O plano de Rita Lopes quando decidiu fazer um mestrado em Londres, após a licenciatura em Economia na FEP, era regressar quanto terminasse, mas não foi o que aconteceu. Após o mestrado em International Accounting and Finance na Cass Business School, ficou indecisa entre voltar ou ficar e foi ficando. Aceitou um projecto remote com a Euromonitor, até decidir o que fazer, e, pouco depois, entrava na Bloomberg, onde ficou cerca de seis anos. Começou no departamento de Analytics e nos últimos quatro anos esteve na área de Sales e Account Management, onde era responsável por contas em Zurique, com viagens de trabalho semanais.
Após cerca de oito anos em Londres, sentiu que precisava de uma mudança pessoal e profissional e, como já conhecia bem Zurique pelas constantes viagens de trabalho, decidiu que esse seria o próximo destino. O resto aconteceu por acaso. Foi contactada pela partner da Swisslinx, para trabalhar na área de executive search, e a sua primeira resposta foi um não, afinal não era era a sua área de formação. A verdade é que depois de várias conversas, decidiu arriscar e aceitar a proposta. Hoje, é principal recruiter financial services na Swisslinx e diz com orgulho que já colocou cerca de 100 candidatos! E afinal, as diferenças não eram tantas como lhe pareceu inicialmente. Trabalha exactamente com o mesmo tipo de clientes que tinha na Bloomberg, pesquisando e colocando os melhores perfis nas mais diversas áreas do sector financeiro.
Diz que o maior desafio e aquilo de que, sem dúvida, mais gosta, é encontrar e colocar candidatos com um perfil muito específico e pouco disponível no mercado. “Muitas vezes se ouve ‘Quero trabalhar em RH porque gosto de lidar com pessoas’ mas a verdade é que disso gostamos todos, desde que as pessoas sejam cooperantes!”, alerta, defendendo que este é um trabalho para quem gosta de gerir emocões e expectativas: as suas, as dos candidatos, as dos clientes. E já agora, é muito importante saber gerir deadlines e targets constantes.
Rita Lopes deixou a família e os amigos em Portugal, por isso, volta frequentemente para manter o contacto. Nessas viagens, aproveita também para matar saudades do mar e da atitude aberta e espontânea dos portugueses, de que confessa sentir muita falta na Suíça.
Conheça as suas sugestões para as executivas que visitem Zurique.
O café ou casa de chá para um bom pequeno-almoço
Sou uma acérrima fã da Spruengli, uma das confeitarias/chocolatarias mais tradicionais da Suíça, sobretudo da loja principal em Paradeplatz, o coracão financeiro de Zurique. Os luxemburgerli são a versão suíça dos macarons e uma das especialidades da casa, onde locais e turistas se misturam.
Outra boa opcão é o Conditorei Schober, o mais antigo café de Zurique, onde não pode perder o Apfelstrudel e o chocolate quente!
O restaurante para um almoço de negócios
Para um almoco de negócios mais tradicional e central, o Taos e o Cantinetta Antinori, em Bahnhofstrasse, são sempre boas opções. Se quer que o almoço seja num sítio mais descontraído e tradicional, porque não experimentar o Zeughauskeller, um restaurante de comida típica num edifício do século XV?
A livraria imperdível
A loja principal da Orell Fuessli, com o último piso dedicado aos livros em inglês e aos produtos britânicos. Para alguém que como eu, viveu rodeada de livrarias em Londres, esta é uma boa alternativa.
A sala de espetáculos obrigatória
Hallenstadion pode ser considerado o equivalente à Altice Arena e tem bons concertos frequentemente.
Um museu ou uma exposição a não perder
O Kunsthaus é o meu museu preferido na cidade. Tem uma enorme variedade de obras desde Picasso a Monet, Chagall e Andy Warhol.
As lojas de decoração a que não resiste
O Globus, uma das principais cadeias suíças, tem um piso de decoração muito interessante, sendo que grande parte dos produtos (têxteis e cerâmicas) são de produção portuguesa. A Sostrene Grene é uma loja de artigos de decoração dinamarquesa que está a fazer um sucesso por cá, com a renovação semanal de produtos e o baixo custo.
As lojas favoritas para comprar roupa, sapatos e carteiras
Apesar de aproveitar as minhas viagens para fazer compras, uma vez que vou com frequência a Portugal, se procuro algo diferente, o Jelmoli é a minha loja preferida em termos de qualidade e variedade de oferta. Ainda há uma grande tradição em Zurique de apanhar o comboio e ir a Milão ou Konstanz fazer compras.
Os beauty spots
Há uma grande oferta de servicos de beleza e o site treatwell.ch permite pesquisar por servico e bairro!
O mercado ou a mercearia para comprar bons produtos
O Jelmoli e o Globus têm uma excelente seleção de produtos nos seus supermercados. Outra alternativa é o Mercado de Biológicos que se realiza às quartas e sábados de manhã em Oerlikon.
Que especialidade é obrigatório experimentar
Não podendo passar ao lado do rosti de batata típico, das salsichas e do fondue ou raclette, a verdade é que para mim, os chocolates da Laderach são obrigatórios! Vendem-se ao peso e todos os meses há uma nova especialidade.
O que mais gosta na cidade
Pelo facto de Zurique ser uma cidade tão pequena, rapidamente se chega a todo o lado o que facilita imenso o equilíbrio entre a vida profissional e a social. O lago no Verão é outro ponto forte da cidade, sendo que facilmente posso ir dar um mergulho ao fim do dia com os meus amigos ou relaxar num dos muitos badis.
O que menos gosta
A Zurique falta-lhe a vibe de grande cidade cosmopolita, o que se traduz numa necessidade maior de explorar outras áreas do país e de viajar.
O que mais a surpreendeu na cidade?
A centralidade de Zurique é um bónus para quem gosta de viajar ou fazer escapadinhas de fim de semana. Gosto muito da diversidade de cafés e dos banquinhos espalhados aos longo dos trilhos, para podermos simplesmente parar e apreciar a vista.
Qual o segredo mais bem guardado de Zurique
Sugiro um mergulho à hora de almoco no Frauenbad, uma piscina/acesso ao lago para mulheres, com um bar aberto a todos a partir das 19h, o Barfussbar.
Que hábito ganhou nessa cidade que não tinha em Portugal
Em Zurique ando imenso de comboio, seja para chegar ao trabalho (7 minutos de trajeto) seja para me deslocar a outros pontos do país. São super pontuais, limpos e modernos e as vistas são geralmente muito melhores do que se usarmos o carro. Outro hábito que ganhei durante o Verão, uma vez que isso não era possível em Londres, são os mergulhos no lago depois do trabalho… em 10 minutos estou lá.
O que diria a uma executiva que foi convidada a trabalhar em Zurique
Go for it! Se a oferta é boa e/ou o projecto interessante, uma experiência internacional é geralmente muito benéfica. Há uma grande comunidade de expatriados na cidade e a qualidade de vida é boa.