Não é raro ouvir bons colaboradores queixarem-se da relação com as chefias. E, muitas vezes, em questões tão simples como a não valorização do talento ou a falta de reconhecimento e de recompensa pelos seus esforços. Afinal, é este capital humano de alta performance que faz as empresas prosperarem e as colocam em vantagem face à concorrência.
Quem vê, com alguma frequência, os seus melhores colaboradores saírem para outras empresas, ou para lançarem projetos próprios, pode estar a cometer erros de liderança que lhe custam muito caro. Eis alguns dos erros mais comuns que afastam os melhores colaboradores:
Não distinguir os melhores dos medianos
Esta é uma das principais razões para a desmotivação e frustração dos bons funcionários. Se está a remunerar e a avaliar da mesma forma ou a dedicar o mesmo tempo e atenção aos melhores colaboradores da sua equipa e aos medianos, está a falhar no incentivo ao desempenho de alta performance.
Motivar os mais aptos não tem de se resumir a distribuir bónus maiores aos melhores desempenhos. Pode também passar por medidas simples como estabelecer um horário mais flexível para um funcionário talentoso que trabalha muitas vezes fora de horas, em representação da empresa em eventos e jantares.
Deixe os colaboradores à vontade para darem ideias e sugestões que melhorem os resultados da empresa.
No extremo desta atitude estão os chefes que tratam todos os colaboradores como números. Rapidamente, estes se apercebem que são descartáveis e nunca se sentirão verdadeiramente comprometidos com as metas da empresa.
Não deixar que as ideias dos colaboradores cheguem até si
Se sabe que está a trabalhar com gente criativa e voluntariosa mas as sugestões e ideias não chegam com a frequência devida ou sem que tenha que fazer um ultimato, isso pode revelar que os colaboradores não se sentem à vontade para expressar opiniões, ou que não se sentem próximos da empresa. Ouça todas as ideias sem menosprezar ou ridicularizar nenhuma, e aplaudindo e adoptando as mais inovadoras e que podem tornar-se as mais eficazes.
Sentir-se ameaçada pelo talento
Pode nem ser consciente, mas muitos lideres de equipas sentem inveja do talento dos colaboradores mais competentes. Num meio laboral cada vez mais competitivo, esse sentimento é frequentemente movido pelo receio de serem substituídos no seu posto. Pode traduzir-se em atitudes como passar menos responsabilidade a esse funcionário, pedir-lhe menos a opinião ou menosprezá-la subtilmente, mostrar-se menos disponível para ele. Mais tarde ou mais cedo, aquele colaborador acima da média vai sentir-se tentado a sair da empresa ou da equipa e a chefia ficará apenas com as mentes que não o desafiam e que, por isso, não trazem inovação ao negócio.
Não se deixe influenciar pelas suas simpatias. Respeite e valorize as singularidades de cada um.
Um líder brilhará também com o talento dos seus colaboradores diretos e por isso deve expô-lo, não escondê-lo ou diminuí-lo. Quem o faz só prova que não está a pensar na empresa, mas unicamente em si.
Valorizar a simpatia acima de outras competências
Não é que exista algo de errado em cultivar boas energias e um bom ambiente de trabalho, transmitido por gente simpática. Mas uma equipa é tão mais rica quanto maior for a diversidade das aptidões de cada pessoa ou traços de personalidade. Há quem se destaque pelas suas capacidades de relacionamento interpessoal e trabalhadores com competências mais técnicas e menos dependentes de aptidões sociais, mais reservados mas ultra-eficientes. Saiba pôr as suas simpatias de lado e valorizar os colaboradores pelas suas aptidões e prestações, independentemente das capacidades de relacionamento interpessoal. Se os mais tímidos ou reservados não forem reconhecidos, dificilmente farão contactos na empresa e mais depressa se afastarão.
Culpar os colaboradores pelos seus erros de liderança
É mais fácil dizer que a equipa fez asneira do que admitir que grande parte dessa responsabilidade pode estar no líder, que deu um mau briefing ou estabeleceu metas e objetivos impossíveis de cumprir. Se estas situações se repetem com frequência com colaboradores capazes e talentosos, provavelmente os erros estão na liderança que, com alguma maturidade, saberá aproveitar a oportunidade para retirar daí valiosas lições de gestão e corrigi-los a tempo. Os bons funcionários podem sentir-se tentados a mudar o rumo da sua carreira sempre que notam que são o bode expiatório dos erros de gestão de quem os chefia.
Converse com os colaboradores regularmente para avaliar o seu grau de satisfação.
Achar que o trabalho não pode ser um sítio divertido
O escritório pode e deve ser um local onde há tempo e espaço para momentos divertidos e boa disposição. Torná-lo num local silencioso, sisudo, inflexível e tenso é contraproducente, sobretudo se pensarmos que é lá que passamos um terço dos nossos dias. Além de que os momentos divertidos ou até lúdicos podem incentivar a criatividade e melhorar a produtividade.
Não desenvolver estratégias de retenção dos melhores funcionários
É uma estratégia de alguns dos líderes com melhores noções de gestão de recursos humanos: fazer uma lista de pessoas que não querem mesmo perder e, junto aos seus nomes, enunciar as medidas que podem tomar para os manter motivados e com vontade de ‘vestir a camisola’ da empresa. Não espere que o seu melhor colaborador decida sair da empresa para ter aquela reunião ou entrevista penosa, em que lhe pergunta o que poderia ter feito para o conservar. Faça este tipo de entrevista com mais frequência: interesse-se em saber que projetos o motivam mais, que desafios e responsabilidades pode passar-lhe ou como ele sente que o seu talento e esforço poderiam ser recompensados de forma mais satisfatória.