiantado hoje pela Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Teresa Morais, ao apresentar a primeira campanha nacional de promoção das mulheres nos conselhos de administração. “O argumento do lá chegaremos não pode continuar”, frisou.

A secretária de Estado Teresa Morais anuncia mais um passo pela paridade.

Encontrar o mérito entre as mulheres e os homens é o desafio feito pelo CITE (Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego) e pelo Governo de Portugal, que lançaram hoje a primeira campanha para promover a entrada de mais mulheres nos cargos de topo das empresas. A necessidade desta ação promocional parte de um número arrasador: 91% dos lugares de membros dos conselhos de administração das 17 maiores empresas cotadas em bolsa são ocupadas por homens. “Não existe razão objetiva para esta desproporção, mas sabemos que é urgente alterá-la para que homens e mulheres vejam o seu mérito reconhecido de igual modo”, alerta a campanha que brevemente estará nas televisões, na imprensa e nos mupis.

Treze empresas portuguesas comprometeram-se a aumentar a participação das mulheres nos cargos de decisão.

O compromisso de aumentar a participação das mulheres foi hoje assinado com treze empresas portuguesas do PSI 20 (entre elas, o Banif, a Galp, a EDP, o grupo Luz Saúde) e estende-se até 2018.

Estimular as empresas a equilibrar a participação de mulheres e homens nos processos de decisão é um objetivo a entrar na ordem do dia, porque há dados que causam perplexidade e legitimam o lançamento desta campanha, defende a professora universitária Sara Falcão Casaca, especialista em questões de igualdade de género e uma das oradoras nesta apresentação. E a perplexidade vem de dados como estes: em 2005, apenas 6% das mulheres constava nas listas dos conselhos de administração de empresas. Em 2010, 5% e em 2014 somente 9%. Mas 59,2% das mulheres tem uma licenciatura, 65,3% fez mestrado e 56,3% concluiu um doutoramento.

A imagem da campanha.

A imagem da campanha.

Sara Falcão Casaca indica pistas para a mudança: “como as organizações refletem a ética masculina, as suas aspirações e estilos de vida, a esperança passa por as contestar e desconstruir de forma a criar organizações mais justas. Isso é possível por imposição externa (via legislativa) e por motivação interna”.

O problema também está, explicou a secretária de estado Teresa Morais, “num universo de recrutamento extremamente apertado onde as pessoas se escolhem umas às outras. Vamos ao mérito, mas procurem-no nos homems e também nas mulheres”.

A progressão das mulheres na carreira permanece um tema difícil e a campanha de promoção quer chamar a atenção das empresas e da sociedade para isso. Porque, acrescentou o secretário de estado do emprego, Octávio de Oliveira, “a diferença salarial para o desempenho da mesma função ainda é muito desfavorável para as mulheres (menos 18%) e o reconhecimento de boas práticas é fundamental, como a medida desenvolvida pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional que apoia a contratação em que o sexo não descrimine”.

O que importa é o mérito e o valor pessoal independentemente do género, conclui-se. E já não adianta dizer “Isto vai lá com o tempo”.

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