Fake News? No, News!

Nesta altura do ano, os miúdos perguntam se sempre é verdade que o Pai Natal existe. E as respostas são diversas: existe uma espécie de prós e contras relativamente ao tema e os miúdos ficam na mesma.

Vivemos numa era da pós-verdade! Há boatos que propositadamente se deixam fluir, que geram notícia, opiniões, comentários racionais e emocionais, e que mais tarde se confirmam ou desmentem.

É importante que se confirmem por causa da credibilidade da fonte? Deveria ser assim, mas parece ser irrelevante. Uma outra notícia acentuará a primeira se aquela for verdade e a outra dará lugar se for mentira. Com isto, à volta da mesma história criaram-se duas notícias e pode não ter acontecido nada.

Na vida social, este mundo de desinformação ajudar a perseguir políticos, elevar a estrelas jogadores de futebol medíocres ou descortinar o detalhe da vida mais íntima de qualquer figura da TV. A audiência aplaude, critica, partilha, zanga-se e brinca, como se fizesse parte do rol de amigos ou inimigos dos visados, mas está lá. E cada vez estão mais! Ora, independentemente de qual seja a atitude face à notícia, isto é um voto SIM para que a festa continue. E continua!

No mundo das marcas e das empresas o tema ganha outros contornos.

Veja-se o que tem acontecido recentemente com o Facebook, com o fecho da Cambridge Analytica  ou com as declarações do CEO da Tesla, só para citar alguns exemplos conhecidos.

Como se reconheceu recentemente em Davos, no Fórum Económico Mundial, nunca foi tão fácil deturpar os factos através das fake news, colocando em causa a democracia do mundo digital e os seus efeitos perversos na vida das empresas e marcas.

Os consumidores querem marcas cada vez mais transparentes, customizadas e únicas. Ora, a gestão das marcas neste novo contexto obriga a uma adaptação constante a todas as interferências e ruído que o eco possa gerar.  É verdade que 50% dos consumidores têm aversão à publicidade personalizada. Mas 1/3 dos que apreciam, confessam ser cada vez mais clientes dessas marcas.

Facebook or Fakebook? Twitter or Twister?

Nas redes sociais, qualquer um tem voz. Mas não só! Por exemplo, 2/3 dos norte-americanos consultam o Facebook, Twitter ou Snapchat para se colocarem a par das notícias. Porque é lá que está a “verdade”.

E não nos esqueçamos que o Facebook detém o Messenger, Instagram e WhatsApp, com a grande maioria dos seus utilizadores activos a colocar os seus posts em plataformas cruzadas. Contudo, não se trata de uma questão norte-americana. A título de exemplo, o WhatsApp conhece taxas de crescimento nunca vistas em países como a Índia, Brasil ou Quénia.

E como serão os próximos episódios desta novela? Muito piores!

Quando passarmos do texto à imagem e ao som, tudo se vai tornar mais perigoso e viral. Um exemplo recente remete-nos para umjogador da NFL que é visto a queimar a bandeira norte-americana, pouco depois de Donald Trump ter aberto guerra à liga de futebol americano, referindo que os seus atletas tinham faltado ao respeito ao país. Como se deve calcular, a reacção foi a pior. Mas havia um pequeno problema com a foto: era falsa!

E quando se passar do vídeo e do som para o cérebro? É que hoje já se conseguem escrever 2.000 palavras por segundo através da inteligência artificial. Logo, tudo passa a ser notícia. O que existe e o que nunca existiu.

Por outro lado, no marketing, a análise preditiva sobre o comportamento dos consumidores na sua reacção a determinados estímulos (verbais ou visuais) é cada vez mais apurada, como é o caso da Mood Graphs da IBM.

Talvez fiquemos a conhecer brevemente a resposta à pergunta inicial, o que em muito reduziria a ansiedade das crianças. O Pai Natal existe?

Publicado a 24 Dezembro 2018

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