Mesmo os visionários têm de saber esperar pelo momento certo para ter sucesso. A ideia da DefinedCrowd nasceu no virar do milénio, em Portugal, mas nessa altura Daniela Braga percebeu que ainda não era chegado o momento, e esperou para a lançar em 2015… nos Estados Unidos. Em Portugal, a palavra empreendedorismo entrou na moda há algum tempo, mas os investidores continuam muito cautelosos. Na opinião de Daniela, exigem muitas garantias em troca de pouco dinheiro, por isso foi mais fácil criar o negócio nos Estados Unidos, apesar de hoje contar com o investimento da Portugal Ventures.
A área de negócio da DefinedCrowd é o processamento de voz e de linguagem natural aplicado à Inteligência Artificial, numa altura em que esta já deixou de ser ficção científica. Traduzindo por miúdos, o que a sua empresa faz é pôr as máquinas a falar connosco, quer sejam os GPS dos automóveis, umas colunas de som ou o telemóvel. Com apenas três anos, a DefinedCrowd já conta, entre os seus clientes, com nomes de peso como BMW, EDP ou José de Mello Saúde.
Curiosamente, o percurso profissional de Daniela Braga começou por ser muito mais banal do que aquilo em que se veio a tornar. Após a licenciatura em Línguas e Literatura Modernas e o mestrado em Linguística Aplicada, ambos realizados em Portugal, fez investigação na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e deu aulas na Universidade da Corunha durante dois anos, até que entrou para a Microsoft e a sua vida começou a ganhar outro sentido.
Em sete anos, trabalhou em Portugal, China e Estados Unidos, e foi neste país que trocou a Microsoft por uma empresa de soluções de voz para a indústria automóvel, a VoiceBox Technologies, começando então a trabalhar, cada vez mais de perto,
com a área em que quer tornar-se uma referência mundial.
Chegou a uma fase em que percebeu que podia mudar a sua vida, ajudando a mudar a dos outros, e começou a preparar a DefinedCrowd, que deve chegar este ano aos cem colaboradores e já abriu quatro escritórios: a sede em Seattle, Estados Unidos, a Investigação e Desenvolvimento em Lisboa e Porto, e um escritório em Tóquio, no Japão. Tudo isto só foi possível graças ao talento e persistência de Daniela Braga, qualidades que convenceram os investidores a apostarem na sua ideia e aplicarem alguns milhões de dólares para a fazer crescer. Em Agosto de 2018, levantou quase 12 milhões em capital.
Leia a entrevista completa de Daniela Braga, e de mais nove empreendedoras, no livro O Sucesso Não Cai do Céu, de Isabel Canha e Maria Serina. Compre-o aqui.