Oito mitos sobre o investimento no feminino

Sallie Krawcheck, investidora que deixou fama em Wall Street, ajuda a derrubar as barreiras que afastam as mulheres do mercado financeiro.

O mercado financeiro deve reservar, cada vez mais, lugar para as mulheres.

Longe vai o tempo em que o mundo dos negócios era considerado um reduto masculino. Nas mais diversas indústrias, multiplicam-se os exemplos de mulheres que assumem as rédeas de empresas, desempenham cargos de destaque nas hierarquias corporativas e vestem o fato de empreendedoras. O mercado financeiro, porém, não obstante ser cada vez mais permeável à diversidade de género, continua a ser encarado por muitos como “um clube de rapazes”, alerta Sallie Krawcheck, fundadora e CEO da Ellevest, uma plataforma de investimento criada a pensar nas prioridades financeiras das mulheres, e da Ellevate Network, uma rede global de profissionais do sexo feminino.

Tendo-se afirmado como uma das mulheres mais poderosas de Wall Street, a ex-presidente da divisão de Global Wealth & Investment Management do Bank of America e ex-CFO do Citigroup garante, no entanto, que há diferentes formas para pôr cobro à hegemonia masculina no universo da alta finança. Uma delas passa, desde logo, por desmentir os preconceitos que ainda tentam desencorajar as mulheres de investir ou de seguir carreira nesta área. Conheça, então, os oitos mitos que afastam as mulheres do mercado financeiro, enumerados e desconstruídos por Sallie Krawchek no site da Ellevest.

1. As mulheres não são “tão boas a Matemática” quanto os homens

Não é, de todo, verdade, nem há evidência científica que corrobore esta ideia preconcebida. Pelo contrário: uma meta-análise com a chancela da American Psychological Association, que se debruçou sobre 100 estudos realizados nos Estados Unidos ao longo dos anos, concluiu que as diferenças de género no desempenho a Matemática nos diferentes níveis de ensino são praticamente inexistentes e, ainda que insignificantes, acabam por até favorecer o sexo feminino.

2. As mulheres precisam de mais educação financeira antes de investir

Qualquer pessoa, independentemente do género, deve apostar na sua literacia financeira. Sallie Krawcheck sublinha que, ao longo da sua carreira, se confrontou com dados que mostram que, tanto o sexo masculino, como o feminino, podem melhorar a sua educação financeira. A diferença é que os homens tendem a investir de qualquer modo, independentemente de ter ou não essas bases de conhecimento, enquanto as mulheres revelam menos propensão para o fazer, se não se sentirem habilitadas para tal.

As mulheres valorizam mais a segurança financeira e isso impede-as de investir demasiado dinheiro numa só empresa ou ideia.

3. Os homens são melhores investidores do que as mulheres

É redondamente falso. As mulheres são tão boas investidoras, ou, em alguns casos, até melhores do que os homens, tanto a nível profissional, quanto individual. Segundo Sallie Krawcheck, as investidoras tendem a privilegiar uma orientação a longo prazo e a realizar menos transações do que os homens, o que acaba por ser mais compensador.

4. As mulheres têm aversão ao risco

É verdade que, em geral, as mulheres costumam ter mais noção dos riscos, comparativamente aos homens. Há mesmo investigação que demonstra que elas valorizam mais ter segurança financeira do que a hipótese de verem os seus investimentos subir astronomicamente. Mas, para a CEO da Ellevest, a consciência do risco é, afinal, uma virtude: é ela que impede as investidoras de cometerem os mesmos erros nos quais muitos homens incorrem, como investir demasiado dinheiro num único lote de ações ou ideia.

5. As mulheres precisam de conhecer pessoalmente os corretores ou analistas financeiros para investir

Com algumas mulheres é, efetivamente, assim que acontece, mas há que não generalizar. A experiência da Ellevest, citada pela sua líder, é que cada vez mais mulheres optam por investir em ambiente online: muitas classificam estas plataformas de investimento através da internet como “zonas livres de vergonha”, nas quais podem explorar o seu portefólio e plano de investimento com maior privacidade.

6. As mulheres não estão interessadas em fazer investimentos

É uma ideia profundamente paternalista e sexista, que quase parece sugerir que as mulheres não devem preocupar as suas cabecinhas com estes assuntos “de homens”, não é? Pois bem, não poderia estar mais errada, defende Sallie Krawcheck. As mulheres têm um interesse crescente por estas áreas, quer a nível profissional, quer pessoal.

7. As mulheres precisam de apoio para investir

Um preconceito de género machista, na mesma linha do anterior.

8. O verdadeiro problema é o fosso salarial entre géneros

Claro que a disparidade remuneratória entre homens e mulheres é um problema real, contra o qual não devem ser poupados esforços. Mas, como preconiza esta veterana de Wall Street,  o facto de nos devermos mobilizar, enquanto sociedade, para resolver esta fonte de iniquidade não quer dizer que não tenhamos também de agir noutras áreas.

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