Patrícia Campino é diretora do Departamento Administrativo e Financeiro da Abreu Advogados, desde 2011, tendo integrado a sociedade em 2008 como controler de Gestão. Ao longo dos 16 anos de carreira exerceu quase sempre funções de gestão e controlo financeiro em sociedades de advogados.
Licenciada em Administração e Controlo Financeiro pelo Instituto Superior de Contabilidade e Administração Lisboa (ISCAL) tem também uma especialização em International Finance and International Management pela Hofstra University of New York, através da The Erasmus University of Rotterdam, e a participação no workshop executivo Time-Driven Activity-Based Costing (TDABC).
A pandemia implicou grandes mudanças no ambiente laboral – mais teletrabalho, mais digitalização, mudanças constantes. Quais as principais aprendizagens que a Abreu Advogados fez a este nível durante este período?
A adaptação a esta realidade pela Abreu Advogados, logo no primeiro confinamento, em 2020, foi mais rápida e ágil do que previsto no nosso melhor cenário de adaptação, devido a um plano de contingência da sociedade dedicado a situações de pandemia/epidemia, realizado previamente. Este plano foi imediatamente implementado e identificava em relação a cada um das áreas de gestão e produção todos os aspetos a serem garantidos permitindo-nos a flexibilidade que sabemos imprescindível para podermos ir adaptando e atuando no momento com um acompanhamento frequente da situação. Aspetos como a adoção pelo escritório, desde 2014, de uma política de paperless, facilitou também a mobilizada pelo acesso digital, célere e seguro, a toda a informação.
Qual o impacto que a pandemia teve no vosso negócio e como reagiram?
A Abreu Advogados termina um ano especialmente difícil para o mercado com resultados positivos. Resultados que refletem a capacidade de resiliência da Abreu Advogados e que nos permitiu fechar o ano de 2020 com um crescimento da faturação na ordem dos 13%, um recorde de cobranças com crescimento de mais de 18% em honorários recebidos e um crescimento também de cerca de 8% no capital humano e na capacidade instalada focada na prestação de cada vez mais e melhores serviços.
Estes resultados espelham ainda solidez da sociedade e confirmam a estratégia e visão que tem vindo a ser implementada e que nos permite, hoje, afirmarmo-nos como uma das quatro principais sociedades de advogados independentes nacionais, em número de advogados, cobertura nacional e internacional e também em faturação. Somos, hoje, um player incontornável da advocacia de topo em Portugal.
O ano 2021 traz novos desafios, mas estamos confiantes na aposta que temos realizado na qualidade dos nossos serviços.
O que temos feito é assegurar que agimos de forma ágil e rápida através de uma monitorização atenta e diária ao negócio para a definição de cenários.
Quais têm sido os seus principais desafios como diretora financeira neste novo contexto?
Desde o início da pandemia que sabemos que muitos dos setores da nossa economia sentiriam, a curto ou médio prazo, um impacto financeiro bastante negativo que ainda não se consegue medir por completo. Como diretora financeira o maior desafio que senti foi na necessidade de antecipação dos diferentes impactos que esta pandemia poderia ter no setor jurídico de forma geral, e na Abreu Advogados em particular. Naturalmente que a imprevisibilidade da situação representa um desafio acrescido para conseguirmos manter o nosso volume de negócios porque está relacionado também com o impacto da crise na atividade dos nossos clientes. O que temos feito é assegurar que agimos de forma ágil e rápida através de uma monitorização atenta e diária ao negócio para a definição de cenários.
Que impactos duradouros poderá ter esta crise no seu negócio e, em particular, na sua função?
A questão do teletrabalho já era uma realidade na Abreu Advogados, ainda que de forma menos expressiva. Neste momento considero que será, cada vez mais, a regra e que nos adaptaremos neste sentido.
Naturalmente que o contacto presencial com as equipas permanece fundamental na minha função mas sinto que temos a vantagem de contar com uma estrutura digital bem preparada e que grande parte das questões de trabalho mais técnico podem, de facto, ser realizadas à distância. Neste sentido, acredito que as empresas que apostaram na capacidade digital, antes ou durante a primeira fase da pandemia, passarão a ver o teletrabalho como a realidade para algumas funções, ainda que em regime misto – presencial e à distância – que permita a flexibilidade sem descurar o contacto presencial tão relevante à cultura organizacional.
No geral, o setor jurídico adaptou-se a esta nova realidade e não teve de se reinventar totalmente, como assistimos em outras áreas de atividade. Acredito que num regresso a uma nova normalidade, algumas das práticas adotadas durante a pandemia serão mantidas por se ter concluído que são de facto possíveis e até, em alguns casos, mais eficientes tanto para as tarefas diárias quanto para o importante contacto com os clientes que valorizam a agilidade do contacto através de reuniões virtuais e da digitalização para acessibilidade rápida á informação.