O Acordo de Paris, seis anos depois

Foi uma mudança histórica na corrida contra o tempo para evitar uma catástrofe ambiental. Seis anos volvidos, o Acordo de Paris será ainda mais digno de ser comemorado se os países renovarem os seus compromissos, alinhando também os seus planos de recuperação económica pós-Covid-19 com as metas climáticas essenciais à sustentabilidade do planeta.

A Cimeira do Clima de Glasgow irá decorrer no final do ano. Adiada durante um ano devido aos efeitos da pandemia causada pela Covid-19, para evitar mais contaminações e as mortes associadas à doença, deverá, espera-se, trazer algumas novidades em relação às metas previstas para a neutralidade carbónica.

O tratado estabelecido na cimeira anterior, que decorreu em Paris em 2015, envolveu os países responsáveis por 97% das emissões globais e representou um esforço coletivo inédito para tentar conter a subida da temperatura do planeta para o máximo de 1,5ºC acima dos níveis dos anos 90. Incluiu também empresas, governos locais e instituições financeiras de todo o mundo e deu um sinal de esperança para se encontrar a resolução da emergência climática que a atividade humana está a originar. Estabelecido há seis anos, este pacto foi, sem dúvida, uma mudança histórica na corrida contra o tempo para evitar uma catástrofe ambiental que envolva tudo e todos. Seis anos depois, será uma data ainda mais digna de ser comemorada se as nações renovarem os seus compromissos, alinhando também os seus planos de recuperação económica pós-Covid-19 com as metas climáticas essenciais à sustentabilidade do planeta.

Francisco Ferreira, presidente da Associação Zero e docente da FCT NOVA, acredita que irão ser revistas em baixa, em relação ao Acordo de Paris, principalmente porque isso é necessário. Mas apesar de nem tudo está a correr de forma positiva, dado as emissões de gases com efeito de estufa terem crescido 10% entre 2015 e 2019, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), há avanços positivos.

E se as promessas fossem cumpridas?

No último par de anos, muitos países estabeleceram metas de longo prazo para reduzir emissões. O Reino Unido, os estados membros da União Europeia, a Noruega, o Chile e uma série de nações em desenvolvimento lideraram a adoção de medidas para atingirem metas líquidas zero. Em 3 de dezembro último, o Reino Unido adiantou mesmo novos limites para as suas emissões, antes de se tornar anfitrião da próxima Cimeira do Clima, onde todos os signatários do Acordo de Paris devem anunciar os seus contributos. O país compromete-se em reduzir as suas emissões pelo menos para 68% dos níveis de 1990 até 2030, o que alinharia as suas metas com as de zero emissões líquidas até 2050. Antes disso, o presidente da China tinha anunciado que o seu país as alcançaria em 2060, tal como o Japão e a Coreia do Sul o tinham feito, mas em 2050.  Como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se comprometeu em adotar a mesma data para que o seu país tenha zero emissões líquidas de carbono, mais de dois terços da economia global já prometeu atingir zero emissões líquidas de carbono em meados do século. Se todos o fizerem, o mundo estará quase no caminho para cumprir o limite superior do acordo de Paris.

O site Climate Action Tracker calculou que o aumento da temperatura seria de 2,1ºC, se todas as promessas atuais dos países fossem cumpridas. Isso colocaria o nosso planeta a uma “distância surpreendente” de cumprir o compromisso do Acordo de Paris de 2015.

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