Para traçar um plano de carreira com sucesso é preciso que se defina à partida o que é se entende como sucesso, referiu Soledade Carvalho Duarte, managing partner, da Invesco Transearch, na sua talk que encerrou a 7.ª Grande Conferência Liderança Feminina, no dia 17 de março, no Porto. Cada pessoa “pode e deve, mas, sobretudo, tem de perceber e esclarecer o que é para si o sucesso. Não tem de haver uma uniformização porque nem todas querem, ambicionam, ou podem ser CEO, mas, por vezes, parece que há uma pressão para se atingir esse objetivo, de continuar a crescer, de chegar lá, não porque se queira, mas por se ter uma pressão. Por outro lado, quer-se e tem-se a pressão contrária que tenta impedir”.
Soledade Carvalho Duarte considera que existem três pilares que podem sustentar uma carreira de sucesso, mas que tem sempre como pressuposto que “cada uma por si saiba a sua definição de sucesso ou de vitória”.
O primeiro pilar é o masterplan, plano de vida, que é baseado numa reflexão pessoal sobre o que querem de facto ser, para onde querem ir, a estratégia como, por exemplo, estabilizar a uma dada altura e depois, a médio e longo prazo, mudar. Mas no agora “o que é que de facto nos preenche, o que é que queremos ser, como estar na vida, o que é importante e, depois, como é que se atingem os objetivos, que recursos é que vamos ter que utilizar, quais as competências que temos de desenvolver, o que é que satisfaz e motiva em cada momento da vida para poder construir este masterplan”.
Depois Soledade Carvalho Duarte sublinhou a questão da ligação entre a vida profissional e pessoal. “O plano de vida deve estar relacionado com o plano profissional. Se a pessoa quer ter família, filhos, uma relação estável, convém que a carreira profissional esteja enquadrada pelo nosso plano de vida pessoal, caso contrário é provável que dê divórcio. Por isso, a construção de um plano de vida deve ser a dois”.
Assinalou ainda que não se trata de um plano inscrito na pedra, mas que vai mudando ao longo do tempo, à medida que os objetivos se atingem ou não, ou que os contextos mudam. Podem ser alterados e adaptados “e não há que sentir fracasso ou falhanço, porque quando muda a situação ou os factos, temos de ser inteligentes, ter capacidade de adaptação, flexibilidade, mudar o plano e colocar as coisas a funcionar tal como a realidade exige”.
Paixão e fazer bem
O segundo pilar é o Grit, que tem a ver com paixão, força, resiliência. “Quando estão a fazer coisas façam-nas com paixão, energia e capacidade de entregar aquilo que se propõem. Para se ser realmente bom naquilo que se faz, é fundamental ter paixão. Não há outra forma. Podemos ter mais ou menos energia, mas é este ingrediente de paixão que faz com que os desempenhos passem a notáveis e não apenas médios, para não dizer medíocres”, refere Soledade Carvalho Duarte.
Avisou que durante a vida profissional e pessoal esta paixão tem de ser bem gerida, “mas as mulheres têm uma capacidade inata para ir gerindo e contrabalançando as coisas e os altos e baixos, porque não é possível estar-se sempre apaixonado tanto na profissão como na vida”. Soledade Carvalho Duarte salientou que tem de se estar “preparada para pedir ajuda, e ter alguém com que se possa falar das fragilidades, como um coach ou mentor, porque não somos supermulheres, não vale a pena vestir esta capa porque não vai funcionar”.
O terceiro pilar é a aprendizagem ao longo da vida. “A história de se tirar uma licenciatura e depois, estar-se dez ou quinze anos sem se ter sentado numa escola de negócios, já não existe”, frisou Soledade Carvalho Duarte. Na sua opinião devem colocar na agenda ou no plano: fazer de 3 em 3 anos uma formação pós-graduada numa área em que precisem de aprender mais, seja em áreas técnicas, ou aspetos mais ligados às soft skills, porque é fundamental para a evolução da carreira profissional.
Estes três pilares têm de ser equilibrados e procurar empresas ou organizações com a cultura com a qual se identifiquem e tentar escolher projetos certos e perceber quando é a altura certa de mudar.
Como colocar-se no mapa
Depois é necessário colocar-se no mapa, fazer reconhecer-se “para que os convites cheguem e as oportunidades sejam transmitidas”. Segundo Soledade Carvalho Duarte começa “por uma coisa muito básica que é serem muito boas profissionais, o talento é como o azeite vem sempre ao de cima. Além disso, serem boas pessoas, porque cada vez mais o facto de serem boas colegas, boas subordinadas, boas chefes, serem generosas no apoio e na ajuda a outras pessoas na organização, mesmo que saibam que os louros vão passar para outras pessoas. Mas não se importem porque, se forem generosas, mais tarde ou mais cedo, é reconhecido”.
Incentivou a que “estudem, leiam, preparem-se, tentem ter pelo menos uma a duas horas para fazerem leituras que possam despertar a cabeça para pensar, escrevam, postem na página do linkedin, tentem partilhar essa informação, nem que seja um parágrafo com sentido, que acrescente valor, o que vos faz ficar mais visíveis no mercado”. Soledade Carvalho Duarte aconselha a que se tenha um Linkedin irrepreensível, ter cuidado com as fotografias e com o que se publica no facebook ou no twitter, ter em atenção o dress-code e a linguagem, cultivem um estilo de vida saudável, e se puderem envolvam-se em ações de voluntariado e façam networking.
Como disse Soledade Carvalho Duarte, citando Fernando Pessoa, “para vencer, material ou imaterialmente, três coisas definíveis são precisas: saber trabalhar, aproveitar oportunidades, e criar relações. O resto pertence ao elemento indefinível, mas real, a que, à falta de melhor nome, se chama sorte”.
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