Margarida Costa é Head of Marketing na Monday
Quando abri o Google para iniciar a minha pesquisa para este artigo, reparei que fazia menção a uma médica de Elvas, celebrando de uma só vez uma mulher na ciência e uma portuguesa na História. O que reforçou a minha inspiração para este artigo, sobre o papel da mulher no universo do trabalho.
“Não nos podemos dar ao luxo de errar”, Júlia Pinheiro em Women Empowerment Talk by Executiva.
Numa frase a jornalista portuguesa resumiu tudo. Quando somos mulheres, todos e todas olham para nós à espera que façamos algo mal só porque “é mulher”, apenas porque foi o papel social que nos atribuíram. Mas como é que essa atribuição aconteceu? Para compreender essa evolução é necessário olharmos sobre alguns dos acontecimentos históricos que moldaram o nosso papel na sociedade e o no universo do trabalho.
A História
Tendo em conta a recente entrada da mulher no mercado de trabalho — exacto, recente no âmbito da História; a crescente relevância de mulheres em cargos de gestão e liderança é, na minha opinião, uma evolução natural.
Contudo, é importante compreendermos as alterações sócio-económicas que conduziram às mudanças, nomeadamente durante a Revolução Industrial, que alterou o panorama laboral para ambos os géneros.
Tanto homens como mulheres (e até crianças) trabalhavam por turnos nas fábricas que operavam 24/7. Foram precisas manifestações para exigir melhores condições e mais proteção, nomeadamente para mulheres e menores. A partir desse momento, foram reunidas condições para as mulheres se dedicarem mais ao trabalho doméstico e à família.
A inovação muniu a humanidade de ferramentas e novas necessidades laborais emergiram, o que foi crítico para a mudança no papel da mulher.
- O crescimento da educação pública, que aumentou a procura por professores;
- Também o crescimento industrial promoveu um aumento nas ofertas de trabalho para papéis comerciais e administrativos.
- O impacto que a II Guerra Mundial teve, porque na ausência dos homens que iam para o campo de batalha, o papel de providenciar recaiu sobre as mulheres.
Com a entrada cada vez mais participativa da mulher no mercado de trabalho, novas problemáticas emergiram, com as quais actualmente ainda lidamos: desigualdade de género, diferença nos salários e nas ofertas de carreira, entre outros.
Claro que entrando num meio histórico e socialmente dominado por homens a presença de mulheres a competir pelas mesmas oportunidades, causaria desconforto. Mas novamente, esta é a ordem natural da evolução e como veremos a seguir existiram vários casos de sucesso ao longo da História contemporânea.
O sucesso
Foram essas diferenças que fizeram as mulheres terem que lutar desde cedo por um lugar que a sociedade entendeu que não lhes pertencia. Várias batalhas foram ganhas com uma arma secreta do universo feminino: a resiliência.
Resilientes e munidas de ambição estes casos históricos de sucesso não aceitaram o não da sociedade como resposta e, como Adelaide Cabete, estão hoje na História:
- Madam C.J. Walker – 1890 — a primeira milionária nos EUA, detentora de uma linha de cosméticos e produtos para cabelos negros. Recomendo a série da Netflix inspirada nesta mulher “Self Made: Inspired by the Life of Madam C.J. Walker”
- Coco Chanel – 1913 — estilista francesa procurou investimento na sua arte para abrir a sua primeira boutique e se estabelecer como referência no sector, até aos dias de hoje.
- Katherine Johnson, Mary Jackson e Dorothy Vaughan – 1960 — não só uma mulher, mas três académicas recrutadas pela NASA para o projecto Apollo 11. Outra recomendação que vos deixo sobre estas calculadoras humanas é o filme “Hidden Figures”
Estes são só alguns exemplos de resiliência que nos servem de inspiração, em conjunto com os crescentes índices de liderança feminina. No relatório da Cision apresentado sobre 2022 verificou-se que quase 9% das empresas Fortune 500 têm liderança feminina.
Mas afinal, “o que querem as mulheres?”
Talvez hoje, 23 anos depois, a comédia romântica com Mel Gibson seja politicamente incorreta, mas acertou numa coisa: é só preciso estar atento e escutar. A dificuldade talvez seja em conseguir focar com tantas vozes ao mesmo tempo. Assim, hoje as organizações enfrentam o desafio da diversidade, tendo de promover oportunidades para ambos os géneros, assim como um ambiente inclusivo para acomodar a mudança e o crescimento.
Num estudo de 2017, concluiu-se que as mulheres procuravam mais flexibilidade no trabalho, oportunidades reais de alcançar papéis de liderança, mais satisfação e propósito nas suas tarefas.
Para alcançar estas condições e atrair mais talento feminino qualificado, promovendo um ambiente de trabalho positivo, estes são alguns dos aspetos-chave que as organizações devem considerar.
- Beneficiar de um workplace tolerante e inclusivo — é essencial sentirmo-nos tranquilas e aceites no nosso local de trabalho, o que se traduz em melhores resultados de dedicação, entrega e performance das equipas.
- Dar o exemplo através da liderança — o exemplo deve vir de cima, quando é visível o respeito pela igualdade na organização motivamos as pessoas a alcançarem o mesmo, criando as oportunidades.
- Disponibilizar programas de mentoria e acompanhamento de carreira — o apoio da comunidade é crítico para alcançar resultados, assim como para promover um ambiente mais inclusivo é preciso disponibilizar os recursos para o sucesso.
- Facilitar um formato de trabalho híbrido, sempre que possível — worklife balance sempre foi uma necessidade, mas após a pandemia COVID-19 ganhou uma nova dimensão. Estamos mais tempo em casa e as fronteiras entre o trabalho e a vida pessoal ficaram mais ténues, pelo que a organização deve promover e proteger esta flexibilidade.
- Apoiar as pessoas a encontrarem propósito nas suas funções — não queremos só um trabalho das 9 às 6, queremos identificarmo-nos com o que fazemos e ter orgulho nisso. Por isso a mentoria é tão relevante na procura por um propósito na organização, encontrando a função certa para cada um, independentemente do género.
É normal, sejam homens ou mulheres, por vezes passarmos mais tempo no nosso trabalho do que com os nossos, daí ser tão relevante haver a existência de equilíbrio, flexibilidade e propósito. Para continuarmos a escrever na História o sucesso no feminino, é preciso abertura à mudança, condições e perspectiva de carreira para ambos os géneros. Assim, caminhamos no sentido de normalizar o sucesso das mulheres no mundo do trabalho.
Na Monday assistimos essa normalidade a florescer. Quando acedemos à página do Sobre Nós podemos conhecer a nossa leadership team, composta por sete elementos, em que cinco são mulheres. Não se trata de representatividade, mas sim de igualdade de oportunidades. Cada membro desta equipa alcançou por mérito e reconhecimento a liderança da sua área — trata-se de encontrar a pessoa certa para a função, o que vai além do género. Ser uma empresa que privilegia o bem-estar e o worklife balance proporciona um ambiente seguro e inclusivo para a igualdade de oportunidades.
Promovemos medidas que sustentam o bem-estar de todos os membros das nossas equipas, como: programa de saúde mental, acesso a formação, plano de benefícios flexíveis e um modelo de trabalho 100% híbrido — sobre o qual podem saber mais aqui.
Estas e outras medidas em desenvolvimento facilitam a possibilidade de atrair e reter talento feminino qualificado.