Ainda falta muito para que os conselhos de administração das empresas deixem de ter um sexo dominante, mas segundo o estudo “Gender Equality in the Executive Ranks: A Paradox — The Journey to 2030”, da Weber Shandwick e conduzido pela Economist Intelligence Unit (EIU), as mudanças conseguidas devem-se, em grande parte, à pressão dos media. Eles são a fonte básica de energia que alerta e traz para a ordem do dia o facto de as mulheres ainda terem um longo caminho a percorrer no que toca a ascenderem a cargos de gestão de topo.
O estudo contou com a participação de 327 executivos séniores (C-level executives, aqueles que começam normalmente por C, como Chief Executive Officer ou Chief Operating Officer) presentes em 55 mercados mundiais. Quase três quartos (73%) acreditam que a igualdade de género em cargos C-level será alcançada em 2030, porém, cerca de 56% referem que as suas empresas não têm essa meta definida nos seus objetivos e apenas 39% menciona a paridade de género nos cargos de topo como uma das principais prioridades (é classificada como a sétima prioridade, num total de 10).
Apenas 12,5% dos cargos de liderança das empresas do ranking Fortune Global 100 são ocupados por mulheres.
Como suplemento ao estudo principal, a Weber Shandwick criou o GFP 2015 Index, que conclui que, nas 100 empresas do ranking Fortune Global 100, apenas 12,5% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. Segundo a Weber Shandwick, os media têm tido um papel primordial por garantirem que a discussão e as decisões das empresas em prol da paridade de género continuem a ser temas “quentes”. Mais de dois terços (68%) dos executivos inquiridos referem que se aperceberam do aumento da atenção pública prestada ao assunto nos últimos anos. A maioria dos inquiridos (71% homens e 60% mulheres) atribuem este aumento a uma maior cobertura dos media. Para os executivos, esta é a principal razão pela qual a paridade de género se tornou um assunto tão importante; para as executivas, esta é a segunda razão principal (o primeiro lugar é ocupado pela influência crescente das mulheres).
Os artigos sobre mulheres CEO cresceram a uma média de 5 mil novos artigos por ano entre 2010 e 2014.
Há cada vez mais notícias sobre mulheres
Segundo a Harvard Business Review, num artigo da autoria de Leslie Gaines-Ross, Chief Reputation Strategist da Weber Shandwick, ao longo dos últimos anos tem havido um forte crescimento no número de notícias acerca de mulheres CEO. Em 2010, a Factiva, uma plataforma de notícias e informação da Dow Jones, contabilizou cerca de 10 486 notícias sobre mulheres CEO nos principais media em língua inglesa em todo o mundo. A Weber Shandwick deu continuidade à contagem a apurou cerca de cinco mil artigos por ano, nos anos subsequentes, até 2014, alcançando um total de 37 432.
Leslie Gaines-Ross afirma que “não há razão que leve a crer que este escrutínio dos media arrefeça em breve. De acordo com o nosso estudo, os Millennials (pessoas nascidas entre 1981 e 1996) não só se sentem confortáveis com a paridade de género, como a consideram expectável”. Segundo o mesmo estudo, 84% dos Millennials antecipam uma representação igualitária de género no ano 2030, em comparação com 74% dos inquiridos da Geração X (nascidos entre os anos 60 e início dos anos 80) e 66% dos Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964). A representatividade dos Millennials no C-level está a aumentar e a sua literacia no que concerne meios de comunicação social não só aumentará a sua influência em todo o tipo de media, mas também a sua influência nas políticas corporativas.