Alexandra Reis lidera a equipa dos serviços jurídicos da Tabaqueira, subsidiária portuguesa do Grupo Philip Morris International (PMI), funções que acumula com a responsabilidade pela área local de Ética & Cumprimento. Com experiência sólida em Direito comercial, concorrência, laboral e aviação, conta com uma carreira de 25 anos de experiência, 17 dos quais ao serviço da Tabaqueira, onde tem abraçado diversos desafios, incluindo uma comissão de serviço no Centro de Operações da PMI em Lausanne, na Suíça. Alexandra Reis iniciou o seu percurso na Macedo Vitorino & Associados, onde esteve dois anos, e foi membro da equipa jurídica da PGA Portugália Airlines, durante seis anos. Sob a sua liderança a equipa jurídica da Tabaqueira integrou a lista GC Powerlist Iberia Teams 2019. A jurista foi ainda distinguida pela Iberian Lawyer mais de uma vez, em 2019 como “In-house Counsel of the Year” no âmbito dos GoldAwards e em 2020 ao integrar o “InspiraLaw Top 60 Women”.
“A inovação é sempre um processo disruptivo e positivo, que nos confronta continuamente, nos impele a ganhar novas competências e estimula a recomeçar a cada desafio. Em praticamente duas décadas de trabalho na Tabaqueira, subsidiária do Grupo Philip Morris International (PMI) em Portugal, tenho tido a oportunidade de me reinventar por diversas vezes, enquanto profissional. Desafios acrescidos quando fazemos parte de uma organização que assumiu publicamente a visão de transformação do seu negócio em 2016.
O meu maior desafio profissional foi o lançamento do IQOS em Portugal, precisamente em 2015/2016. Portugal foi o quarto país no mundo a comercializar este dispositivo, que se distingue dos cigarros convencionais porque aquece tabaco, em vez de o queimar. O lançamento deste produto pela PMI foi o resultado de anos de investigação e investimentos avultadíssimos em ciência em tecnologia, que tinham como objetivo ir ao encontro das expectativas dos fumadores adultos que procuravam verdadeiras alternativas menos nocivas aos cigarros. Foi um momento extraordinário, porque finalmente a empresa viu que podia, de forma realista, começar a responder a esta necessidade, ao mesmo tempo que decidiu enveredar por uma transformação tectónica que impactou todas áreas do negócio e que foi comunicada ao mais alto nível: a visão da empresa passou a ser proporcionar aos fumadores adultos uma melhor opção, através da criação de melhores alternativas do que os cigarros convencionais.
A dimensão desta mudança permite ilustrar o momento de excitação e entusiasmo que se viveu na Tabaqueira, mas também a enorme responsabilidade, a incerteza e a pressão que todos sentimos. Foi necessário preparar a nossa transformação e desenhar os nossos planos de negócio de raiz – afinal, não se tratava apenas da comercialização de um novo produto, mas sim do lançamento de um produto altamente inovador e diferenciado, sem paralelo no mercado. Toda a nossa experiência, adquirida ao longo de anos de trabalho, foi posta à prova, em todas as atividades do negócio, incluindo a área jurídica, que lidero, enquanto advogada in-house da empresa.
Lembro-me de, nessa altura, ter ido passar uns dias com a família a Londres, e enquanto passeávamos nos típicos autocarros vermelhos, de dois andares, ter tido um ataque de pânico (com direito a suores frios e falta de ar!) porque pensei que não tinha informado bem a equipa de gestão sobre o enquadramento jurídico que me havia sido pedido. Tudo acabou em bem, naturalmente e o lançamento aconteceu, como programado, e foi um sucesso.
Voltei a estudar, com um mindset diferente, as leis e os textos jurídicos que já conhecia em profundidade, e foi-me permitido, ou melhor, fui mandatada para questionar o status quo, investigar e obter inspiração noutras indústrias, analisar outros sistemas jurídicos – tudo para poder apresentar alternativas juridicamente viáveis, sustentáveis e consistentes com a visão da empresa para cada obstáculo com que nos deparávamos.
Na Tabaqueira, tenho o privilégio de poder recomeçar e de me reinventar sem ter de sair da empresa na qual já trabalho há muitos anos e na qual sempre me senti realizada. Foi, por isso, uma honra liderar a extraordinária equipa dos Serviços Jurídicos da Tabaqueira num momento de profunda transformação e de testemunhar o desenvolvimento dos membros da minha área. Voltei a estudar, com um mindset diferente, as leis e os textos jurídicos que já conhecia em profundidade, e foi-me permitido, ou melhor, fui mandatada para questionar o status quo, investigar e obter inspiração noutras indústrias, analisar outros sistemas jurídicos – tudo para poder apresentar alternativas juridicamente viáveis, sustentáveis e consistentes com a visão da empresa para cada obstáculo com que nos deparávamos. Como pano de fundo tínhamos o facto de saber que estávamos a disponibilizar melhores alternativas para todos os fumadores adultos, a crença de que o decurso do tempo e a validação científica externa confirmariam – como, de facto, está a acontecer – que o IQOS é um produto que tem o potencial para apresentar um risco reduzido para os fumadores que passam a consumir este produto em alternativa aos cigarros convencionais. E também a convicção de que os consumidores (categoria que inclui naturalmente os cidadãos que decidem consumir produtos de tabaco/com nicotina) têm o direito de saber e de conhecer todas as alternativas ao seu dispor para poderem tomar decisões informadas.
Ser in-house counsel numa empresa como a Tabaqueira é, assim, um desafio contínuo, que requer atualização e evolução permanentes, precisamente porque a empresa está em constante e rápida transformação, procurando um futuro alicerçado na sustentabilidade das várias áreas de negócio. Um processo que me tem trazido imensas oportunidades de desenvolvimento e aprendizagem, que permitem um contínuo crescimento profissional.”
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