Chitra Stern nasceu em Singapura, é a mais velha de seis irmãos, numa família ligada à produção de bens alimentares. Aos 18 anos mudou-se para Londres, para estudar Engenharia Electrónica no University College London. Acabou por se formar também como Revisora Oficial de Contas e estreou-se na PricewaterhouseCoopers onde, em 1998, conheceu o marido, o suíço Roman Stern, consultor de gestão. Antes da viragem do milénio, saíram ambos da empresa com o objetivo de fazer um MBA na London Business School a tempo inteiro, ao mesmo tempo que Roman Stern coordenava um negócio familiar ligado à hotelaria na Irlanda e outro de imobiliário na Suíça. Durante o MBA procuraram vários modelos de negócio para investir e foi assim que chegaram a Portugal — começaram por um hotel em Sagres, mas já há muito que chegaram a Lisboa. Hoje têm um grupo hoteleiro – com 4 hotéis e resorts e mais de 600 colaboradores em Portugal —, e abriram, em 2020, uma escola internacional, na zona do Parque das Nações, que recebe crianças dos 3 anos ao 12.º ano.
Qual o conselho que daria a quem se prepara para se tornar empreendedor?
Que devem ter paciência. Nada acontece da maneira exata como planeamos — eu sou o exemplo disso. As pessoas dizem “tenho esta ideia de negócio fantástica”. Mas é só disso mesmo que se trata: uma ideia. Até que se torne realidade há muitos obstáculos que vão ter de ultrapassar.
Diria também que é preciso conhecer muito bem o nosso cliente. Mesmo que uma ideia pareça muito bem no papel, é preciso fazer um inquérito para saber quem é a pessoa que está a comprar o seu produto e porque o compram.
Não subestimem a vertente financeira. Uma das minhas grandes vantagens foi a escola que tive na Pricewaterhouse, onde me tornei revisora oficial de contas. Como fico feliz hoje por ter feito isso, ensinou-me tanto! Para além de aprender a lidar com companhias blue chip, clientes corporativos, trabalho de equipa e a trabalhar numa empresa internacional, o que é ótimo: ganhar experiência em declarações financeiras e declarações de fluxo de caixa, fazer planos de negócio em conjunto, é muito importante. Se não tem essas competências, trate de adquiri-las rapidamente, porque pode ditar o sucesso ou a ruína do seu negócio. Ficar sem liquidez é a principal causa por que os negócios não resultam, mais do que a falta de uma boa ideia ou não ter o melhor produto em mãos.
E a importância do longo prazo. Acho que há muito a ideia da gratificação imediata. Todas as gerações têm os seus prós e contras e a nossa não foi a melhor de todas, mas uma das coisas que aconselharia às gerações mais jovens é não esperarem por gratificação imediata. Trata-se de planear a longo prazo, para si e para a sua empresa. E estar ainda mais bem preparado para isso agora, devido ao desafio que enfrentamos atualmente, porque as coisas vão ser muito diferentes daqui para a frente. O trabalho árduo, a resiliência e a persistência vão ajudá-lo. Mantenha-se otimista, mas esteja sempre alerta.
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