“Este ano, os cidadãos de mais de 60 países, que representam quase metade da população mundial, vão votar, fazendo de 2024 o maior ano eleitoral que o mundo alguma vez viu. Vamos garantir que as vozes das mulheres são ouvidas.” Esta é a mensagem desafiadora de Ellen Johnson Sirleaf, antiga presidente da República da Libéria e Nobel da Paz, publicada noThe Guardian. Neste artigo de opinião, a dama-de-ferro africana, como é conhecida, afirma que, em janeiro deste ano, havia 28 mulheres a exercer funções de chefe de Estado ou de governo em 26 países e que “ao ritmo atual, seriam necessários 130 anos para alcançar a igualdade de género em cargos de liderança pública e política.” Segundo dados da ONU, apenas 15 países têm uma mulher como Chefe de Estado e 16 países têm uma mulher como Chefe de Governo.
Defensora da inclusão e participação das mulheres na construção da paz, sublinha que para tornar 2024, um ano recorde para a igualdade de género, é necessário derrubar as barreiras que impedem as mulheres de se candidatarem a cargos eleitos “e garantir que as suas vozes são ouvidas alto e bom som.” A primeira mulher chefe de Estado em África, que ousou desafiar a liderança corrupta de anteriores presidentes liberianos, sabe bem que, no caminho para o poder, a subida é íngreme, mas a chegada ao cume vale a pena, porque as mulheres trazem outra dimensão à liderança.
Recorda que, quando se candidatou pela primeira vez à presidência da Libéria, em 1997, teve de ultrapassar intimidações e ameaças, tendo sido forçada a exiliar-se. “Mas não deixei que isso me derrotasse”, diz. “Regressei à Libéria e disputei as eleições de 2005. Munida com as ferramentas necessárias para enfrentar os obstáculos, estava determinada a mostrar que as mulheres podem atingir os mais altos níveis de governação pública e, quando o fazem, abrem caminho para as que vêm a seguir.”
Aos 85 anos, está ainda mais determinada a lutar pelo direito das mulheres em alcançar cargos de liderança pública e política, reforçando que “através de uma ação coletiva, podemos criar uma mudança radical na participação das mulheres em todo o mundo”. E, para isso, “os líderes, os decisores políticos e os ativistas devem garantir que, onde quer que se realizem eleições, estas sejam equitativas, inclusivas, livres e justas. Isto inclui a repressão da compra de votos e a garantia de que as mulheres – particularmente na oposição – não sejam injustamente impedidas de fazer campanha.” Defende o combate a todas as formas de assédio e violência com base no género, afirmando que “não deve haver lugar para a política do homem forte.”
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