Texto de Paulo Neto, coach executivo e de equipas, agile coach e fundador da Building Bridges
Há a ideia de que os mais experientes têm mais dificuldade em aprender, a mudar pensamentos ou antigos hábitos. Isso pode induzir a ideia de que quem está em condições de ajudar não o faça porque considera que pode ser um esforço significativo e muitas vezes inútil. Mas vale apena acreditar que todos podemos aprender e evoluir. Porquê? Porque é gratificante para quem aprende e para quem contribui para essa aprendizagem. Tornamos a vida melhor.
Temos anos de experiência a fazer algo que sempre funcionou e isso pode criar a ideia de que continuará a funcionar, mas o contexto muda e a forma como sempre fizemos deixa de funcionar. Isto não tem nada de novo, todos sabemos, mas quando se passa connosco podemos não ter essa consciência. A ideia de que algo que sempre funcionou já não funciona tem uma rejeição natural.
Quem observa apercebe-se dessa realidade e para ajudar informa do que se passa e talvez vá um pouco mais longe dizendo o que se deve fazer e como fazer, o que muitas vezes provoca uma reação contrária ao que esperávamos. Como queremos ajudar insistimos na nossa ideia e obtemos uma resposta semelhante e talvez de maior impaciência. Este processo faz com que com alguma facilidade ambos os lados se fechem sobre si. A conclusão é de que não vale a pena tentar, é uma perda de tempo. A frustração acontece dos dois lados, não ficamos com vontade de repetir.
Precisamos de uma aproximação que não provoque resistência. Talvez seja mais eficiente oferecer apenas a nossa ideia, ou mais uma possibilidade, ou ainda colocar uma pergunta abrindo novas perspectivas. Depois precisamos de ser pacientes e dar espaço para que a aprendizagem e a decisão possam acontecer. E só então a transformação acontece, por vezes em dias, por vezes em meses. É um processo individual que acontece na solidão de cada um e à velocidade de cada um, que precisamos de respeitar.
Estas possibilidades podem fazer muito mais que um discurso sobre o certo e o errado. Pode argumentar-se que é lento, mas é seguramente mais rápido do que provocar o bloqueio e, sobretudo, despendemos menos energia.
Apenas precisamos de acreditar que o outro pode mudar e de lhe dar a oportunidade para que todos vivamos melhor.
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