Tapetes de cortiça portugueses à conquista do mundo

Sónia Andrade e Susana Godinho criaram a Sugo Cork Rugs, marca da startup TD Cork, a segunda a ser lançada pela incubadora Amorim Cork Ventures. Chega agora ao mercado a primeira coleção de tapetes de cortiça portugueses feitos segundo métodos tradicionais de tecelagem.

Amigas de longa data, a gestora Sónia Andrade e a designer Susana Godinho, lançaram-se juntas no mundo dos negócios.

Há uma nova coleção de tapetes decorativos a conhecer, os primeiros que aliam técnicas tradicionais de tecelagem à cortiça. Vêm com a assinatura Sugo Cork Rugs®, marca lançada pela TD Cork – Tapetes decorativos com cortiça, Lda., a startup criada por duas amigas de longa data, a designer Susana Godinho e a gestora Sónia Andrade. O projeto foi um dos primeiros a serem apoiados e financiados pela Amorim Cork Ventures, a única incubadora do mundo exclusivamente dedicada a negócios em que a cortiça é a matéria-prima.

Esta coleção de design contemporâneo combina elegantemente as texturas e tonalidades de materiais como o algodão e a lã nacional com a cortiça, material com benefícios como a durabilidade, resistência, propriedades antialergénicas, de isolamento térmico, acústico e anti-humidade. O método de produção que desenvolveram é inovador e já deu origem a um pedido de patente.

Amigas e empreendedoras

Na origem desta ideia esteve “a vontade de criar novas opções na utilização de matérias-primas e de usar materiais ecológicos”, diz-nos Susana Godinho. Formada em Design Têxtil pelo CITEX,  fez estágio em tecelagem, onde “surgiu o interesse pelos tecidos e em trabalhar na área de tapeçaria.“ Seguiram-se anos de experiência no sector do vestuário. Há 15 anos é uma das responsáveis de bastidores do Portugal Fashion e Moda Lisboa, e em 2010 voltou à tapeçaria. Depois das primeiras experiências técnicas recorrendo a materiais pouco comuns, encontrou “nas caraterísticas da cortiça a oportunidade de desenvolver um produto inovador e com um ótimo desempenho técnico.”

Os diferentes backgrounds de Susana e de Sónia são uma mais-valia para o negócio.

Sónia Andrade é licenciada em Gestão de Empresas pela Universidade Católica do Porto e tem uma Pós-Graduação em Marketing pela Porto Business School. Em 10 anos, o seu percurso profissional esteve ligado ao Marketing, nas vertentes online e de centros comerciais e de grande distribuição, e às Relações Internacionais, em que trabalhou na promoção de resorts de luxo portugueses.  “A minha área e a da Susana são distintas, mas para o que pretendemos enquanto parceria, as duas são perfeitas para a empresa por serem complementares.”

Susana Godinho mostra as potencialidades da nova coleção.

“Já somos amigas há muitos anos, o que facilita a tomada de decisão pois existe uma grande confiança mútua. Há 2 anos convidei a Sónia para este projecto”, conta Susana. “O lançamento da 1ª call da Amorim Cork Ventures, em Junho de 2014, foi uma oportunidade que me interessou desde o primeiro momento. “  O resultado final traduziu-se numa “coleção versátil, desde a criação de um tapete mais simples e tradicional para o cliente mais conservador, ao tapete mais arrojado para quem procura algo único.“

A parceria ideal

“Quando analisamos a proposta de valor da Sugo Cork Rugs®, imediatamente nos apercebemos que estávamos perante uma ideia com muito potencial para o mercado global, onde tipicamente nos posicionamos”, diz Nuno Barroca, vice-presidente da Corticeira Amorim. “O tapete em cortiça concebido em tear era algo que não existia, a versatilidade estética da coleção é uma mais-valia e o facto de conjugar cortiça com outros materiais sustentáveis preenche uma das principais condições de sucesso do mercado do design de interiores.”

O desenvolvimento do processo de fabrico foi longo, com inúmeros testes ao tipo de cortiça adequada e experiências no tear. A parceria com a Amorim Cork Ventures foi fundamental não só pelo conhecimento da matéria-prima, mas também pelo apoio em termos de financiamento.

Para as criadoras da marca, “a TD Cork não poderia ter melhor parceiro do que a Amorim Cork Ventures. A nossa ideia de negócio passou por todas as fases de incubação, desde a ideia até a concretização da empresa. O desenvolvimento do processo de fabrico iniciou-se com a pesquisa da tipologia de cortiça adequada para um produto com as características e requisitos de um tapete e, neste caso, também com a facilidade de ser cortada sem perder resistência.” As vantagens da parceria medem-se ainda no conhecimento da matéria-prima em termos de potencial e limitações, desenvolvimento do plano de negócio, a que se junta o apoio em termos de financiamento. “A Amorim Cork Ventures foi fundamental para a criação de uma linha de produção com teares tradicionais de tapeçaria. O desenvolvimento do processo de fabrico foi longo, com inúmeros testes e experiências no tear. Foram feitas várias melhorias no protótipo inicial, associadas a testes de performance e de durabilidade.”

De olhos postos na internacionalização

Apensar de ser uma empresa jovem, a  TD Cork já obteve a certificação internacional Pending BCorp, que avalia as empresas de acordo com a performance ambiental, social e económica. Além disso, também tem a tradição industrial e cultural do seu lado – nasce no país que é, simultaneamente, o maior produtor mundial de cortiça e que é considerado uma referência na indústria de tapetes dirigidos ao segmento médio-alto e alto, de que são bons exemplos os tapetes de Beiriz ou de Arraiolos.

Pormenor de um dos tapetes de cortiça da Sugo Cork Rugs.

Para além do retalho nacional especializado, a estratégia de vendas da marca passa pela internacionalização através de contactos com gabinetes de arquitetura e design, revendedores dos principais mercados externos e pela participação em feiras e eventos do sector, para os quais contam com o apoio do programa Portugal 2020. “Não queríamos ficar confinadas ao mercado nacional. A vocação para a internacionalização é aliás uma condição de acesso à própria Amorim Cork Ventures. A evolução recente da nossa empresa, as valências da coleção e o conhecimento que temos dos mercados, fazem-nos antecipar uma boa aceitação, em especial nos EUA, países nórdicos, Reino Unido e Ásia, para onde canalizaremos numa primeira fase os nossos esforços, designadamente junto do público que aprecia produtos naturais e sustentáveis.”

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