Como transformar uma resolução em realidade

Nesta altura de definir objetivos para mais um ano, siga os conselhos da psicóloga clínica Ana Maria Paulo para conseguir que eles se concretizem realmente.

Confie nas suas capacidades. Seja resiliente.

Nas alturas de transição, novo ano ou depois das férias, elaboramos listas de resoluções, traçamos objetivos e na maioria dos casos, cheios de energia e determinação, arregaçamos as mangas e pomos mãos à obra. Mas passado pouco tempo, desistimos ou o que resta é uma extensa lista de desculpas ou de motivos pelos quais não foi possível, desta vez, concretizar as nossas resoluções. Na próxima passagem de ano, ou após férias, faremos tudo de novo. E está assim criado um ciclo de boas intenções e de boas frustrações! Alterar um comportamento enraizado ao longo dos anos não é tarefa fácil, porque essa alteração vai contra a nossa vontade e contra os nossos hábitos e rituais. O que podemos então fazer para que as nossas resoluções não falhem? Não existem fórmulas mágicas, mas, sim, alguns caminhos que podem ajudar a alterar estes ciclos de insucesso.

O custo atribuído ao incumprimento pode ser outro motor de eficácia na altura de pôr em prática as nossas decisões. Se o custo de “ceder à tentação” for baixo, o mesmo é facilmente desvalorizado. Se elevar o custo, reduz a tentação e aumenta fortemente a motivação. Mas como é que se pode aumentar a perceção do custo da desistência? Procurar obter mais conhecimento específico sobre as vantagens da implementação das suas resoluções – exemplo: literatura da especialidade –, ou através da acumulação de vivências decorrentes de anteriores tentativas de execução do plano e das consequências do seu abandono. Por exemplo: uma resolução recorrente é o desejo de fazer exercício físico com assiduidade. Se praticarmos durante algum tempo, ficamos com o conhecimento vivenciado de nos sentirmos mais saudáveis, com mais vitalidade, com mais energia, etc., comparativamente com a forma como nos sentimos no período após desistência da prática. Este conhecimento adquirido através da vivência pode tornar-se um fator de motivação e de superação porque aumenta a relevância do custo da desistência.

Se o resultado dos objetivos a alcançar for distante e abstracto as consequências da não execução não são suficientemente convincentes para superar outras prioridades diárias, com as quais poderão entrar em conflito. Já, se as resoluções forem objetivas e tiverem consequências a curto prazo, as resoluções tornam-se mais concretizáveis. Como exemplo, poderemos referir decisões relacionadas com a saúde. As boas intenções de alterar comportamentos que julgamos prejudiciais podem não ter um efeito imediato ou a curto prazo no nosso desempenho no dia a dia tornando mais difícil a sua implementação. Daí a relevância de criar uma lista de resoluções com plano de ação adequado.

 

Como fazer com que a sua lista de resoluções se torne realidade?

Fazer a lista de resoluções. Defina por escrito quais as resoluções, indicando as motivações que o levaram a eleger e o que espera alcançar. O número de resoluções deve ser reduzido para facilitar a sua execução.

Criar um plano de ação. Planificar as tarefas, criar uma estratégia detalhada e calendarizar metas facilmente alcançáveis.

Definir marcos. Ao longo do plano de ação devemos definir marcos que nos situem e nos façam ver o caminho percorrido e o que foi alcançado.

Ser realista. De nada serve um bom planeamento se os objetivos não forem realistas.

Comprometimento público. Partilhe as suas resoluções. Quanto mais envolvidas as pessoas estiverem maior será o incentivo e mais fácil será manter-se no caminho. Claro que quando partilhada existe um custo acrescido de responsabilidade de compromisso connosco e com os outros…

Jogo/diversão. Se for possível transformar as suas resoluções num jogo divertido, provavelmente as emoções associadas serão mais positivas.

Prémios. Oferecer recompensas à medida que os objetivos, ou os marcos definidos, são alcançados, é mais motivador do que ter uma recompensa final, que poderá demorar a atingir e levá-lo a desistir antes de lá chegar.

Ser corajoso. Desafie-se, tenha ousadia na execução dos seus planos.

Ser confiante. Confie nas suas capacidades, seja resiliente.

Manter a lista visível, para que a cada momento se lembre dos seus compromissos e os vá realizando.

Se ainda assim não lhe for possível ter sucesso nas suas resoluções, não se julgue, nem se culpabilize, tente refletir sobre o que não funcionou, que dificuldades encontrou e como poderá da próxima vez contorná-los e torná-los aliados.

Referimos no início que o autoconhecimento é uma poderosa ferramenta para alterar a mente, isto é a forma como pensamos e organizamos os nossos hábitos e preferências. Não raramente após uma profunda reflexão, concluímos que a ineficácia do nosso plano não se prendeu com o objetivo em si, mas com tudo o que teria de se alterar para o alcançar. Para passar a praticar exercício todos os dias, poderá ser necessário redefinir todos os hábitos enraizados ao longo de anos. Eventualmente, poderá estar a tomar uma resolução não eficaz caso não tenha em linha de conta todas as alterações que terá de efetuar para tornar a longo prazo esta prática sustentável. A dificuldade não está na prática, ou no gosto pela atividade física, ou mesmo em encontrar bons motivos para praticar, mas, sim, na alteração radical do estilo de vida. O mesmo se passará com outras resoluções que podem implicar alterações profundas na gestão do seu dia a dia.

 

Este texto faz parte do livro “Como Chegar a Líder – 600 Conselhos de Carreira (Vindos de Quem Sabe)”, que reúne textos de 62 autores e foi editado por Isabel Canha e Maria Serina. Pode comprá-lo aqui.

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