“No meu tempo é que era”: um olhar pela geração Z

É muito comum assistirmos à crítica entre gerações sobre o que se perdeu, seja nos bons hábitos, no nível de conhecimento, sabedoria ou na forma de viver ou estar. Foi assim dos nossos avós para os nossos pais, destes para connosco e será assim para as gerações descendentes.  Simplesmente porque o referencial do normal é o período em que vivemos e todos os termos de comparação se confrontam  com essa norma.

Façamos então uma breve incursão à Geração Z, isto é, aquela que nasceu no final do século passado até 2012, que representa cerca de 20 a 25% da população mundial e para o qual o smartphone sempre fez parte integrante do seu dia-a-dia.  Hoje, a Geração Z trabalha e está perto de ultrapassar o número de pessoas empregadas dos Baby Boomers (nascidos entre 1945 e 1964), pela razão evidente de que as suas carreiras profissionais estão numa fase descendente. Isto significa que os governos, as economias e, por consequência, as empresas, as marcas e o marketing necessitam compreender, cada vez melhor, o comportamento destes consumidores e a maneira como entendem e avaliam tudo o que os rodeia.

Este grupo valoriza, como nenhum outro, os temas relacionados com a sustentabilidade, ação climática ou responsabilidade social. Vários estudos aplicados em áreas de negócio do grande consumo (ex. alimentar, pronto-a-vestir ou cosmética) comprovam que estes consumidores preferem, acima de tudo, produtos sustentáveis. A única coisa que os impede de os comprar prende-se com a questão económica, uma vez que na sua grande maioria, são mais caros que os alternativos.

Em primeiro lugar, é errado criar um estereótipo da Geração Zoomer. Como acontece em todas as faixas etárias não há um padrão único e distintivo que permita tecer conclusões absolutas sobre os perfis de consumo. A necessidade de identificar subgrupos de personas, recorrendo a algoritmos assentes nos benefícios ou emoções é um requisito obrigatório para segmentar eficazmente qualquer mercado.

Ainda assim, pode afirmar-se que este grupo valoriza, como nenhum outro, os temas relacionados com a sustentabilidade, ação climática ou responsabilidade social. Vários estudos aplicados em áreas de negócio do grande consumo (ex. alimentar, pronto-a-vestir ou cosmética) comprovam que estes consumidores preferem, acima de tudo, produtos sustentáveis. A única coisa que os impede de os comprar prende-se com a questão económica, uma vez que na sua grande maioria, são mais caros que os alternativos.

Um livro de 2024 escrito por Jonathan Haidt, intitulado The Anxious Generation, espoletou análises diversas e bastante controvérsia, ao revelar um denominador comum transversal a toda a Geração Z: a ansiedade. De fazer rápido, de alcançar rápido e de ter sucesso e felicidade num curto espaço de tempo.  Diz o autor que se trata de uma geração com mais dificuldade em manter relações profundas de longo prazo, estimando-se que o tempo máximo de socialização diária não ultrapassa os 40 minutos, número muito inferior ao registado por gerações anteriores. Naturalmente, a crescente dependência dos smartphones e das redes sociais é uma das razões que explica esse registo. Como todos sabemos, esta suposta falta de contacto com o mundo físico tem provocado discussões profundas em matérias relacionadas com a educação, sobretudo nas fases escolares mais precoces.

Curiosamente, os dados estatísticos conhecidos e mais recentes revelam haver bons indícios no que diz respeito ao mercado de trabalho, uma vez que a Geração Z parece estar a ser melhor sucedida do que os Millennials (Y), quando tinham a mesma idade. Marcados pela “crise do sub prime” e consequente declínio de muitas economias, estes sentiram dificuldades acrescidas de oportunidades de trabalho, onde o facto de se ser mais novo era sinónimo de desvalorização salarial. Em função deste contexto, um Millennial considerava um privilégio encontrar um posto de trabalho, enquanto que um Zoomer o encara como um direito, em condições dignas, que deve ser devidamente equilibrado com a vida pessoal.

Os dados também evidenciam outra característica interessante junto da Geração Z: a sua menor propensão para o empreendedorismo e inovação.

A realidade é que assistimos hoje ao despoletar da inteligência artificial, capaz de criar disrupções em todos os setores de atividade. É muito provável que seja a Geração Z a aproveitar melhor esta realidade e, com isso, encarar o futuro com um sorriso, que congrega o sonho de conseguir fazer tudo aquilo que deseja e ter tempo para o fazer. Será a geração que mais irá valorizar o conhecido ditado “tempo é dinheiro”!

Entretanto, começa a ganhar terreno a Geração Alpha, que nasceu a partir de 2010. Os mesmos que serão alvo de crítica da Geração Z, que dirá: “no meu tempo é que era”.

 

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Publicado a 22 Maio 2024

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