Silvia Duarte, Chief Happiness Officer

Silvia Duarte tem uma função que nem em filmes existia há uma dezena de anos: chief happiness officer. Saiba em que consiste o seu trabalho na Dott.

Silvia Duarte é chief happy officer.

Sílvia Duarte tem uma licenciatura em Design Industrial e um MBA da Porto Business School, entre outras formações em liderança e em coaching, o que revela uma mente curiosa e sempre aberta a novas experiências. O seu percurso profissional denota isso mesmo. Sílvia Duarte começou por trabalhar em design industrial numa empresa de iluminação, fundou depois a sua empresa, que tinha como propósito estimular designers portugueses a criar produtos, produzi-los e colocá-los no mercado, a que se dedicou durante cinco anos. Depois de fazer o MBA na Porto Business School, ficou como coordenadora do Reactor — Innovation Hub, um projeto de apoio a startups nacionais gerido pela PBS, com o apoio da Bright Pixel e da Lionesa, e foi precisamente nesta função que acabaria por se cruzar com o Dott.

Silvia Duarte conta em que consiste a sua função de chief happiness officer naquele que é o maior shopping online do país, com uma oferta de mais de três milhões de produtos. A sua missão é ajudar a desenvolver o potencial dos quase 70 colaboradores que a startup lançada em maio de 2019 tem atualmente.

Como e quando surgiu a oportunidade de ser Chief Happiness Officer? O cargo já existia quando a convidaram ou foi a Sílvia que o foi construindo?

Em 2018 tive a oportunidade de participar no desenvolvimento de uma comunidade tecnológica de startups em fase early stage, onde o meu desafio era apoiar o crescimento e desenvolvimento de cada equipa e da própria comunidade.  Acompanhei 14 startups, uma delas o Dott, que iniciou o seu projeto com apenas seis pessoas numa mesa a discutir apaixonadamente alguns detalhes do que seria hoje o maior shopping online de Portugal. A equipa cresceu até que chegou o momento em que necessitavam de alguém para se preocupar a 100% com o desenvolvimento das pessoas, num formato mais dedicado e à medida.

O trabalho que desenvolvo tem influências do meu percurso profissional que considero disruptivo em comparação com um típico gestor de Recursos Humanos.

O que equacionou antes de aceitar o desafio?

Os meus planos enquanto profissional passam por participar no desenvolvimento e crescimento de uma startup com grande potencial, participando no desenho da estratégia e processos de gestão de pessoas de modo a acompanhar o crescimento desde a sua raiz até um maior grau de maturidade.

O fator que me motivou a aceitar logo o desafio foi ter a oportunidade de fazer algo que estivesse alinhado com o que acredito e que tivesse a cultura em que me sentisse bem, pois já conhecia a equipa, a vontade de fazer acontecer, o potencial do negócio e estilo comprometido e ao mesmo tempo descontraído.

Qual o papel da Chief Happiness Officer no Dott?

O meu foco é criar a melhor experiência para a comunidade do Dott.  Esta experiência passa por desenvolver a cultura interna que promova a expansão e a consistência daquilo que caracteriza uma pessoa que trabalha no Dott.

Também passa por planear e implementar as fundações de todos os processos de gestão de pessoas, fundamentais para que a experiência seja fluida e cativante para cada indivíduo.

Em que medida a sua formação anterior a tem ajudado nesta nova função?

O trabalho que desenvolvo tem influências do meu percurso profissional que considero disruptivo em comparação com um típico gestor de Recursos Humanos.

Diria que são três grandes áreas que me influenciam a gerir a equipa de Pessoas. A primeira é a área do Design, que me permite uma compreensão das ferramentas dessa área, como o design thinking ou o storytelling. A segunda é a área da formação executiva, que me permitiu aprofundar e aplicar ferramentas como as neurociências. Por último, a área da gestão da comunidade da tecnologia e inovação, que me permite ter uma compreensão dos desafios de um grupo com características específicas.

Interligar estas três áreas ajuda-me a olhar com novas lentes o desafio da gestão de pessoas e encontrar novos caminhos para uma experiência positiva e satisfatória.

Aprender, desaprender e reaprender formas de trabalhar, metodologias ou processos é uma característica fundamental, não só para acompanhar o progresso da nossa carreira, mas também o nosso desenvolvimento pessoal.

Fez formações específicas nesta área? Que formação aconselha para ser uma profissional nesta função?

Aprender, desaprender e reaprender formas de trabalhar, metodologias ou processos é uma característica fundamental, não só para acompanhar o progresso da nossa carreira, mas também o nosso desenvolvimento pessoal. Assim sendo, tenho procurado formações, assistir a workshops, seminários, falar com pessoas de referência, identificar mentores da área e de outras para poder trocar ideias, questionar e construir cenários e possibilidades na área de gestão de pessoas.

Para nutrir novos modos de pensar, para criar estratégias diferenciadoras, para desenvolver novas formas de atuar ou para desenhar novos modelos, recomendo estudar e procurar interligar conhecimentos de várias áreas, desde desenvolvimento pessoal, vendas, finanças, neurociências, gestão de emoções, tecnologia, liderança, estratégia ou outras áreas completamente diferentes.

Quais os principais desafios que enfrenta nesta função?

Existem vários desafios inerentes ao desenvolvimento de uma equipa em franca expansão como o Dott, mas os principais estão relacionados com a cultura, a diversidade e o significado.

O primeiro desafio relaciona-se com manter a cultura coesa e sentido de unidade, à medida que a empresa vai crescendo, seja em trabalho remoto ou no escritório. O segundo desafio é o tema da diversidade. Como criar e implementar mecanismos para garantir uma equipa diversa, rica de experiências, contextos e formas de pensar. Por último, o desafio do significado da função de cada pessoa relaciona-se com o processo de otimizar e automatizar cada tarefa para que cada um possa dar o seu melhor e ter sempre tarefas ou projetos significativos no seu dia a dia.

No Dott levamos estes desafios com seriedade, pois o que o Dott se tornou no dia de hoje é fruto dos esforços de cada colega, da riqueza da equipa e alinhamento com o que acredita.

Não há um dia igual. Agarro temas como o planeamento da equipa que queremos para o próximo ano, ou acompanhar um colega na sua progressão ou até organizar um momento descontraído com as pessoas.

Qual a medida que tomou como Chief Happiness Officer de que mais se orgulha?

Existem várias medidas em que tenho orgulho, pois tudo o que estamos a construir na equipa de People é construído na sua raiz. E esse global, a soma de todas as medidas, regras, processos ou rituais que temos é o maior orgulho que possa ter.

Como é o seu dia típico?

Não há um dia igual. Existe um planeamento de vários projetos e a sua variedade é muito rica. Agarro temas como o planeamento da equipa que queremos para o próximo ano, ou acompanhar um colega na sua progressão ou até organizar um momento descontraído com as pessoas.

Qual a parte mais surpreendente da sua função que ninguém imagina?

A possibilidade e a responsabilidade de tornar o agradecimento normal no dia a dia do Dott ou escolher pessoas que valorizem a empatia como forma de trabalhar é ao mesmo tempo surpreendente e extremamente gratificante.

Quanto mais partilhamos, mais oportunidades podemos criar e mais aprendemos.

Que características considera fundamentais para ser boa nesta função?

Existem três pontos fundamentais: ter uma atitude “eu resolvo”, que se traduz em tomar como seu o desafio e encontrar uma solução, mesmo que essa solução precise de melhorias. Empatia e gentileza, olhar para os desafios do outro e adotar comportamentos que o ajudem a ser melhor profissional e melhor pessoa. Por último, ter um mindset de partilha, pois quanto mais partilhamos, mais oportunidades podemos criar e mais aprendemos.

O que acha que as pessoas mais valorizam na sua função?

Cada pessoa valoriza coisas diferentes, mas existe um ponto que é comum a todos: as relações entre os colegas são fundamentais para que se sintam pertencentes a um grupo coeso e com sentido de unidade.

O tornar possível que se sintam ouvidos, que por sua vez, algo está a ser feito e de ter a oportunidade de ter pessoas que os desafiam a pensar, que os guiam e/ou fazem mentoria, é um dos pontos mais significantes para tornar essas relações mais fortes.

Quem tem sido a sua grande referência nesta área?

Existem várias pessoas que me inspiram todos os dias, sejam colegas de trabalho, grandes autores ou até mesmo a família e os amigos que tenho.

Por exemplo, os líderes do Dott inspiram-me e desafiam-me a querer fazer mais e melhor pelas suas personalidades diferentes. Outra referência que sigo, estudo e procuro aplicar é o autor Simon Sinek, que defende que o propósito é o motor das organizações.

Que conselho deixaria a uma mulher que queira tornar-se Chief Happiness Officer?

A nota que deixo é que quanto mais se conhecem (que poderá ser através de ferramentas de desenvolvimento pessoal) mais alinhadas poderão estar com o seu propósito. E cada vez que esse propósito é mais nítido, têm a possibilidade de inspirar outros e fazerem tudo o que realmente ambicionam. Isto poderá traduzir-se em se tornarem numa Chief Happiness Officer. Um dos passos passa por aprofundar conhecimentos sobre o que torna o caminho de uma pessoa mais valioso, que muitas vezes são as coisas mais simples.

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