Texto de Paulo Neto, coach executivo e de equipas, agile coach e fundador da Building Bridges
O espaço é fundamental nas nossas vidas, mas nem sempre nos damos conta. Quando se constrói uma casa fazem-se paredes para que haja espaço, acontece o mesmo com uma chávena, moldamos a sua forma, mas o que usamos é o espaço. Qual seria a utilidade de uma casa ou de uma chávena sem espaço?
Imaginam uma conversa sem silêncios, sem espaço entre falas? Ou música sem espaço entre sons? Sem as pausas, sem espaço, o resto perde significado… No teatro, na música, assim como noutras artes a gestão dos silêncios, do espaço, é algo poderoso que distingue. Mas nem sempre temos consciência da sua relevância e do seu potencial.
Quando comprimimos os nossos dias com a execução de mil e uma tarefas na tentativa de fazer mais e mais diminuímos o espaço essencial para pensar, serenar, viver… os dias ficam repletos, mas cheios de nada. Sem espaço perdemos perspectiva, vivemos apenas do imediato e na reacção.
Arriscamos a perdermo-nos em caminhos que não escolhemos… arriscamos a nossa liberdade.
A continuidade deste processo faz com que a velocidade aumente e o espaço diminua. Sem que demos por isso, a ansiedade, a reactividade, vão dominando… A saturação, o cansaço extremo chega e o que fazemos perde sentido, entramos numa espécie de guerra civil interna. É a persistência neste caminho de fricção que pode acabar por “queimar” e levar-nos ao limite. Entramos em burnout.
Para manter ou voltar ao nosso equilíbrio precisamos de espaço, do nosso espaço. Para isso: podemos continuar a ser intensos em cada tarefa, mas parando entre tarefas mesmo que por segundos; podemos escutar conscientemente quem fala connosco; podemos ver menos vezes as notícias que nos alimentam de coisas que não precisamos; podemos fazer pequenos passeios na natureza criando intimidade connosco; podemos iniciar o dia com uns minutos de meditação; …
Precisamos também de estar conscientes de que sem os outros não encontramos o nosso equilíbrio. O equilíbrio constrói-se com o espaço de cada um e com espaço entre as partes. É fundamental oferecer esse espaço aos outros e ao fazê-lo criamos também espaço para nós.
Ao praticarmos o espaço, ao vivermos o espaço, equilibramos a vida.
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