A presença do preconceito contra as mulheres na indústria tecnológica da computação – maioritariamente masculina – ficou recentemente provada por um grupo de estudantes norte americano que pensava que os códigos desenvolvidos por homens eram mais apreciados pelos colegas do que os escritos por mulheres. Mas a conclusão deste estudo, levado a cabo no GitHub – uma das maiores comunidades abertas de software sediada em S. Francisco (EUA) e usada por mais de 12 milhões de pessoas – surpreendeu os estudantes. Afinal, os códigos introduzidos por mulheres tinham uma taxa de aprovação de 78,6% e o dos homens era de 74,6%.
Perante os surpreendentes resultados da premissa inicial, os estudantes foram procurar uma explicação. E foi aí que fizeram uma descoberta ainda mais “perturbadora”: Quando o género não era identificado, o trabalho executado pelas mulheres era mais aceite, mas sempre que era identificado a taxa de aceitação baixava.
O trabalho das mulheres é mais aceite do que o dos homens desde que não se soubesse que era feito por elas.
E perceberam isto a partir do momento em que analisaram os perfis pessoais – os que diziam expressamente que eram mulheres e os que eram neutros – e despistaram hipóteses que justificassem esta disparidade tentando perceber se as mulheres estavam a ser beneficiadas por alguns colegas ou se era apenas nalgumas alterações feitas à linguagem de computação que elas eram superiores. Mas nada disso acontecia.
Esta pesquisa é de 2013, altura em que se calcula que apenas 11,2% dos programadores fossem mulheres, e concluiu o impensável: o trabalho das mulheres é mais aceite do que o dos homens desde que não se soubesse que era feito por elas. Os resultados também perturbaram a vida no GitHub que tem enfrentado acusações internas de sexismo e que levou mesmo à demissão, em 2014, do co-fundador e CEO Tom Preston-Werner.
Em 2013, o GitHub instalara um tapete à entrada da sede do edifício que dizia “United Meritocracy of GitHub”. Mas o tapete foi removido em 2014 e a empresa aguarda a chegada de um outro. “Apesar da meritocracia ser uma virtude ela não faz muito pela diversidade no local de trabalho”, explicou o CEO Chris Wanstrath no twitter.