A Executiva e a Cupra promoveram mais uma Women Empowerment Talk sobre “Há um lugar no céu para as mulheres que empoderam outras mulheres.” Uma plateia de executivas e mulheres de talento reuniu-se ontem no CUPRA City Garage Lisboa para assistir a uma conversa inspiradora entre Joana Frias Costa, presidente executiva e fundadora da Inspiring Girls, e Manuela Doutel Haghighi, co-fundadora do primeiro Women Network da Microsoft Portugal. Na abertura do evento, Teresa Lameiras, diretora de Comunicação e Marca da SIVA|PHS, deu as boas vindas às participantes que acorreram a este stand de automóveis, único, distintivo e inspirador, inaugurado há um ano, em pleno centro de Lisboa. Congratulou-se pelos cinco anos desta marca de automóveis, com vendas que triplicaram num ano, ancoradas nos valores de design, performance e sofisticação, destacando o lançamento no mercado português dos novos veículos eletrificados.
Despertar para o empoderamento das mulheres
Tendo como base a célebre frase da ex-secretária de Estado norte-americana, Madeleine Albright, juntámos duas mulheres que dedicam grande parte das suas vidas ao empoderamento feminino e que mostraram como as mulheres podem ter um impacto positivo na vida e na carreira de outras mulheres, motivando-as e inspirando-as a atingirem todo o seu potencial.
Antes de lançar em Portugal a Inspiring Girls, Joana Frias Costa já tinha uma carreira de mais de 15 anos experiência em Comunicação, Marketing e Responsabilidade Social Corporativa, tendo passado pelo turismo, indústria farmacêutica e setor financeiro. Paralelamente, há 10 anos que é professora no ensino superior, na Escola Superior de Comunicação Social. Licenciada em Relações Públicas e Comunicação Empresarial, com mestrado em Gestão Estratégica das Relações Públicas, pela ESCS-IPL, o tema da igualdade de género sempre lhe interessou e achava que tinha de fazer algo com impacto social. Ainda que estivesse envolvida em causas sociais, sentia que podia dar mais. “Quando me cruzei com o projeto Inspiring Girls, que nasceu no Reino Unido, senti que era o timing certo e a oportunidade para o trazer para cá.” Com dois empregos, uma filha de 2 anos e grávida, confessa que não foi fácil o caminho até fundar esta ONG em Portugal, em 2021. Desde então, tem mostrado à futura geração de mulheres que podem ter tudo. A missão da Inspiring Girls, presente em mais de 26 países, é inspirar as raparigas a alcançarem as suas aspirações, e para isso dinamizam sessões em escolas, onde participam voluntárias da associação, com os mais variados percursos pessoais e profissionais, que partilham as suas histórias e experiências. “Mostramos, assim, às raparigas que há diversidade de carreira e várias opções de profissões que podem seguir, e que ser mulher não é uma limitação para as alcançar.” Workshops temáticos, speed networking e conversas inspiracionais, fazem parte das ações da Inspiring Girls, que também organiza clubes financeiros e clubes de auto-estima.
O que preocupa as jovens e as mulheres
Ser mulher, jovem, estrangeira, mais tarde mãe solteira, no mundo muito masculino das tecnologias foi um desafio constante para Manuela Doutel Haghighi porque quanto mais subia na carreira, menos mulheres encontrava e maiores eram os desafios. Saiu de Portugal em 1995 para ir estudar e por lá ficou mais de 25 anos. Tem uma licenciatura e mestrado em Economia e Gestão, na École de Commerce de Toulouse, e um MBA feito nos EUA. Trabalhou em sete países em três continentes e fez a sua carreira em multinacionais de tecnologia, como a IBM, onde esteve durante 17 anos, e agora a Microsoft, onde está há dois anos, como Global Customer Success Account Director, onde gere clientes e equipas multiculturais de uma conta global e complexa. A sua rede de network feminina foi fundamental neste percurso e, por isso, quando decidiu regressar a Portugal, em 2021, para gerir uma conta global japonesa, já trazia consigo a vontade de co-criar o primeiro Women Network da Microsoft Portugal.
“Nasci revolucionária e não sabia que era feminista”, afirma Manuela Doutel Haghighi, filha de mãe portuguesa e de pai iraniano. Foi quando viveu e trabalhou no Reino Unido que se juntou à rede Women Network, e começou a interessar-se pelas regras informais do mundo empresarial. Em todos os países por onde passou aprendeu a importância da união feminina e pretende partilhá-la e difundi-la em Portugal, onde percebeu que não havia redes de networking.
Da sua experiência, refere que há comportamentos que encontra nas muitas mulheres com quem já se cruzou e que ajudou: “As meninas são educadas para serem perfeitas, mas nunca serão perfeitas o suficiente. E nas empresas isso não leva a nada; enquanto os homens se chegam à frente e fazem networking, as mulheres preocupam-se se fizeram tudo bem feito.” Nas três áreas de atuação desta organização, onde se incluem o trabalho com jovens, essencialmente sobre o estigma das tecnologias, e as parcerias estratégicas com todo o tipo de entidades, é na área de empowerment que se trabalha aquilo que está a impedir as mulheres de crescerem. Entre as grandes questões que preocupam as mulheres, Manuela Doutel Haghighi, destaca as relacionadas com promoção e negociação, “muitas empresas vendem a ideia de meritocracia, mas nem sempre são claras sobre todos os critérios necessários para ter o mérito”; e com o conflito e as microagressões: “as mulheres não lidam bem com os conflitos, basta pensarmos que enquanto as meninas brincam às princesas e com bonecas, os rapazes aprendem a jogar, a arriscar, a negociar.”
Joana Frias Costa explica que as grandes dúvidas das raparigas têm que ver, sobretudo, com a discriminação no dia a dia, a falta de oportunidades e os obstáculos que podem levar a que se abrace uma profissão que não tem a ver com a área de estudos e formação, por isso “dizemos-lhe sempre que podem ser muitas coisas ao longo da vida”. Trazer rapazes para as sessões é um desafio, mas quando as sessões são mistas, as raparigas sentem-se pouco à vontade para fazerem perguntas. “Ouvem-se mais as vozes deles, e já ouvi de um rapaz que as mulheres não podem ganhar mais que os homens, porque elas ficam mais tempo em casa, quando tem filhos e para cuidar deles.”
As vidas que já ajudaram
Ao longo destes anos, as organizações que lideram já ajudaram muitas vidas e empoderaram muitas mulheres e novas gerações. “Conseguimos medir o número de mulheres que foram promovidas, que mudaram de cargo e até as razões que motivaram as suas saídas das empresas”, conta Manuela Doutel Haghighi. Por seu lado, Joana Frias Costa explica que através dos inquéritos de satisfação que são feitos às raparigas “conseguimos apurar se houve mudança de atitude antes e depois das sessões. As métricas são essenciais, são a nossa pegada.”
Há ainda um longo caminho a percorrer para a paridade, “mas não vou esperar 130 anos pela igualdade. Acredito que a diversidade é o melhor para os negócios, porque se metade do mercado é feminino, não faz sentido que dentro da empresa não haja representação das mulheres”, diz Manuela Doutel Haghighi.
Embora esteja orgulhosa do que a Inspiring Girls Portugal alcançou em tão pouco tempo, Joana Frias Costa acredita que foi um desafio chegar até aqui: “a organização cresceu tão rapidamente que percebi que tinha de dar um salto de fé: despedi-me do meu trabalho, fiquei apenas com um part-time na faculdade, e agora com uma família de quatro, o ordenado não é o mesmo que tinha.” Mas, explica: “sou apaixonada pelo que faço, o que nunca tinha sentido na vida. Fui a jogo, arrisquei… e cheguei aqui”.
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