Muitos negócios nascem na cozinha ou na garagem da residência de empreendedores. É o caso da JNR Doçarias, que mantém um espaço exclusivo no El Corte Inglès e uma loja online, com entrega ao domícilio. Há quase 30 anos Joana Reymão Nogueira, então estudante com 17 anos, começou a fazer doces na cozinha dos pais. Vendia a amigos e levava para os “Senhores” dos restaurantes provarem. As encomendas cresceram como massa lêveda e hoje a empresa conta com 18 colaboradores e uma fábrica em Queluz. Os produtos com maior sucesso são os que se baseiam nas receitas mais antigas, aprendidas na quinta, com as cozinheiras da família, a Senhora Aninhas e a Micas, que lhe ensinaram muito do que sabe.
Como define o conceito dos doces da JRN Doçarias?
É uma doçaria artesanal, que não esquece o respeito pelas receitas familiares, pela doçaria tradicional portuguesa e pelas receitas seculares que ainda hoje se mantêm na empresa fundadada há 29 anos.
Quando começou a gostar de fazer doces e como aprendeu as receitas e as técnicas?
Desde pequena que sempre gostei de tudo o que tem a ver com doces. Guardo com carinho as recordações de uma infância passada na cozinha da minha quinta onde fui descobrindo os mistérios da doçaria. Depressa pus as “mãos na massa” e experimentei as receitas familiares escondidas a sete chaves nos livros de receitas dos meus antessapados.
O meu grande “curso” foi com as doceiras mais antigas da casa. Dessas lições guardo o cuidado, a atenção, o carinho e o amor que cada receita merece. Ao longo do tempo fui tirando cursos para aperfeiçoar as técnicas que tinha, apesar de toda a minha doçaria estar assente no método tradicional.
Como ganhou corpo a ideia de montar um negócio?
Sabendo do meu gosto pelo mundo dos doces, os meus amigos começaram a pedir-me bolos e rapidamente comecei a ter encomendas frequentes. Daí até o negócio ganhar forma, foi tudo muito rápido. Depressa a cozinha dos meus pais se tornou pequena para aquela que foi a fase embrionária do projeto empresarial que hoje giro. De vendas particulares passei para o mundo da restauração e logo de seguida para empresas de catering.
Que idade tinha quando lançou a empresa, em 1990?
Tinha 17 anos quando lancei o negócio em casa dos meus pais ainda solteira. Antes disso estudava.
Qual foi o seu investimento inicial?
Como comecei o negócio na cozinha dos meus pais, não tive um grande investimento inicial. Apenas comprava a matéria prima que necessitava para a execução das sobremesas. Todo o dinheiro que ganhei serviu para montar uma pequena cozinha industrial no centro de Lisboa, onde estive durante 10 anos.
Quando soube que o seu negócio estava no bom caminho?
Quando me apercebi que tinha que procurar uma instalações maiores para satisfazer a procura dos nossos clientes.
Quais as principais dificuldades que enfrentou neste percurso de 20 anos?
- Na produção: manter um apertado no controle de qualidade para garantir que todos os produtos saiam de acordo com os fatores de exigências estabelecidas na empresa;
- Na distribuição e vendas: manter promessas que sejam realizáveis e cumprir tudo que foi combinado com os clientes;
- No marketing: zelar pela consistência e desenvolvimento da marca JRN para aumentar a notoriedade e a admiração dos clientes pela marca;
- Nas finanças: manter o equilíbrio financeiro e garantir os meios para reinvestir no desenvolvimento da empresa;
- Nos Recursos Humanos: criar condições para que a equipa se identifique com os valores da JRN e proporcionar a realização pessoal e profissional de cada um. Selecionar, ensinar e motivar uma equipa para responder aos desafios que vamos superando ao longo do tempo;
- Enfrentar a burocracia e a enorme carga fiscal a que as pequenas e médias empresas estão sujeitas.
Como promoveu o negócio?
A forma mais eficaz de promoção foram as referências dos clientes satisfeitos – o word of mouth continua a ser a mais poderosa ferramenta de comunicação. Acabámos também por beneficiar das redes sociais para o contato com as pessoas. Falamos de doces e bolos, que aguçam o olho e o palato, de maneira que estamos a criar uma comunidade muito interessante e que gosta da marca. Aproveitamos as oportunidades de comunicação que as redes sociais trouxeram e que prometem com poucos recursos manterem o contacto com seus clientes e divulgarem os seus produtos.
Qual é o perfil dos seus clientes?
Os nossos principais clientes são os restaurantes, empresas e o público que frequenta a nossa loja no El Corte Inglês.
Depois do espaço no ECI, a abertura de uma loja física está nos seus planos?
Sim! Estamos sempre abertos e analisar novas oportunidades de negócios e parcerias.
Quais os seus best-sellers?
Os produtos com maior sucesso são sem dúvida os que se baseiam nas receitas mais antigas, embora tenhamos que ajustar a oferta para acontecimentos especiais, como: Natal, Dia da Mãe, Dia dos Namorados e Pedidos específicos dos nossos clientes.
Qual a dimensão da empresa?
Somos uma equipa formada por 18 pessoas. Temos a fábrica da JRN Doçarias em Queluz de Baixo, dotada das melhores condições técnicas de produção e de armazenamento em frio, o que possibilidade melhor qualidade de entrega através da nossa rede própria de distribuição.
Qual foi o seu principal erro e o que aprendeu com ele?
Até agora não cometemos erros que pusessem em causas a estratégia da JRN, procuramos sempre aprender e corrigir quando algo não corre bem.
E qual foi a sua principal vitória?
Foi acreditar e nunca desistir nos momentos difíceis.
Quais os seus sonhos e metas para a JRN Doçarias?
Desenvolver a marca JRN como referência no mercado e fazer com que a JRN consiga realizar o sonho de toda equipa, pensando sempre em novas oportunidades, expandindo para outras cidades além de Lisboa e para fora do país.
Qual o ingrediente principal do sucesso que tem alcançado?
É o cuidado, a atenção o carinho e o amor que todas as receitas merecem.