Mais de 130 peças de pintura, escultura e artes decorativas integram a exposição “Josefa de Óbidos e a invenção do barroco português”, patente no Museu Nacional de Arte Antiga até 6 de Setembro de 2015. Oriundas de diversas instituições nacionais e internacionais, como os museus do Prado e de Bellas Artes de Sevilha, o Mosteiro do Escorial, e de coleções privadas portuguesas e estrangeiras e dispostas em oito núcleos, permitem redescobrir a obra da artista que, ao longo de perto de 40 anos, criou algumas das peças mais emblemáticas do barroco português.
A exposição situa Josefa de Óbidos no seu tempo – Portugal, a seguir à Restauração da Independência – e espaço – Óbidos, local periférico onde a pintora se distinguiu como a única pintora profissional da sua época, com um ateliê próprio, que recebia encomendas importantes. Um dos objetivos da exposição é, precisamente “afastar de Josefa o mito da artista curiosa, porém provinciana, e apresentá-la como uma mulher emancipada e culta, cuja fé reflete a espiritualidade do século XVII, e como o mais eficaz e reputado expoente do Barroco português no ciclo que se seguiu à Restauração”.
Em 1661, com o consentimento dos pais, é decretada a sua emancipação, o que lhe garante independência administrativa.
Josefa de Ayala e Cabrera, filha do pintor português Baltazar Gomes Figueira (1604-1674) e de Catarina Cabrera e Romero, nasceu em Sevilha em 1630. Tinha quatro anos quando a família regressou a Portugal, instalando-se na terra do pai, Óbidos. Baltazar Gomes Figueira iniciou em Portugal a pintura da naturezas-mortas, na tradição do bodegón espanhol, a que fora exposto em Sevilha.
Josefa pintava regularmente desde os 16 anos, tendo-se iniciado pelos pequenos formatos sobre cobre e gravuras. Em 1661, com o consentimento dos pais, é decretada a sua emancipação, o que lhe garante independência administrativa, tendo adquirindo nesta época rendas e propriedades. Tendo granjeado fama e fortuna, solteira, vivia com as suas duas sobrinhas e criados em Óbidos e a Quinta da Capeleira, nos arredores da vila, que herdou por morte do pai, em 1674. Aqui tinha o seu ateliê e geria os seus negócios. Na fase de maturidade, pintava retábulos por toda a Extremadura. As primeiras naturezas-mortas, cujos modelos partilhava com o pai, datam de 1676.
A 13 de junho de 1684 Josefa fez o seu testamento, deixando propriedades de que foram herdeiras a mãe e as sobrinhas. Morreu em Óbidos a 22 de julho. A sua última obra foi um Menino Jesus, o tema recorrente dos últimos anos da sua vida. A exposição do MNAA é uma oportunidade para descobrir ou redescobrir um vasto conjunto de obras da artista, tão popular junto dos colecionadores. Se comprar o bilhete combinado (exposição+MNAA) aproveite para rever os Painéis de São Vicente, de Nuno Gonçalves, a Custódia de Belém, de Gil Vicente, os Biombos Namban, Tentações de Santo Antão, de Jheronimus Bosch, ou São Jerónimo, de Dürer, entre tantas outras obras de deleite.
INFORMAÇÕES ÚTEIS
Morada: Museu Nacional de Arte Antiga,
Rua das Janelas Verdes- 1249-017 Lisboa
Preço: 7 euros, com museu 11 euros
Visitas guiadas: mais 2 euros
Horário: Terças das 14 às 18 horas;
de Quartas a Domingos das 10 às 18 horas.