Se é para acontecer, que seja agora

Quando comecei a pensar em criar o meu negócio foram alguns meses até tudo se concretizar. Apesar de ser bastante nova na altura, sempre vivi com uma sensação de urgência dentro de mim, que agita quem comigo convive e me faz fazer tudo bastante depressa. Mas decidi e assim fiz. Até hoje. Estas ideias de mudanças, para muitas pessoas, são projetos guardados, adormecidos, atrasados com a rotina dos dias. O risco é maior que o que o seguro do dia a dia aporta e, por essa razão, decidem adiar. Assim, foi com alguma surpresa, mas seguida de empatia pelo movimento, que tenho lido acerca das mudanças a que assisto, e leio, a nível profissional por esse mundo fora neste momento pós-pandemia.

Já sabia que muitos dos gestores de vendas internacionais se estavam a afastar da função simplesmente porque não queriam voltar ao ritmo frenético de viagens, com todos os riscos que isso implica em termos de testes, vacinas, possibilidades de ficar retidos em países distantes, sem apoio médico conveniente. A noção da distância tornou-se mais consciente, apesar de sabermos que foi o encurtamento do espaço que nos levou a uma pandemia tão rápida e fulminante. Por outro lado, o conhecimento da fragilidade dos cuidados de saúde a nível global também preocupa quem tem de se deslocar regularmente, uma vez que nos apercebemos que não há seguros que nos protejam do mais imprevisível. Porque o imprevisível acontece mesmo.

Mas hoje li uma notícia fascinante: que se prevê uma onda de renúncias e demissões, a já intitulada “The great resignation”. Estima-se que 25 a 40% dos trabalhadores se possam demitir para abraçar outros projetos e estilos de vida.

Com o regresso à rotina, depois de um ano a viver de uma forma tão oposta à anterior à crise pandémica, se houve quem saudades sentiu do ritmo normal de trabalho, outros tantos aperceberam-se do que sempre lhes faltou e nem sabiam. O equilíbrio família/trabalho, a noção de que não controlamos tudo (se calhar nem controlamos nada) e, como tal, mais vale fazer o que nos faz feliz e mais vale começar já, porque nem o tempo que nos resta nós conseguimos avaliar.

Por outro lado, o mundo como o conhecemos mudou. Mudou como se convivia, como se trabalhava, como os nossos filhos estudavam. Os escritórios estão diferentes, as salas da escola também. As lojas, os restaurantes, os aviões, os hotéis. Mudou tanta coisa e nós conseguimos adaptar-nos, com todas as dores e marcas inerentes a essa mudança.

Por isso, porque não mudar também o que se faz, com quem se faz?

Eu sei exatamente o que estas pessoas sentem: o finalmente perceber o que se quer, o querer fazê-lo o quanto antes, a urgência, a vontade, o aceitar que pode correr mal, o ir. No dia que tomei a minha decisão, pus a música do título do texto:

Tem de acontecer, porque tem de ser

E o que tem de acontecer tem muita força,

E sei que vai ser, porque tem de ser

Se é para acontecer, que seja agora.

 

E a pandemia trouxe o “agora” para muita gente.

Publicado a 17 Junho 2021

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