Susana Serra: “Fazer o The Lisbon MBA foi uma mudança de paradigma”

Engenheira do ambiente, Susana Serra cofundou a empresa de consultoria ambiental BioVision, em Moçambique, com a visão de impulsionar a economia circular em África. Nesta etapa, beneficiou da formação em gestão que lhe foi dada no The Lisbon MBA Católica|Nova.

Susana Serra é managing partner da BioVision.

Desde cedo que Susana Serra trabalha por sua conta. Esta engenheira do ambiente cofundou a sua própria empresa, a AMB e Veritas, logo após ter terminado um estágio realizado no seguimento da sua licenciatura. Foram dez anos focada essencialmente “nas questões de planeamento operacional e estratégia, desenvolvimento de um público-alvo consistente e fiel, e definição de objetivos e elaboração de um plano de ação para os alcançar”, em que a empresa passou de 3 para 60 empregados em alturas de pico. Foi após este período que a empreendedora sentiu que precisava de consolidar e expandir os seus conhecimentos em gestão. Fez uma pausa na carreira e dedicou-se à sua formação. Optou pelo The Lisbon MBA International, uma escolha que fez devido à forte componente internacional do programa, fundamentada pela parceria com o  MIT Sloan. “Simultaneamente, atraiu-me a abordagem prática – learning by doing, que o The Lisbon MBA Católica|Nova desenvolve em todos os módulos e o currículo de professores internacionais, que são excelentes a nível académico e prático”, conta. “O learning by doing, para mim que sou uma pessoa bastante hands on, demonstrou ser uma abordagem que enfatizou a aprendizagem prática e a aplicação direta dos conceitos aprendidos em sala de aula, tendo sido muito importante na consolidação dos conhecimentos que tenho hoje.”

Neste processo, Susana Serra conheceu diferentes pessoas de outras nacionalidades e acabou por desenvolver um projeto em Moçambique para a Administração Nacional de Estradas. Após este, vieram muitos outros, em colaboração com empresas de renome internacional como a ERM – Environmental Resources Management e a Ramboll, que lhe deram a confiança para fundar a BioVision, empresa moçambicana que opera em todos os países africanos na área da consultoria ambiental.

 

O que a levou a escolher Engenharia do Ambiente?

Era algo que me fascinava. A motivação para a escolha foi a preocupação com o ambiente, sendo que desejava trabalhar na preservação dos ecossistemas.

Na licenciatura, o que mais me fascinou foi aprender as bases para o desenvolvimento de soluções sustentáveis que minimizam o impacto negativo das atividades humanas no ambiente. Investi mais no estudo sobre o desenvolvimento de tecnologias limpas e gestão eficiente dos recursos naturais, uma vez que via a minha carreira como multidisciplinar, combinando conhecimentos de ciências naturais, engenharia, economia, gestão e políticas públicas.

 

Quais os principais passos do seu percurso profissional e que mais-valias retira de experiências profissionais tão diversas?

Após ter terminado a faculdade, estagiei numa empresa de consultoria ambiental, na área de análise de ciclo de vida de produtos. Nesta empresa, trabalhei por um ano na área de impactos ambientais. Sendo a IPA – Inovação e Projectos em Ambiente uma empresa versátil e diversificada, esta primeira experiência profissional foi utilizada para ampliar conhecimentos e trabalhar em diferentes áreas e contextos profissionais. As principais mais valias desta experiência foram a aquisição de conhecimentos específicos na área de impactos ambientais e o desenvolvimento de habilidades relevantes para o meu percurso profissional. Essa diversidade de conhecimentos e habilidades foi valiosa ao abordar problemas complexos e ao buscar soluções inovadoras em projetos diversos, desde a construção de infraestruturas à implementação de projetos de tratamento de resíduos sólidos.

Após este primeiro ano, surgiu a oportunidade de abrir a minha própria empresa, a AMB e Veritas, com dois outros sócios. Durante uma década, fui a gestora operacional da empresa passando, neste intervalo de tempo, de 3 para 60 empregados em alturas de pico. Foram 10 anos de trabalho intenso e muitos desafios profissionais, onde me foquei essencialmente nas questões de planeamento operacional e estratégia, desenvolvimento de um público-alvo consistente e fiel, e definição de objetivos e elaboração de um plano de ação para os alcançar.

Foi após 10 anos a gerir a minha empresa que decidi consolidar e expandir os meus conhecimentos em gestão, estratégia e liderança, através da realização de um MBA. Tomei a decisão de fazer uma pausa na carreira para levar a cabo este projeto e enveredei pelo programa full-time The Lisbon MBA International. Este caminho levou-me a conhecer diferentes pessoas de outras nacionalidades e acabei por desenvolver um projeto em Moçambique para a Administração Nacional de Estradas. Após este, vieram muitos outros, em colaboração com empresas de renome internacional como a ERM – Environmental Resources Management e a Ramboll, que me deram o impulso necessário para abrir a BioVision, uma empresa moçambicana que neste momento opera em todos os países africanos na área da consultoria ambiental.

 

O meu maior desafio profissional foi, sem dúvida, a passagem de um clima europeu para um africano na ótica da gestão de pessoas. Gerir pessoas em África e na Europa envolve diferenças culturais, socioeconómicas e de legislação muito significativas.

 

Qual o maior desafio profissional com que teve de lidar e como o enfrentou?

O meu maior desafio profissional foi, sem dúvida, a passagem de um clima europeu para um africano na ótica da gestão de pessoas. Gerir pessoas em África e na Europa envolve diferenças culturais, socioeconómicas e de legislação muito significativas. Para não falar de que Moçambique possui uma ampla gama de culturas com maior ênfase na hierarquia vertical, sendo a comunicação mais indireta, com maior uso de linguagem corporal e expressões faciais para transmitir significado. Outro desafio foi a adaptação à legislação. Tive de aprender quase tudo do zero, no que diz respeito às leis de ambiente que são muito ligadas às leis sociais, tendo em conta as situações de pobreza, infraestrutura limitada e desigualdades económicas.

Estes desafios abriram os meus horizontes sobre a forma de definir soluções ambientais e de sustentabilidade, dando-me uma versatilidade, que agora entendo, não possuía antes, e contribuiram para impulsionar o sucesso na minha carreira a nível internacional.

 

O que a levou a fundar a Biovision?

Após a minha experiência com empresas internacionais em diversos países africanos, decidi tornar a paixão que tenho por África num serviço específico que pudesse desenvolver à minha maneira e em que pudesse implementar as minhas ideias e visões. Assim, em conjunto com duas sócias abri a BioVision, que tem como objetivo principal levar soluções ambientalmente sustentáveis a todos os países africanos em projetos diversos. Fornecemos serviços transversais às áreas de petróleo e gás, mineração, infraestruturas e energia, nas áreas de sustentabilidade e alterações climáticas, transição para economia de baixo carbono, impacto ambiental, planos de reassentamento e monitorias.

 

Quais os desafios que enfrenta em manter uma empresa de consultoria ambiental e social em Moçambique?

Os principais desafios encontrados nestes anos de operação estão relacionados com a gestão de projetos complexos e multidisciplinares e a alocação de recursos aos mesmos. A formação de licenciados em Moçambique é ainda muito desafiante, pelo que necessitamos de investir em muita formação para manter técnicos qualificados e motivados a trabalhar numa área tão versátil como a consultoria ambiental.

Também as diferentes perspetivas e interesses envolvidos nas interações com várias partes interessadas, incluindo clientes, comunidades locais, governos e organizações não governamentais, foram desafiantes permitindo que desenvolvesse as minhas capacidades de negociação, levando a bom porto o fecho de negócios e de novos serviços e projectos.

 

Que projetos estão a desenvolver?

Neste momento desenvolvemos projetos diversos, como o desenvolvimento de créditos de carbono de uma plantação de bambú, estudos de impacto ambiental de centrais de painéis solares, monitorização offshore de corais e ervas marinhas para projetos de petróleo e gás, e planos de reassentamento para ume pedreira de calcário. A BioVision é também frequentemente requisitada para agir como auditora independente em nome de instituições de crédito para grandes projetos como extrações de gás ou explorações de diamantes.

 

“Atraiu-me a abordagem prática – learning by doing e o currículo dos professores”

 

Porque decidiu fazer o MBA e porque escolheu o The Lisbon MBA Católica|Nova? 

Em 2010, ano em que fiz o meu MBA, tinha já cerca de 10 anos de experiência em gestão de empresas sem ter tido nenhuma formação nesse sentido. Esta foi a primeira razão de peso para ter enveredado por esta escolha. Com este programa, adquiri conhecimentos e competências avançadas em áreas-chave da gestão, tais como estratégia, finanças, marketing, operações e liderança. No entanto, existiram outras razões para fazer o MBA, como a criação de uma rede de contactos que permitisse impulsionar a minha carreira, efetuar uma reflexão crítica e promover o desenvolvimento de habilidades analíticas e de resolução de problemas.

A escolha do The Lisbon MBA Católica|Nova foi essencialmente fundamentada por ser lecionado em língua inglesa, algo que queria muito aperfeiçoar, e pela parceria que duas escolas de peso portuguesas (CATÓLICA-LISBON e Nova SBE) têm com o MIT Sloan. Simultaneamente, atraiu-me a abordagem prática — learning by doing —, que este MBA desenvolve em todos os módulos e o currículo de professores internacionais, que são excelentes a nível académico e prático.

 

Como viveu essa experiência de learning by doing, tão crítica no The Lisbon MBA Católica|Nova?

Esta foi a parte mais interessante e divertida do The Lisbon MBA. Foi aqui que simulámos negócios, estudámos casos, escrevemos um livro num dia, fizemos um filme e pintámos um quadro. Nesta experiência, fomos agrupados em equipas de trabalho diversificadas e multidisciplinares, e o mais interessante foi ouvir as ideias de pessoas tão diferentes e integrá-las num único projeto com um único objetivo.

O learning by doing, para mim que sou uma pessoa bastante hands on, demonstrou ser uma abordagem que enfatizou a aprendizagem prática e a aplicação direta dos conceitos aprendidos em sala de aula, tendo sido muito importante na consolidação dos conhecimentos que tenho hoje.

 

Atualmente, e olhando em retrospetiva, penso que o MBA me tornou mais versátil e atenta aos outros e, definitivamente, me deu muitas bases para o desenvolvimento e crescimento da BioVision.

 

Como conciliou o programa com a sua vida profissional e pessoal? 

Fazer um MBA a tempo inteiro foi, sem dúvida, um grande desafio. Na altura, tinha já dois filhos pequenos, de 2 e 3 anos de idade.  Foi preciso apostar num planeamento e organização impecáveis, que levassem em consideração os compromissos pessoais e académicos, assim como estabelecer prioridades. Foi então que aprendi a dizer “não” a atividades que podiam consumir tempo sem contribuir significativamente para os meus objetivos. Tive de me concentrar nas tarefas e atividades que eram essenciais para o meu progresso, tanto no MBA, como na vida pessoal.

 

Como é que o The Lisbon MBA Católica|Nova contribuiu para definir e implementar o seu propósito e atingir os seus objetivos profissionais? O que esta formação em gestão mudou na sua vida profissional?

Fazer o The Lisbon MBA foi decididamente uma mudança de paradigma, que me ajudou a ser a gestora que sou hoje. Para além dos conhecimento e competências adquiridos que me ajudaram a definir uma perspetiva mais abrangente e estratégica, permitindo-me enfrentar os desafios profissionais com maior confiança e eficácia, criei uma rede de contatos com colegas, professores, ex-alunos e profissionais do setor, que me ajudou a impulsionar a minha carreira. Na minha transição para Moçambique, esta rede ajudou-me a abrir portas em alguns negócios e no desenvolvimento de oportunidades e trocas de experiência importantes no meu percurso.

Atualmente, e olhando em retrospetiva, penso que o The Lisbon MBA Intenational me tornou mais versátil e atenta aos outros e, definitivamente, me deu muitas bases para o desenvolvimento e crescimento da BioVision.

 

Que conselho gostaria de deixar a uma jovem executiva? 

Em primeiro lugar, lembrar que cada pessoa é única e terá sua própria jornada profissional. É importante adaptar todas as ideias às suas circunstâncias individuais e aos seus valores pessoais.

Como conselho principal, diria que deverá começar por estabelecer metas claras e objetivos para si mesma, tanto pessoais quanto profissionais. Deverá ter uma visão clara do que deseja alcançar e trabalhar de forma consistente para alcançar esses objetivos. Manter o foco e a motivação ao longo do caminho é o conselho principal. Estas metas devem ser revisitadas periodicamente pois as circunstâncias da nossa vida mudam muito rápido e devem ser sempre tidas em conta nas nossas decisões pessoais e profissionais.

Finalmente, e mais importante do que tudo, devem fazer o que efetivamente gostam de forma melhor que os outros. Isto não significa ter o maior e melhor conhecimento técnico, mas sim agregar outras características e valores pessoais nas funções que ocupa. Valores como confiança, integridade e humildade são conceitos chave para o sucesso de qualquer executiva.

 

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