Apple 3T

Trata-se de um marco histórico. E não é a primeira, nem segunda, nem será a última vez que isso acontece.  Depois de ter sido a primeira empresa a atingir a valorização de mercado de 1 bilião de dólares em 2018 e 2 biliões em 2020, a Apple conseguiu ultrapassar a fasquia dos 3 biliões (trillion) de dólares no final do primeiro semestre de 2023, atingindo um recorde de valorização invejável. Na realidade, o crescimento da valorização da Apple, sob a liderança de Tim Cook, superou o crescimento conjunto da Alphabet e da Amazon, outros gigantes da tecnologia e do digital.

Aquando da saída do mítico Steve Jobs, em 2011, muitos vaticinaram que toda a alma da empresa estava muito dependente de um dos seus fundadores e que, por isso, se adivinhavam tempos difíceis perante uma nova gestão, sem o cunho carismático do antecessor.

Nada de mais errado. O percurso da empresa, desde então, não tem parado de crescer e surpreender. Basta pensarmos que o valor da marca Apple, em 2011, atingia os 33 mil milhões de dólares e que, em 2022, superou os 482 mil milhões de dólares, quase 15 vezes mais, reforçando a sua posição de número um mundial, em termos de valor de marca. Desde o início de 2023, a sua cotação bolsista valorizou 48%!

Não tendo a chama de Steve Jobs, mas sem a excentricidade de muitos líderes de hoje do mundo digital, Tim Cooks fez da Apple um verdadeiro exemplo de sucesso através de uma liderança sóbria, focada em clientes e resultados, superando em valor de mercado o seu rival de sempre, Microsoft, em cerca de 500 mil milhões de dólares.

Sendo, provavelmente, o exemplo de ecossistema digital mais antigo que a maioria das pessoas conhece, a Apple foi construindo um portfólio de soluções, numa combinação de valências irresistíveis (iMac, Iphone, Ipod, Ipad, iTunes, etc…), e posteriormente Apple Watch e Apple TV, que tem garantido taxas de fidelização superiores a 90%, registo de que muito poucas empresas se podem gabar.

Esperam-se agora os resultados decorrentes da introdução dos óculos de realidade aumentada, Vision Pro, que do ponto de vista tecnológico representam um avanço qualitativo louvável, mas que devem saber ler como o mercado foi recusando, ano após ano, os Google Glasses, lançados em 2013 e descontinuados 10 anos depois, após um investimento acumulado de 900 milhões de dólares.

É que esta lógica de ecossistema apenas funciona na precisa medida em que são os clientes que reconhecem haver vantagem em usufruir de um conjunto alargado de soluções, ao mesmo tempo que representa um incentivo para os parceiros que fazem parte do ecossistema, uma vez que se veem na contingência de se atualizarem e inovarem constantemente, afirmando-se como entidades capazes e diferenciadoras.

Tudo se resume a tentar aumentar e melhorar de forma constante a experiência dos clientes, ao menor custo, por força da eliminação de intermediários.

Todavia, não se trata de adicionar apenas tecnologia. Trata-se de garantir e valorizar que a marca representa a solução mais completa de que qualquer cliente pode desfrutar. E quem decide é o cliente!

Publicado a 24 Julho 2023

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