Aproxima-se o dia em que a importância das mulheres é mais destacada, mostram-se alguns dados socio-económicos sobre a condição feminina, dedica-se alguma atenção às injustiças de género. Antecipando o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, a revista The Economist avançou com a lista de países que têm as melhores condições de trabalho para as mulheres, num artigo intitulado “Ainda é um mundo de homens” (“Still a man’s world”).
De facto, continua a ser notícia sempre que uma mulher ocupa um lugar de topo numa empresa e a The Economist destacou a esse propósito, a recente nomeação da japonesa Asako Suzuki como a primeira executiva chefe de operações da Honda e a primeira vice-governadora do Banco Central da Irlanda, Sharon Donnery.
No topo da tabela estão os países nórdicos, no final está a Coreia do Sul, a Turquia e o Japão.
Neste ranking – intitulado “Glass-ceiling index” -, criado em 2013 por esta revista, no conjunto dos países da OCDE, Portugal aparece em 12º lugar numa lista de 29 países.
Sem surpresa, lê-se no artigo, nos lugares cimeiros da tabela estão os países nórdicos como a Islândia, a Noruega e a Suécia. Nos últimos lugares estão a Coreia do Sul, a Turquia e o Japão. Portugal aparece à frente de Espanha, Alemanha, Inglaterra e Irlanda.
Homens escolhem áreas mais bem pagas
O estudo leva em conta indicadores como a participação laboral, o grau de educação, salários, custos com os filhos, a representação das mulheres nos parlamentos dos seus países, as licenças de maternidade e de paternidade. Este último item foi considerado depois de alguns estudos recentes mostrarem que países onde os pais utilizam a licença parental, as mulheres regressam mais cedo ao mercado de trabalho e diminuem as diferenças entre géneros. E o Japão e Coreia do Sul, que podem estar mal posicionados em certos aspetos, oferecem agora a mais longa licença de paternidade no âmbito da OCDE. Nesses dois países, pais e mães têm direito a férias pagas superiores a 50 semanas. Mas dependendo das nacionalidades, a duração e o valor das licenças parentais diferem.
Cada vez que uma mulher chega a um lugar de topo tende a trazer mais mulheres para essas posições.
Nos países nórdicos as mulheres estão mais representadas no trabalho, com taxas idênticas às dos homens. Por exemplo, 49% das mulheres tem um diploma de ensino superior contra 35% dos homens e a diferença salarial da Noruega (6,3%) é inferior a metade da média da OCDE (15,5%). Mas mesmo nos melhores lugares deste raking “de telhados de vidro” pode haver melhorias, diz o The Economist. No seio da OCDE as mulheres têm mais graus académicos mas ganham menos, o que poderá também estar relacionado com o tipo de escolhas profissionais de cada género. “Os rapazes tendem a escolher áreas de engenharia e de computação e as meninas optam mais pelas áreas de saúde, bem estar e educação”, diz o artigo.
Altos cargos têm mais exposição pública
Mas a grande diferença vem da maternidade e, por isso, as mulheres continuam a ocupar menos cargos de direção e de administração. “Apesar de as empresas americanas terem menos mulheres nos conselhos de administração do que as europeias, elas têm mais mulheres nos altos cargos financeiros e isso faz mais manchetes nos media”, conclui-se. “ E a empresa MSCI também descobriu que cada vez que uma mulher consegue chegar a um lugar de topo tende a trazer mais mulheres para essas posições”.
A própria revista, que agora publicou em primeira mão o ranking “Glass-ceiling index”, nomeou há um ano Zanny Minton Beddoes para o lugar de diretora, tornando-se na primeira mulher a exercer este cargo. Mais uma ajuda para inverter a situação.