Como Diane von Furstenberg se reinventou depois dos 40

A criadora falou das diferentes fases da sua carreira, de como voltou ao sucesso depois dos 40 anos e de muito tempo afastada da indústria da moda, e dos novos projetos de mentoria para mulheres que prepara.

A criadora Diane von Furstenberg

A criadora belga naturalizada norte-americana partilhou uma análise sobre a sua carreira e os momentos que fizeram a diferença nela, numa entrevista concedida ao editor do Pulse, a aplicação noticiosa do LinkedIn. Diane Von Furstenberg notabilizou-se nos anos 70 graças ao seu famoso vestido envelope (ou wrap dress), peça que se tornou icónica e conheceu um sucesso imediato, por ser uma ideia simultaneamente simples, prática e ultra feminina — o vestido, inspirado num top de bailarina, cruza à frente, fechando com um cinto em tecido.

No entanto, a carreira de uma das mais celebradas criadoras das últimas décadas não foi livre de revezes e renascimentos, que atestam a sua resiliência, talento e força de vontade. É aliás a própria Furstenberg que a divide em três fases: American Dream (o sonho americano), The Comeback Kid (o regresso) e New Era (nova era). “Aos 25 era um jovem prodígio; aos 40 já era um nome do passado”, escreveu na sua biografia ‘the Woman I wanted to be’. E ao Pulse disse: “Os meus 20 anos foram excelentes. Estava no topo e era arrogante. E digo ‘arrogante’ porque já tinha sucesso, filhos e dinheiro. Era bonita. Divertia-me muito. Pensava que aos 30 já me podia reformar e, de facto, vendi a minha empresa aos 33 anos.”

“O mais importante em tempos bons e tempos maus é encarar completamente a verdade e não nos iludirmos. Ao encararmos a verdade – ‘Ok, isto foi o que aconteceu. Não é assim tão bom, o que posso fazer agora?’– então achamos outro caminho, outra porta, outra pessoa ou outra coisa. Começamos algo novo.”

A verdade é que, sem a empresa, perdeu a sua identidade, admitiu. O seu renascimento enquanto empresária chegou em 1991, quando um executivo de marketing lhe sugeriu vender as suas criações diretamente ao público através do canal de televisão QVC, que apenas no primeiro dia faturou 1,2 milhões de euros em compras, relançando a carreira de Von Furstenberg.

Sobre o seu regresso depois dos 40 anos, conta ao editor do Pulse: “É muito importante para as mulheres serem mães ou terem uma família, mas é igualmente muito importante terem uma identidade fora de casa. Sim, é verdade que a identidade que construímos através do nosso trabalho se torna uma parte muito grande daquilo que somos. Estive fora durante uns tempos. Sentia-me ultrapassada. Depois tive uma boa ideia e passei de alguém que ‘já foi’ alguém a pioneira, outra vez. Tive outra vaga de sucesso. Acho que o mais importante em tempos bons e tempos maus é encarar completamente a verdade e não nos iludirmos. Ao encararmos a verdade – ‘Ok, isto foi o que aconteceu. Não é assim tão bom, o que posso fazer agora?’– então achamos outro caminho, outra porta, outra pessoa ou outra coisa. Começamos algo novo.”

“Muitas vezes, quando estamos no auge do sucesso, as pessoas aclamam-nos quando, no fundo, sabemos que as coisas não estão assim tão bem. Da mesma forma, muitas vezes pensam que estamos acabadas e que somos um falhanço, mas já sabemos que vamos conseguir dar a volta.”

Ser honesta a fazer o ponto de situação e confiante é a chave: “Muitas vezes, quando estamos no auge do sucesso, as pessoas aclamam-nos quando, no fundo, sabemos que as coisas não estão assim tão bem. Da mesma forma, muitas vezes pensam que estamos acabadas e que somos um falhanço, mas já sabemos que vamos conseguir dar a volta.”

Hoje, Diane dirige uma empresa com mais de 500 funcionários, 150 lojas em todo o mundo e a Forbes calcula que o valor total do seu património ascenda a 340 milhões de dólares. Continua ligada à sua empresa, mas tem agora um novo COO e diretor criativo, o designer britânico Jonathan Saunders, e quer dedicar-se a outros projetos pessoais, relacionados com o empoderamento feminino. “Estou muito entusiasmada; vou fazer muita mentoria, palestras.” A criadora diz ainda que conta com o poder das redes sociais para que estes projetos possam chegar a bom porto e que tenciona “inspirar as pessoas”.

Parceiros Premium
Parceiros