Diretora na Michael Page desde 2017, Sílvia Nunes licenciou-se em Gestão de Empresas e a sua carreira tem sido feita na consultoria, primeiro na PwC, como auditora, e, desde 2005, na Michael Page, onde começou como consultora na divisão de Finance. Hoje tem a seu cargo o recrutamento e gestão de equipas nas áreas de Sales & Marketing, Retail, Information Technology, Secretarial & Management Support e Interim Management, participando ainda em diversos projetos de mentoria, sustentabilidade e diversidade & inclusão.
Em janeiro de 2021, Sílvia Nunes lançou o Profiler Podcast, onde entrevista pessoas com percursos que fazem a diferença.
Tem feito toda a sua carreira na consultoria. O que mais a atrai nesta área?
A consultoria foi uma opção de carreira pós licenciatura e continua a ser até hoje. A possibilidade de trabalhar com diversos sectores, empresas e pessoas é para mim um constante factor de motivação. A consultoria é um sector onde a aprendizagem é contínua e onde os desafios são uma realidade diária. A dinâmica com que trabalhamos nesta área é algo que, de facto, faz parte da minha forma de ser, algo que está realmente no meu ADN. Na minha opinião, para fazermos carreira neste setor é necessário sentir verdadeiramente que nos identificamos com as suas características.
“Uso a minha experiência para influenciar positivamente os que me rodeiam”
Desde 2017 que é diretora na Michael Page. O que é fundamental para ser um bom profissional na sua função?
Acredito que na minha função temos que ser muito conscientes do impacto que as nossas acções têm na organização e na sociedade. Sinto que tenho utilizado a minha experiência para influenciar positivamente as pessoas que me rodeiam, dar-lhes oportunidades de crescerem e se desenvolverem. Acredito também que nesta posição consigo integrar projectos com uma dimensão estratégica que me agradam muitíssimo, como por exemplo, trabalhar em Responsabilidade Social Corporativa e Sustentabilidade em projectos com impacto a uma escala global e nos vários escritórios da Michael Page.
Como é um dia típico na sua vida?
De manhã deixo os meus filhos na escola, algo que prezo bastante e apenas um motivo de força maior me retira esta responsabilidade. A manhã é, normalmente, preenchida com reuniões internas e externas. Faço parte do grupo de formadores internos e de equipas de projectos transversais à organização, o que me ocupa também algumas horas. Junto à hora de almoço, cinco dias da semana, tenho a minha hora de corrida, sem a qual já não passo. É um momento de corte com o trabalho, que tenho para mim e que, na verdade, gera energia adicional para a tarde.
Dependendo se é dia ou não de gravar o podcast, a tarde é também preenchida com outras reuniões.
Tento terminar o meu dia de trabalho a horas razoáveis, de forma a desfrutar da família, jantar com amigos ou sair para jogar padel.
Quais os principais desafios na sua função?
Creio que os principais desafios estão relacionados com as pessoas. Atrair e reter talento é claramente o grande desafio do mundo actual, e é aí que enfoco bastante do meu tempo. Mantermo-nos actualizados é também outro grande desafio. A informação está disponível em diversos meios, com imensa rapidez e termos a capacidade de estar a par de temas da actualidade, de novas tendências e de outras possíveis formas de gerar valor acrescentado, revela-se exigente. Sermos capazes de nos reinventarmos, de estarmos permeáveis a novas aprendizagens, a novas formas de fazer o que sempre fizemos é outro desafio a ter em consideração.
“As pessoas querem sentir que fazem parte da organização”
Tendo a Michael Page escritórios em vários países, nunca equacionou ter uma experiência internacional?
Confesso que sempre tive esse “bichinho”. Por circunstâncias pessoais tive a oportunidade de trabalhar remota para Portugal a partir de países como Espanha e França, mas na conciliação da vida pessoal e profissional, julgo que nunca encontrei o timing onde fazia 100% sentido e acabou por não acontecer. De qualquer forma, acredito que vamos sempre a tempo de fazer qualquer coisas que queiramos de verdade.
Que características, comportamentos e atitudes considera necessários para se ser um bom líder?
Para mim é fundamental ser uma líder humana, estar verdadeiramente disponível, escutar, ser permeável a ideias diferentes das minhas. Assumir quando não sabemos, pedir desculpa e auscultar em vez de presumir são, do meu ponto de vista, factores críticos de sucesso na liderança. As pessoas mais do que saber que pertecem a uma organização, querem sentir que fazem parte, e isso em muito advém das atitudes dos líderes, dos seus exemplos, da sua forma de estar. Cada vez mais, as equipas apelam a uma liderança mais humanizada, onde sejam visíveis reais níveis de confiança, onde se sinta que todos remam para o mesmo lado e fazem parte de uma missão comum.
Como tem evoluído a representatividade feminina na liderança na consultoria nestes 20 anos de carreira?
A evolução tem sido positiva. Hoje temos uma representatividade muito mais significativa e vemos a inúmeras mulheres a exercer cargos de liderança nestas organizações, nas mais variadas áreas, e que quase sempre fizeram carreira internamente. Não obstante isso, creio que continuamos a ter um longo caminho a percorrer no sentido de equilibrar essa presença.
“O programa OSA foi um tempo de reflexão e conhecimento”
Porque decidiu fazer o programa One Step Ahead – Liderança no Feminino?
Tive a sorte de a minha empresa me propor a mim e mais algumas colegas a possibilidade de fazermos o OSA. O facto de trabalharmos uma organização que tem conhecimento dos melhores programas que existem e de propor isso aos colaboradores, é extraordinário. Analisando o programa do OSA, pareceu-nos uma excelente iniciativa, de onde iríamos seguramente retirar novas aprendizagens e alargar a nossa rede de networking.
De que forma este programa impactou a sua vida?
O método do caso é extraordinário para nos desafiarmos na forma como analisamos e estruturamos cada situação. Para além disso, é um momento onde paramos, repensamos e discutimos temas da actualidade, com a distância que o dia a dia não nos permite ter. Foi um tempo muito precioso de reflexão e conhecimento de novas pessoas e de partilha de experiências.
“No Profiler Podcast partilho conversas que já tinha no dia-a-dia, mas que só eu ouvia”
Desde janeiro de 2021 que tem o Profiler Podcast. O que a levou a lançar este projeto e que balanço faz desta iniciativa?
O Profiler Podcast surgiu da minha vontade de partilhar conversas que eu já tinha no meu dia a dia de trabalho, mas que, apenas eu ouvia. É muito gratificante e inspirador perceber como, com muito trabalho e dedicação, se consegue fazer o caminho e chegar onde se chega, seja a meta de cada um qual for. Não há duas pessoas nem duas carreiras iguais, e a magia do Profiler Podcast reside muito aí também.
Que conselho deixa a uma jovem sobre fazer carreira em consultoria?
Que é possível abraçar um desafio desta natureza, fazer carreira e conciliar com a nossa vida pessoal. A resiliência, o rigor e a disciplina são, sem qualquer dúvida, factores críticos de sucesso nesta área.
A próxima edição do programa One Step Ahead – Liderança no Feminino começa a 3 de maio. Saiba mais sobre o OSA aqui e aqui.