O modelo de currículo ideal não existe, mas sendo esta uma peça fundamental para conseguir uma nova oportunidade profissional, é fundamental que capte a atenção de quem a lê. Saiba como consegui-lo.
Ana Bernardes, diretora de recrutamento da Accenture Portugal
O que é essencial no currículo?
É fundamental que estejam bem estruturados e corretamente redigidos. O candidato deve realçar as suas qualidades para o cargo específico, e promover algum marketing pessoal. O conhecimento de várias línguas, informática, o percurso profissional e experiências internacionais, ajudam a diferenciá-lo.
O que deve ser evitado?
Currículos coloridos ou com demasiada informação podem ser prejudiciais, tal como fotografias descontextualizadas. Demasiada informação pessoal ou inconsistência no percurso profissional, são fatores negativos.
Ana Paula Lopes, Recursos Humanos da Abreu Advogados
O que é essencial no currículo?
Em primeiro lugar, a apresentação cuidada, sem erros de qualquer espécie (ortográficos, de formatação,…) e que transmita de imediato uma imagem de profissionalismo. Há que destacar, além da experiência profissional, as competências que o candidato considera como mais-valias, bem como as habilitações académicas e formações complementares, conhecimentos de línguas e informática. Naturalmente, que também é relevante informação sobre atividades extraprofissionais que o candidato possa ter, nomeadamente, participação em ações de responsabilidade social e cívica.
Que tipo de informação não acrescenta valor?
É perfeitamente desnecessário a menção a conhecimentos básicos de línguas e de ferramentas do office, por exemplo. O candidato deve referir apenas as competências que domina e aquelas em que tem conhecimentos bons ou médios. Se tem licenciatura, não é necessário referir as habilitações ao nível do ensino básico e secundário. Não acresce valor a referência a hobbies, principalmente quando os mesmos têm a ver com atividades mais comuns, como ler, ouvir música e viajar.
José Bancaleiro, managing partner Staton Chase
O que é essencial no currículo?
Quem procura uma oportunidade profissional tem de se preocupar em ser distinto e competitivo. Isso consegue-se adaptando o CV ao objetivo específico a que se destina. Deve realçar os aspetos mais relacionados com a função, setor ou mercado a que se candidata. No caso de ser uma vaga no estrangeiro, o uso correto da língua (mesmo que seja o Português no Brasil) e a adaptação do documento ao estilo do país é determinante. O CV deve ser claro, de leitura fácil a agradável. Incluir uma foto profissional é importante.
Com que elementos não vale a pena preocupar-se?
Não acho que os modelos standard sejam relevantes. Por outro lado, há mercados onde a idade não deve ser incluída, apesar de no nosso país ainda ser uma informação solicitada.
Guilhermina Vaz Monteiro, managing partner Horton International Portugal
O que é essencial no currículo?
Para que o potencial empregador leia o seu CV tem de enviar uma carta/email de rosto com impacto, transmitir a mensagem, ser claro, breve e direto, indicar com clareza o tipo de trabalho que pretende, relacionando toda a sua informação com a empresa e o cargo e dizer as razões que o levam a formular a sua oferta profissional;
Que tipo de informação não acrescenta valor?
Evite a tendência para se auto-lisonjear ou subestimar as suas possibilidades, e não utilize frases impessoais e típicas. Inclua apenas informação que melhore o seu contributo para o cargo. Lembre-se que “o que não acrescenta valor, só lho retira”.
Filipa Leite Castro, manager na Jason Associates
O que é essencial no currículo?
Apesar de cada pessoa ter um estilo próprio que vai acabar por se refletir no CV, há algumas dicas que são ajustáveis e transversais a qualquer estilo. Ter em destaque (pode ser Bold) o nome da empresa, função e as datas em que desempenhou esta função. Abaixo das funções, deverá ter um descritivo das principais responsabilidades e principais achievments (idealmente em bullets). No caso de colocar fotografia, escolher uma que seja adequada e em que tenha um ar feliz!). Evite as fotografias de BI.
O que deve ser evitado?
O modelo tipo Europass, que tem detalhes como a morada da empresa e onde as datas vêm apenas no final do descritivo de função, torna a leitura bastante difícil. Referir-se a experiências profissionais muito antigas e sem relevância no momento atual é dispensável. Finalmente, não tem de se esforçar para resumir tudo numa página, mas mais do que três já é demasiado.
Mafalda Figueiredo, consultora senior da Egor
O que é essencial no currículo?
Para ser interessante, é recomendável que destaque (muitas vezes num campo intitulado Resumo Profissional) as áreas funcionais nas quais possui experiência, tornando-se evidente de imediato essa informação para quem o lê. Por exemplo, se trabalhou na Área Financeira, colocar as palavras-chave Contabilidade, Controlo de Crédito, Cobranças, Fornecedores. Evidentemente que as palavras-chave que selecionar deverão relacionar-se com o que pretende em termos de projeto profissional futuro. Um segundo aspeto, que pode parecer muito evidente mas que pode ser grave (e que acontece) será os candidatos não colocarem os seus contactos diretos (endereço de email e telemóvel) de forma visível, ou não colocarem de todo.
O que deve ser evitado?
Os CV devem ser baseados em factos apresentados objetivamente, pelo que nunca deverão ser feitos comentários de qualquer natureza. Por exemplo, referir que apesar de já não ser jovem, ainda é uma pessoa muito ativa e de boa saúde. Ou que o projeto que realizou foi de extrema complexidade e envolveu muitas horas extra da sua parte. Também não faz sentido enumerar cursos que frequentou, que não acrescentam valor a nível profissional. Por exemplo, cursos de Meditação, Artes Manuais ou construção de origamis.
Marco Gomes, managing director at HumanFIT
O que é essencial no currículo?
Ao longo dos anos tenho-me apercebido que para umas pessoas é fácil descrever o seu trajeto profissional, ao ponto de quase escrever um livro, mas para outras o poder de síntese é brutal, ao ponto de quase não dizer nada. O essencial é perceber o que irá ser valorizado por o recrutador. Descrever todas responsabilidades assumidas numa dada função pode ser relevante, mas será diferenciador? Quantas pessoas não têm exatamente as mesmas responsabilidades em diferentes empresas? Neste sentido, a capacidade de diferenciação reside mais nos principais achievements realizados no desempenho da função (Ex.: definição do plano de negócios da unidade X que representou um volume de negócios de Y no ano Z ou desenvolvimento de uma campanha de marketing para o produto/serviço X que gerou um retorno de Y representando Z% no volume de negócios da empresa), do que propriamente em listar o job description da função.
Com que elementos não vale a pena preocupar-se?
Não acho que o formato de CV a utilizar seja o ponto fulcral para ter um CV bem elaborado, uma vez que independentemente do formato o que interessa é o seu conteúdo.