Daniela Simões é a jovem empreendedora fundadora e CEO da empresa miio, que atua na área da mobilidade elétrica. A empresa nasceu em 2019, quando Daniela Simões e o colega Rafael Ferreira, ambos estudantes de Engenharia Informática, na Universidade de Aveiro, quiserem simplificar a sua vida e a de outros condutores de veículos elétricos. Com a miio têm vindo a revolucionar a forma como se carregam estes veículos na rede pública, com ferramentas e funcionalidades que ajudam a tornar este processo o mais intuitivo e simples possível, tal como é atualmente o abastecimento de um carro a combustão.
Atualmente, a empresa liderada por Daniela Simões conta com mais de 110 mil utilizadores registados, e uma comunidade que já representa mais de 70% do mercado português de utilizadores de veículos elétricos e plug-in. Recentemente, a miio deu o passo da internacionalização com a entrada em Espanha e em França e vai continuar focada na inovação, levando mais simplicidade ao mercado europeu com a continuidade da expansão internacional.
Como surgiu a ideia?
A miio nasceu em 2019 a partir de uma necessidade pessoal, quando estudava Engenharia Informática na Universidade de Aveiro com o co-fundador da miio, o Rafael Ferreira, e ambos éramos condutores de veículos elétricos. Nessa altura sentimos uma grande dificuldade e falta de clareza de informação sobre onde se podia carregar o carro, ou mesmo quanto é que ia custar esse carregamento, entre várias outras questões. A miio surgiu para ajudar a resolver toda esta complexidade existente no mercado e, como sempre fomos muito próximos da comunidade e muito transparentes, não foi muito difícil ganhar a confiança dos utilizadores de veículos elétricos em Portugal: tínhamos as mesmas dores e queríamos as mesmas soluções.
Com a introdução da miio no mercado de mobilidade elétrica em Portugal, conseguimos ajudar os utilizadores de carros elétricos a reunir e compreender informação fidedigna sobre onde e como carregar o seu elétrico, bem como saber antecipadamente quanto se vai pagar pelo carregamento (à semelhança do que acontece quando se vai abastecer um carro a combustão). Toda essa informação passou a estar disponível aos utilizadores numa só app e, orgulhamo-nos de ter sido pioneiros na introdução de diversas funcionalidades que visam trazer maior comodidade e transparência ao carregamento de veículos elétricos: fomos a primeira empresa a permitir calcular o preço de carregamento antecipadamente, a carregar em todos os postos só com o smartphone, a permitir que estrangeiros conseguissem carregar em Portugal através dos carregamentos adhoc (sem contrato) e a classificar toda a rede nacional, para que se dê preferência a carregadores com melhor qualificação. Recentemente a miio entrou na área de e-commerce em mobilidade elétrica com o lançamento da miio Store.
Como montou o negócio?
Inicialmente o modelo de negócio assentaria na rentabilização da plataforma através de publicidade, no entanto, rapidamente nos apercebemos de que existiria bastante valor acrescentado se melhorássemos a experiência de carregamento e, consequentemente, rentabilizássemos o software que ajuda a simplificar a vida do condutor de veículos elétricos. Posteriormente, adicionámos novas fontes de receita através do modelo B2B e subscrições. Desta forma, estivemos em condições de elaborar um plano de negócios e fechar uma ronda de investimento para internacionalizar as nossas soluções e simplificar a mobilidade elétrica também nos restantes países da Europa.
De que conquistas mais se orgulha nestes três anos de existência?
Temos muito orgulho no percurso que a miio fez ao longo destes anos, não só porque acreditamos que ajudámos a simplificar e a trazer maior clareza e comodidade à mobilidade elétrica, em geral, e ao carregamento de veículos elétricos na rede pública, em particular, mas, sobretudo, pelo reconhecimento de uma comunidade incrível de utilizadores de veículos elétricos que nos acompanha e, atualmente, já ultrapassa os 110 mil utilizadores registados.
Todo o pioneirismo da miio e as inovações que introduzimos no mercado português são o reflexo daquilo que é a nossa missão de simplificar a mobilidade elétrica em Portugal, e agora também nos países para onde nos expandimos este ano: Espanha e França. A miio foi a primeira empresa a introduzir, no mercado português, o cálculo antecipado do preço de um carregamento na rede pública, assim como o carregamento 100% digital, e a remoção da necessidade de contratos.
Quais os principais desafios deste negócio?
Neste momento os principais desafios neste negócio são a nível internacional.
Em Portugal temos obrigatoriedade de roaming: significa que todos os postos estão acessíveis a qualquer empresa tecnológica que se licencie. Nos restantes países europeus, a rede de carregamentos é altamente fragmentada.
Estamos neste momento preocupados em providenciar não só uma boa experiência, mas também uma boa cobertura, sendo que em França já contamos com mais de 55 mil postos de carregamento e, em Espanha, teremos mais de 3000 até ao final do presente ano.
Quais os planos para o futuro?
Para 2023, a miio continuará focada na inovação e simplificação do carregamento de veículos elétricos no mercado europeu, com foco em Portugal, Espanha e França e a previsão de entrada em novos mercados. No próximo ano, prevemos também lançar o software para ambiente doméstico, que poderá também ser incorporado na app miio e proporcionar ainda mais vantagens aos utilizadores de carros elétricos.
Leia mais entrevistas com mulheres que lideram projetos nesta área