A inspiração para este estudo começou no auditório da Porto Business School em 9 de Maio de 2019 quando Rosário Moreira, atual diretora do MBA Executivo e do MBA Digital da Porto Business School, assistiu à primeira Grande Conferência de Liderança Feminina que a Executiva realizou no Porto, e se questionou o que teriam em comum as mulheres em cargos de liderança que subiam ao palco. Passou da admiração para a curiosidade, que é o princípio da ciência.
Desafiou uma aluna da Faculdade de Economia do Porto para investigar quais são os fatores que fazem com que as mulheres avancem na carreira e depois compreender qual foi o passado e olhar para o caminho e procurar descobrir os triggers das suas carreiras.
O estudo sobre liderança feminina procurou responder a duas perguntas: o que é crítico para as mulheres avançarem na carreira e se existe algum percurso que seja típico nas mulheres que chegam a cargos de liderança, que estão nos boards e que são C-Level.
Responderam 238 mulheres ao inquérito, a idade média é de 44 anos, com um leque grande idades entre os 28 e os 65 anos, 98% têm formação superior, “a competência está na base”, é um must have mas não algo que irá diferenciar, é necessário haver conhecimento”, diz Rosário Moreira. Em termos de maternidade, 78% das mulheres já tinham sido mães, 56% das mulheres estavam em cargos C-Level, de administração, eram CEO ou presidente.
Interessava saber em que setores estavam, porque poderiam chegar mais cedo a C-Level em determinados setores. A probabilidade é que estivessem nos serviços mas depois verificou-se que o naipe de setores era maior e estavam, afinal, em setores muito diferenciados.
A outra questão era a idade. Poderia colocar-se a hipótese de as mais novas progrideram mais rapidamente porque tinham energia, garra, ou as mais velhas com o conhecimento, a experiência, a capacidade de ponderação. “Mas temos mulheres novas no topo, na indústria, com formação diferente, da engenharia, da economia como temos mais velhas. A tecla comum é a paixão, o conhecimento”, refere Rosário Moreira.
Foco na carreira
“Sendo um estudo científico, não é a minha experiência ou de cinco ou seis mulheres que entrevistei ou fui buscar à Executiva. O resultado é o que a ciência nos diz sobre as mulheres portuguesas”, sublinha a professora e investigadora da Faculdade de Economia do Porto e da Porto Business School.
O que é importante, segundo o estudo, é o foco na carreira, “as mulheres que chegam mais rápido ao topo têm de facto um foco muito precoce na carreira. Por volta dos 23 até aos 28 anos em que adiam a maternidade e conseguem fazer o boost na carreira de forma mais rápida”. O percurso para o topo começa a ser preparado na infância e na juventude. “As atividades extracurriculares e o desenvolvimento de outras competências, o apoio dos familiares é vital para se chegar a um nível de excelência e de liderança e ter um role model”.
O estilo de liderança que mais facilita a progressão da carreira é o transformacional, “aquele em que as mulheres inspiram as suas equipas”. Em termos de personalidade, se isolarmos três fatores são “não ter medo de ser ambiciosa, definir objetivos, não ter receio das críticas e partir para a luta, que se resumem em ambição, resiliência e autoestima”, afirma Rosário Moreira.
Para esta progressão das mulheres na carreira, em que um bom balanceamento entre vida profissional e vida pessoal é importante, as organizações podem apoiar implementando ou desenvolvendo uma “cultura empresarial livre de discriminação, porque parece do passado mas encontramos no estudo uma grande percentagem de empresas onde isto não acontece. Além de uma cultura transparente e igualitária, para tirar partido do estilo transformador das mulheres”, assinala Rosário Moreira.
As organizações podem aproveitar as características das mulheres e depois ter programas de formação para promover o estilo de liderança transformacional das mulheres.
Leia mais sobre a 7.ª Grande Conferência Liderança Feminina aqui.
Leia mais sobre as edições anteriores da Grande Conferência Liderança Feminina aqui.