Sá Aranha & Vasconcelos: Ambientes de sucesso

Estabeleceram-se como marca de referência em arquitetura e desenho de interiores em Portugal, com vários prémios nacionais e internacionais no currículo. As fundadoras da Sá Aranha & Vasconcelos falam-nos dos 32 anos de uma empresa que tem hoje as portas abertas ao mundo.

Rosário Tello e Carmo Aranha, as fundadoras da Sá Aranha & Vasconcelos. Foto: Maria Bastos Vasconcelos.

A paixão pela decoração e design de interiores chegou cedo para Rosário Tello e Carmo Aranha. “Pensamos que tenha vindo das nossas famílias, em particular das nossas mães, quando éramos ainda muito jovens”, conta a dupla à frente da Sá Aranha & Vasconcelos, a empresa que, nos últimos 32 anos, se estabeleceu como referência na área da arquitetura e desenho de interiores em Portugal.

Se Carmo Aranha sempre soube que o seu futuro passaria pela gestão de empresas ou pessoas (ou ambas, o que acabou por acontecer), Rosário Tello formou-se em engenharia civil pelo Instituto Superior Técnico — na família existiam já vários engenheiros, entre os quais o pai. A sua formação nessa área viria a tornar-se essencial na atividade que ainda hoje exerce, revela. “A Engenharia Civil foi e continua a ser importante, especialmente no que toca a projetos de arquitetura de interiores ou reabilitação de edifícios antigos, por exemplo, em que o conhecimento de estruturas me ajuda a encontrar soluções para que a criatividade seja aplicável em segurança.”

Primeiros passos

Com vontade de inovar e espírito empreendedor, criaram a Sá Aranha & Vasconcelos em 1985. “Quando abrimos a SA&V, a Carminho entrou em full time. Eu ainda trabalhava como engenheira e dava aulas na faculdade. Fi-lo por uns anos mais. A certa altura tive de optar. O trabalho era bastante e implicava uma dedicação em exclusivo. Não foi fácil”, lembra Rosário Tello.

A dupla de fundadoras ainda hoje continua a dividir o trabalho como sempre fez, diz Carmo Aranha. “A Rosário na área criativa, de projeto, e eu na área de gestão da empresa. A área comercial acaba por ser partilhada pelas duas.”

O conservadorismo foi um dos obstáculos que a dupla teve de vencer, quando se estreou no design de interiores: “Havia muita resistência, mesmo entre amigos, para apresentarmos e fazermos diferente do que se fazia. Os filhos acabavam por copiar o modelo da casa dos pais com ligeiras diferenças de cor e de texturas, talvez. Mas tudo muito pouco arriscado.”

Inicialmente, a empresa estava mais orientada para o desenho de peças de decoração. O nosso país procurava ainda atualizar-se nesta área e quem buscasse ambientes diferenciados tinha que ir atrás das novidades que chegavam de Londres, Paris e Nova Iorque. “Havia muito pouca coisa de origem nacional que fizesse a diferença. Isto implicava sair de Portugal para encontrar ideias e objetos que saíssem do padrão convencional.”

Começaram, essencialmente, com uma clientela de amigos e conhecidos. Mas ainda que trabalhassem nesta base de confiança e reconhecimento, foi preciso desbravar muito terreno. “Havia muita resistência, mesmo entre amigos, para apresentarmos e fazermos diferente do que se fazia”, recorda a dupla. “Os filhos acabavam por copiar o modelo da casa dos pais com ligeiras diferenças de cor e de texturas, talvez. Mas tudo muito pouco arriscado.”

O estúdio lançou-se no desenho de linhas de produtos e coleções sazonais dirigidas à casa e ao lifestyle, produzidas em materiais como acrílico, casquinha, pedra ou madeira. Depressa apareceram os convites para projetos mais arrojados, de desenho e arquitetura de interiores para ambientes residenciais e, mais tarde, para áreas empresariais e lojas, que ao longo dos anos lhes foram granjeando cada vez mais experiência e reconhecimento, tornando-se na atividade principal da marca. “Acreditamos que o nosso sucesso está na confiança que depositam no trabalho que desenvolvemos para famílias para as quais já desenhámos os ambientes — primeiro para os pais, depois para os filhos, agora para os netos, com casas de habitação, casas de férias, empresas, tanta coisa.”

 

A equipa da SA&V conta hoje com 25 colaboradores. Foto: Francisco Nogueira

Sangue novo

Em 32 anos de atividade o público-alvo da SA&V mudou muito e, com ele, também se abriram o leque de negócios e os horizontes da marca para o resto do mundo. “Rapidamente, em quatro cinco anos, saímos do conforto dos amigos e da família para nos aventurarmos no desconhecido. Passámos pela fase de trabalhar com clientes portugueses, para Portugal, nas áreas residencial e empresarial, durante bastantes anos. Estes levaram-nos para fora do país, onde desenvolvemos projetos para as suas casas e empresas no estrangeiro, sobretudo na Europa e em África. Pouco a pouco consolidámos esta posição. Em 2011 com a abertura da SA&V Internacional, fomos mais longe. Entrámos na China, onde criámos parcerias e desenvolvemos projetos, mas também nos EUA. Hoje temos um leque vasto de negócio onde os recém-instalados estrangeiros em Portugal também nos procuram. Temos em mãos vários projetos na área residencial.”

“As marcas e os projetos precisam de estar vivos o tempo todo. A criatividade vive nesse ritmo. A introdução de outras mentalidades, outras sensibilidades, outros passados, é altamente benéfica nesse sentido.”

Hoje o estúdio conta com 25 colaboradores, entre os quais duas novas partners, que vieram trazer a necessária injeção de sangue novo ao ADN da SA&V. “As marcas e os projetos precisam de estar vivos o tempo todo. A criatividade vive nesse ritmo. A introdução de outras mentalidades, outras sensibilidades, outros passados, é altamente benéfica nesse sentido. As duas sócias mais jovens do estúdio, a Ana Camões e a Francisca Perestrelo, são colaboradoras de longa data que mereceram o nosso respeito e por isso as convidámos. No entanto, as portas da Sá Aranha & Vasconcelos estão geralmente abertas a jovens talentos nas áreas do design de interiores e da arquitetura.”

10 mandamentos

Sempre que se lança num novo projeto, a marca põe em prática os seus 10 mandamentos, que servem de “orientação suave” e forma de sistematizar processos de trabalho: tema — o ponto de partida de cada projeto —, layout, cor, luz, proporção, conforto, repetição — de elementos, para um maior impacto —, mistura — seja ela de estilos, cores, padrões, texturas ou outras — pormenor e Arte — peças especiais e arte contemporânea trazem um cunho especial a cada espaço —, todos eles resultando no Ambiente, o projeto finalizado.

Além desta metodologia, a sua criação vai beber a fontes de inspiração variadas: “Tudo nos inspira. Os grandes criadores do design e da moda. As artes plásticas, a música. O que vemos e absorvemos nas viagens. As novas tendências, a street art por exemplo.”

Ainda que todos os projetos sejam desafiantes, garante a dupla, os mais difíceis e extremamente trabalhosos talvez tenham sido os dois iates privados para os quais projetaram o desenho de interiores, o Maiora, 39 metros (entregue em 2009) e o Baglietto, 43 metros, apresentado ao público no Monaco Yacht Show de 2011. “Tratava-se de uma área onde nunca tínhamos estado, onde tudo é muito técnico, onde a otimização do espaço está sempre presente até ao mais pequeno pormenor. Implicou centenas de desenhos que tínhamos de debater com o construtor naval. Aprendemos muito, claro.”

Rosário Tello no seu gabinete: a engenheira encarrega-se, sobretudo, da área criativa dos projetos. Foto: Francisco Nogueira

Prémios e internacionalização

A trajetória da SA&V estabeleceu-a como marca nacional de referência em arquitetura e desenho de interiores, reconhecida com o prémio PME Líder, em 2012 e 2013, e PME Excelência, em 2014 e 2015, e prémios e nomeações internacionais reunidos ao longo de três décadas, como o Andrew Martin International Interior Design Awards, o World Superyacht Award e os International Yacht & Aviation Awards. Em agosto deste ano, a empresa conseguiu também a certificação de qualidade ISO 9001:2008.

“Internacionalizar uma marca não é um ato isolado; é um processo lento, difícil e, de preferência, para consolidar.”

Em 2011, a marca inicia a sua estratégia de internacionalização com o lançamento da SA&V Internacional, que conta com dois polos operacionais: Zurique, para cobrir o mercado europeu e chinês, e S. Francisco, para o mercado norte-americano. A direção central cabe à sede, em Lisboa. “Internacionalizar uma marca não é um ato isolado; é um processo lento, difícil e, de preferência, para consolidar. Tratando-se de um estúdio da nossa dimensão, com recursos de investimento limitados, acreditamos estar a fazer um bom trabalho.” A prová-lo, estão os espaços com o selo da marca espalhados pelo mundo. “As duas casas na China, outra em Boston, um apartamento em Barcelona e outras que desenvolvemos na Suíça, são o nosso atual cartão-de-visita. Outros projetos se seguem.”

O desejo de criar produtos direcionados ao segmento lifestyle, que marcou o início da atividade da Sá Aranha & Vasconcelos nos anos 80 e 90, regressou em 2012, quando a marca lançou produtos complementares pensados para “enriquecer os seus ambientes”, nomeadamente a sua linha de velas com perfumes exclusivos, “Quase Branco/Off White” e “Novo Preto/New Black”. Um ano depois, editam o CD “Exciting Lisbon”; em 2015, o livro institucional “30 Years/Anos”, comemorando os projetos emblemáticos e a história da marca, e em 2016 publicam “Commandments/Mandamentos”, que será o primeiro de uma série.

Para o futuro da marca que criaram há 32 anos, Carmo Aranha e Rosário Tello guardam uma certeza: “O grande desafio, em tempos de constante mudança como os que vivemos, é ter uma estratégia clara do nosso rumo. Manter a marca SA&V com o nível de excelência a que nos propusemos significa continuar a fornecer um serviço aos nossos clientes em que nada tenha sido deixado ao acaso, em que tudo o que fazemos em prole dos projetos seja sempre o máximo que conseguimos fazer. Por isso mantemos clientes satisfeitos, por isso conquistamos novos clientes e novos projetos. Por isso adotámos recentemente a assinatura “Nothing less”. Não fazemos por menos.”

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