Ana Rita Monteiro: “O The Lisbon MBA abriu uma porta para possibilidades que achava inalcançáveis”

Ana Rita Monteiro demorou algum tempo a definir o propósito de vida que a acompanhava desde que se formou em Psicologia Organizacional. Essa descoberta foi feita no final do The Lisbon MBA Católica|Nova e sustentabilidade é o seu nome. Hoje é a responsável de integração estratégica de ESG na Amazon.

Rita Monteiro é responsável de integração estratégica de ESG na Amazon.

Ana Rita Monteiro é atualmente responsável pela integração estratégica de métricas de responsabilidade social e ambiental na Amazon, alinhada com a  regulamentação a respeito na Europa e Estados Unidos, mas até chegar a esta posição, que exerce a partir do Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, o seu percurso tem sido rico e diversificado. A sua veia aventureira e empreendedora revelou-se assim que se formou em Psicologia Organizacional na Universidade Lusófona, em 2010, e viajou para Cabo Verde onde trabalhou como consultora de Recursos Humanos e Recrutamento, ao mesmo tempo que criou uma escola de mergulho.  Seguiram-se as Filipinas e a Tailândia, mas quase seis anos depois de ter partido à descoberta do mundo, voltou a Portugal para aprender ferramentas que lhe permitissem mudar de rumo profissional. Escolheu o The Lisbon MBA Católica|Nova para essa missão e foi a partir daí que se abriram novos horizontes, como as portas da Amazon, onde está desde 2017. Começou por aceitar uma função que nunca tinha sequer considerado, a de gestão de Operações de Armazém no Reino Unido e França, em 2019 chegou a head of Sustainability no Japão, em 2021 ascendeu a global head of Net Zero Carbon Program no Dubai e, desde o final de abril, Ana Rita Monteiro é responsável de integração estratégica de ESG (Environmental, Social and Governance) na Amazon.

Conheça o fio condutor da sua carreira, o que a leva a abraçar desafios improváveis e o papel que o The Lisbon MBA Católica|Nova teve na descoberta do seu propósito de vida.

 

Trace-nos brevemente a sua carreira desde que se formou em Psicologia Organizacional até chegar à Amazon.

Enquanto fazia o meu mestrado em Psicologia Organizacional, a vontade de experimentar “viver lá fora” foi crescendo e agarrei, em 2010, a primeira oportunidade que tive para sair de Portugal, mesmo não tendo ainda um emprego específico confirmado. Estive dois anos e meio em Cabo Verde a trabalhar como consultora de Recursos Humanos e Recrutamento na Multipessoal, ao mesmo tempo que abri uma escola de mergulho. Em 2013 fui para o Sudeste Asiático onde continuei a trabalhar na gestão de escolas e resorts de mergulho. Contudo, sentia que podia fazer mais e que, de alguma forma, este percurso não refletia a carreira que queria construir e a mudança que queria liderar.

Voltei a Portugal, fiz o The Lisbon MBA Católica|Nova com a esperança de aprender novas ferramentas para mudar o meu rumo profissional. No final do MBA, a Amazon fez um evento de recrutamento na Universidade e, apesar dos preconceitos que eu tinha em relação às minhas escolhas profissionais anteriores, por considerar que não eram o “standard”, candidatei-me e juntamente com outros cinco colegas, fui recrutada. Comecei o meu percurso como pathways operations manager, um programa de desenvolvimento de liderança em operações que a Amazon tem para profissionais que estejam a finalizar mestrado ou percursos militares.

Tem uma carreira muito diversificada, quer em termos de áreas em que trabalhou, quer em termos de países. Quais as mais-valias que retira dessa diversidade? 

Penso que ainda existe uma expectativa de que carreiras tradicionais especializadas são receita para o sucesso.  Eu própria acreditei nessa ideia e, ingenuamente, associei sucesso a impacto. Contudo, aprendi que variedade é um ingrediente fundamental à resiliência e à inovação que, a meu ver, são componentes essenciais para construir uma carreira de impacto. Viver em países tão distintos como o Japão, Filipinas ou Cabo Verde, experienciar o percurso do empreendedorismo ou trabalhar numa grande empresa como a Amazon proporciona uma confrontação profunda com os nossos valores e zona de conforto.

Em todas as experiências procurei sempre confrontar os meus valores e alargar a minha perspetiva. Mantive uma direção, ainda que com objetivos concretos ambíguos, em querer fazer o melhor pelas pessoas e pelo planeta, e isso guiou muito as decisões que fui tomando, ainda que a ligação entre essas decisões e essa missão não fosse óbvia para quem olha de fora. Procurei integrar todas as aprendizagens como ferramentas de resiliência, resolução de problemas, comunicação com pessoas e mudança, as quais aplico e continuo a desenvolver diariamente no meu trabalho. Descobri que foi esta diversidade, conhecimento e capacidade de adaptação que levou a Amazon a confiar em mim numa posição de liderança em Operações ou de transformação organizacional, como é a de sustentabilidade (um objetivo que partilhei com os meus chefes, ainda que sem um percurso definido, desde o primeiro dia).

O que a tem levado a empreender por conta própria e o que de mais importante aprendeu com essas experiências?

Seja num projeto pessoal ou numa empresa, procuro sempre aplicar um espírito empreendedor no que faço. Empreendedorismo tem um sentido maior de responsabilidade, de superação e de capacidade de navegar em águas e territórios desconhecidos. O sentimento associado a criar algo de raiz é viciante, enriquecedor e empoderador. Aprendi essencialmente a resolver problemas com poucos recursos, a ser uma “MacGyver” e partir para a ação.

Porque decidiu fazer o MBA e porque escolheu o The Lisbon MBA Católica|Nova? 

Queria ter mais impacto com a minha vida. Tenho sempre um pouco a crença quase ingénua que posso deixar as coisas melhor do que as encontrei. Necessitava de melhores ferramentas de gestão para ganhar confiança e expandir a minha capacidade de execução e impacto, por isso decidi tirar um ano para me dedicar inteiramente a isso. Escolhi o The Lisbon MBA Católica|Nova por ser internacional e ter uma experiência no MIT, por ter uma boa reputação e por ser em Portugal, o que ajudava com os custos. Também fiquei positivamente surpreendida por ter uma vertente de investimento de impacto, algo que aliado à minha vontade empreendedora e de querer fazer melhor, foi a cereja no topo do bolo para mim.

 

O poder transformador do The Lisbon MBA Católica|Nova

 

Para muitas mulheres a falta de tempo é o maior obstáculo para fazer um MBA. Como é que ultrapassou esse desafio? 

Talvez não seja a melhor pessoa para exemplificar a superação de diferentes componentes da vida em prole da realização de um MBA. Não tenho filhos nem compromissos familiares significativos, apesar de acreditar que a falta de tempo e resposta a diferentes compromissos na vida não é uma função que se aplica exclusivamente a mulheres. Tive colegas que geriam o tempo e investimento do MBA com novos bebés ou crianças a caminho, e tenho imensa admiração por estas mães e pais. O sacrifício que tive de fazer não foi comparável. Contudo, tomar a decisão de fazer um MBA a tempo inteiro é um esforço considerável, no sentido da incerteza no futuro, no investimento feito tanto em tempo como monetário, e sacrifícios pessoais. É um risco calculado e é preciso ir com uma mente aberta e com vontade de pôr o esforço necessário não só na execução do MBA, mas também na procura de networking e de novas perspetivas de carreira.

Como é que o MBA contribuiu para definir e implementar o seu propósito e atingir os seus objetivos profissionais?

Fazer o The Lisbon MBA Católica|Nova foi profundamente transformador. Abriu uma porta para possibilidades que apenas sonhava em poder concretizar e que achava inalcançáveis. Serviu não só para ganhar confiança e perceber melhor os meus limites, capacidades e oportunidades de desenvolvimento, mas também para conhecer colegas cuja amizade e diversidade foram e continuam a ser fonte de inspiração. Em relação ao meu propósito, esse continua em transformação e sem definição precisa, apesar de estar de alguma forma alinhado com os meus valores. Quero sempre fazer mais e melhor.

Qual a missão que tem atualmente na Amazon e quais os principais desafios que ela lhe coloca? 

Atualmente, a minha função é uma extensão para ESG do que fiz na equipa de Net Zero Carbon. Em Net Zero, tive a função de medir e aconselhar na transformação interna necessária a todas as unidades de negócio e regiões da Amazon em relação ao nosso compromisso “The Climate Pledge”, de ser uma empresa Net Zero Carbon até 2040, dez anos antes do Acordo de Paris. Foco-me essencialmente na mudança organizacional, processual e de investimentos feita na transformação física do negócio. Sou também responsável por medir os custos associados a esta transformação, integrando inputs de especialistas, de políticas públicas e da ciência, de forma a informar e aconselhar a equipa de liderança nas decisões necessárias a curto e longo prazo.

Os desafios estão associados à complexidade do negócio. A Amazon tem logística global, dispositivos, produção de marcas próprias, cloud services, lojas físicas e satélites. Esta rede de negócios distintos e interligados apresenta contextos regionais complexos e diferentes níveis de acesso a tecnologia externa, a qual, em muitos casos, não está ainda no nível de maturidade necessário para escalar (ex: transporte marítimo, aviação, transporte de longo curso). É uma transformação profunda com novos desafios diários, os quais as pessoas mais inteligentes que conheço trabalham diariamente para resolver.

Que conselho deixa a uma jovem executiva? 

Desafiem o status quo e não tenham medo de mudar de opinião e direção ao longo do percurso académico e profissional. As profissões estão em transformação constante e a capacidade de adaptação e mudança são essenciais. Muitas das aprendizagens realizadas num contexto são transversais a outros. A riqueza desta transversalidade de skills permite uma constante ligação de novos conceitos e soluções. Quando se sentirem muito confortáveis numa posição, desafiem essa zona de conforto e não tenham medo de caminhar num percurso desconhecido. O mito da experiência de “x” anos numa determinada área não deve ser medido por tempo ou por “tick all the boxes”, mas pela capacidade de adaptação e pelos resultados alcançados. Arrisquem mais. A única constante é a mudança e a mudança gera conhecimento, crescimento, propósito e transformação.

 

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