Ranking: As Mulheres Mais Influentes de Portugal 2022

Pelo 8.ºano a Executiva distingue As Mulheres Mais Influentes de Portugal. Veja a lista e conheça melhor as premiadas.

Quantas ruas em Portugal têm nome de mulher? Não se sabe com exatidão, mas de certeza que não há paridade nem mede a influência que as mulheres tiveram, mas revela a sua invisibilidade, falta de poder e ausência em lugares de decisão. Para Lisboa e Porto já existe conhecimento. Começou pelo Porto, em 2019, quando a atriz e encenadora, Sara Barros Leitão, no seu monólogo “Todos os dias me sujo de coisas eternas”, revelou que apenas 51 mulheres davam nome a ruas portuenses.

Em 2021, João Bernardo Narciso e Cláudio Lemos criaram o site Ruas do Género, e concluíram que 44% das ruas do Porto têm nome de homens, 4% de mulheres e as restantes referem-se a coisas ou conceitos. Descobriram ainda que as ruas com nomes masculinos são mais extensas e que nas ruas com figuras femininas mais de metade referem-se a santas ou a rainhas.

Em Lisboa o processo de revelação deu-se em 2022 quando o analista de dados Manuel Banza fez a mesma investigação para a toponímia da capital. Concluiu que das quase 5000 ruas da cidade, 5% têm nomes de mulher contra as 44% que têm nomes de homem e que como acontece no Porto os nomes femininos homenageiam mais santas e rainhas, do que os masculinos com santos e reis. O estudo também incidiu em escolas, parques e jardins e hospitais concluindo que 17% dos jardins e parques têm nomes de mulheres e 83% nomes de homens; 25% das escolas têm nome de mulher e 75% nome de homem; 18% dos hospitais têm nome feminino contra 82% com nome de homem. Estes dados podem ser lidos no artigo de Rita Almeida, “Onde estão as ruas com nomes de mulheres? Quase em lado nenhum, mostram estes mapas”, no Público de 28 de Dezembro de 2022.

O retrato que a toponímia faz é de um passado de invisibilidade das mulheres e de desigualdade de género no espaço público. A fotografia que hoje se pode fazer é muito diferente e em todas as áreas da vida há cada mais presença de mulheres. “As mulheres estão a afirmar-se no mundo da ciência, como está a acontecer em muitos outros mundos. Não é muito diferente encontramos uma larga participação feminina, sobretudo na base, muitíssimas mulheres a fazer ciência, mas depois há alguma dificuldade em chegar aos lugares de topo, aos lugares de direção, isso acontece assim em Portugal, na ciência, e outros setores, como acontece em muitos outros países”, disse recentemente Leonor Beleza numa entrevista.

A realização desta vontade não tem sido fácil no mundo real, mas há campos da vida em que esse desejo se pode realizar e apontar o futuro. Como acontece com o governo que tomou posse em 30 de março de 2022 em que o primeiro-ministro se rodeou de 18 ministros, metade dos quais mulheres e que são Mariana Vieira da Silva, ministra da Presidência, Helena Carreiras, ministra da Defesa Nacional, Catarina Sarmento e Castro, ministra da Justiça, Ana Catarina Mendes, ministra-adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Marina Gonçalves, ministra da Habitação, Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, e Maria do Céu Antunes, ministra da Agricultura e da Alimentação.

Mulheres no mundo dos negócios

Portugal ocupa a 29.ª posição no Índice Global de Desigualdade de Género à escala mundial. No entanto, as mulheres são metade da força de trabalho, mas representam apenas 31% dos lugares nos conselhos de administração e 6% dos CEO, diz o novo estudo “Women Matter Iberia” da consultora McKinsey.

O novo relatório, elaborado durante o segundo semestre de 2022, contou com a participação de 300 mil funcionários de 45 empresas, um terço das quais portuguesas. Trata-se da atualização de um estudo que tinha sido conduzido em 2017, que responderam sobre as expectativas para o trabalho e a desigualdade entre géneros. Permanece uma disparidade salarial de 10,1% entre os dois sexos. E, apesar de existir uma quota de 33,3% de mulheres em conselhos de administração, são mais 30% dos homens a alcançar os cargos de liderança.

As mulheres ocupam cargos relacionados mais com tarefas do que com decisões ─ 41% das mulheres desempenham funções de staff e só 28% dos homens fazem as mesmas tarefas. Segundo este estudo, as expectativas das mulheres em relação àpromoção passa de 85% à entrada na empresa para 59% ao fim de cinco anos.

No estudo “Women Matter Iberia” da consultora McKinsey nas empresas com liderança feminina, a quota de satisfação dos funcionários é mais elevada, atingindo os 79%. Quando há uma menor presença de mulheres na liderança, a satisfação desce para os 65%. As principais razões radicam no facto de a liderança feminina se preocupar mais com o bem-estar das suas equipas, a integração e a concessão de mais flexibilidade.

O poder feminino público

O mapeamento fino permite detetar o crescimento e a expansão do poder e da influência femininos. O percurso das mulheres gestoras na administração pública, institutos, empresas e instituições do Estado está a ter uma evolução mais rápida. Na área da saúde assistiu-se recentemente à nomeação de lideranças femininas como nos fins de dezembro de 2022 a que se junta a liderança de Joana Chêdas Fernandes no Hospital Amadora-Sintra e em dois dos principais hospitais portugueses com Ana Paula Martins, antiga bastonária da Ordem dos Farmacêuticos para presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. No Hospital de São João no Porto, Maria João Baptista substitui Fernando Araújo, que foi nomeado diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde que conta na sua equipa de seis membros com a médica Fátima Fonseca a enfermeira Filomena Cardoso e a gestora Rita Moreira. Nas cinco administrações regionais de saúde, duas são lideradas por mulheres — Maria Filomena Mendes, que é presidente da ARS Alentejo, e Rosa Reis Marques, que preside à ARS Centro.

Nos órgãos de regulação manteve-se Maria Margarida Corrêa de Aguiar como presidente da ASF (Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões) e Margarida Matos Rosa terminou o mandato à frente da Autoridade da Concorrência. Mas Clara Raposo, professora e ex-diretora do ISEG, tornou-se vice-governadora do Banco de Portugal com o pelouro da estabilidade financeira e será ainda “alternate” de Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, no Conselho de Governadores do Banco Central Europeu e no Fundo Monetário Internacional. Por sua vez, Nazaré Costa Cabral mantém-se como presidente do Conselho de Finanças Públicas e Celeste Hagatong e Ana Carvalho são presidente e CEO do Banco de Fomento Nacional.

No universo da regulação das profissões Ana Maria Cavaco mantém-se como bastonária da Ordem dos Engenheiros, tal como Alexandra Bento, como bastonária da Ordem dos Nutricionistas, e Paula Franco, como bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados, mas receberam o reforço de Fernanda de Almeida Pinheiro, que recentemente se tornou bastonária da Ordem dos Advogados.

Mas como refere Thomas Piketty, economista francês que criou o World Inequality Lab, “o simbólico é importante, mas não chega ter símbolos na chefia do Estado. São precisas medidas que transformem as sociedades porque há desigualdades estruturais à partida”

 

As Mulheres Mais Influentes de Portugal

1.        Cláudia de Azevedo, 52 anos, CEO da Sonae SGPS e acionista do Grupo Efanor

Em 17 de Janeiro de 2023 Cláudia de Azevedo participou no Fórum Económico Mundial em Davos que reúne o poder económico e financeiro do globo, e participou num painel sobre o talento ao lado de Martin J. Walsh, secretário de Estado do Trabalho dos EUA, Hisayuki Idekoba, CEO da Recruit Holdings, multinacional de recursos humanos, e de Jo Ann Jenkins, líder da associação americana AARP. Nesse encontro afirmou que “as companhias precisam de ter valores genuínos porque as pessoas avaliam quão autênticos são os valores das empresas”, e deu o exemplo de empresas “que há seis meses diziam que tinham valores enormes e agora estão a despedir cinco mil ou dez mil pessoas em chamadas de Zoom”. Considerou que as características do Grupo Sonae como a origem familiar, os valores e a história a ajudaram como CEO. “Quando tivemos os confinamentos, para mim foi muito fácil dizer: não vou despedir ninguém. Porque sei que esses são os valores que estão lá há 50 anos e estarão lá nos próximos 50 anos”. Além disso, o Grupo Sonae tem “o melhor de dois mundos, porque estamos cotados na bolsa e temos a família que detém 50%. Nós olhamos para [a Sonae] como uma empresa para o longo prazo. Sabemos que o nosso objetivo é deixar a próxima geração em melhor situação”. A Sonae faz parte com a EDP, Galp, Jerónimo Martins, BCP, NOS e REN das empresas em Portugal que integram o Gender-Equality Index 2023 (GEI), da Bloomberg.

Licenciada em Gestão de Empresas pela Universidade Católica e MBA pelo INSEAD, Cláudia de Azevedo lidera o Grupo Sonae desde 30 de abril de 2019 em substituição do irmão Paulo Azevedo, que passou para a holding familiar de controlo da Sonae, a Efanor Investimentos. Detém 25,11% da Efanor Investimentos, holding que partilha com a mãe, Margarida, os irmãos Paulo e Nuno, e que controla a Sonae SGPS, a Sonae Capital e a NOS e 50% da Sonae Arauco. É CEO da Sonae SGPS, presidente da Sonae MC e administradora da NOS, da Sonae Capital e da holding Efanor Investimentos.

2.        Mariana Vieira da Silva, 44 anos, ministra da Presidência

Com a vitória do Partido Socialista com maioria absoluta nas eleições legislativas de 2022, Mariana Vieira da Silva voltou a ocupar no novo Governo a pasta de ministra da Presidência, que conhece bem desde 2019, mas agora com muito mais responsabilidades, como a coordenação e a execução do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), que representa um investimento de mais de 16 mil milhões de euros com execução até 2026, e a gestão da Administração Pública, ou seja cerca de 700 mil funcionários. Passou a ser a número dois do Governo e o braço direito de António Costa, e o foco da atenção por causa dos investimentos do PRR. “Se há algo que marca o nosso País no que diz respeito aos fundos europeus é uma capacidade de execução muito forte nos diferentes quadros”, afirmou na apresentação da execução do PRR ao presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em Lisboa a 17 de fevereiro de 2023. Desde Novembro de 2015, quando António Costa formou o seu primeiro governo, então com o apoio parlamentar do Bloco de Esquerda e do PCP, que Mariana Vieira da Silva está em funções governamentais, primeiro como secretária de Estado Adjunta do Primeiro-Ministro, até fevereiro de 2019, e de ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, entre fevereiro e outubro de 2019. No segundo governo manteve-se como ministra de Estado e da Presidência até à queda do Governo, depois do chumbo do Orçamento para 2022, em 30 de março de 2022. Mariana Vieira da Silva é filha de Vieira da Silva um antigo ministro dos governos socialistas, desde 2005. Licenciada em Sociologia pelo ISCTE-IUL, concluiu a parte curricular do Doutoramento em Políticas Públicas, no ISCTE. Foi investigadora no CIES-IUL, trabalhando na área das políticas públicas. Em 2005 começou a sua carreira governativa como assessora da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, atual reitora do ISCTE. Entre 2009 e 2011, foi adjunta do secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro, João Almeida Ribeiro.

3.        Maria João Pires, 78 anos, pianista

Maria João Pires tocava com a orquestra Amsterdam Concertgebouw, dirigida pelo maestro Riccardo Chaillyum, um concerto de Mozart. Ao soar a primeira nota o pânico adona-se do rosto de Maria João Pires, que põe a mão direita na cabeça e diz: “tenho um problema”. Mão estendida e olhos baixos continuava a ouvir a orquestra, até que, rosto desolado e fazendo o gesto de escrever, diz ao maestro: “apontei outro concerto na minha agenda”. O maestro responde-lhe num murmúrio: “esse foi o que tocaste o ano passado, mas consegues tocar este, estou certo que o farás bem”. De facto, como escreveu o Expresso de 28 de outubro de 2013, “do visível pânico inicial ao rasgo de génio seguiu-se um grande recital que está a gerar grande atenção”. O vídeo já tem 2,6 milhões de visualizações no Youtube e surge com frequências nas várias redes sociais.

Nascida em Lisboa tocou pela primeira vez em público aos quatro anos de idade, aos cinco deu o seu primeiro recital e aos sete tocou concertos para piano de Mozart. Entre 1953 e 1960, foi aluna no Conservatório Nacional de Lisboa e prosseguiu a sua formação musical na Alemanha, na Academia de Música de Munique. Venceu o concurso internacional do bicentenário de Beethoven em 1970, que se realizou em Bruxelas e a partir de então iniciou uma carreira internacional como solistas fazendo numerosos digressões e tocando com as grandes orquestras mundiais. Mas como confessou numa entrevista ao Mutante de 19 de julho de 2020, “normalmente não falo dos meus problemas técnicos, já que eles vivem comigo desde criança. Toda a vida tive problemas técnicos, na medida em que tenha uma mão pequena; luto diariamente contra isto, com qualquer compositor que seja”. Acrescentando que “nunca gostei muito de estar em palco. Desde criança que sempre gostei de música, mas gostava de ter estudado medicina e sempre adorei ciência. Acabei por fazer carreira como pianista, mas foi uma coincidência da vida”. Em 1999 tentou criar uma escola de artes inovadora no interior de Portugal com o Centro de Belgais para o Estudo das Artes, no concelho de Castelo Branco. A sua filosofia e o método de ensino chegaram a ser aplicados em Salamanca, em Espanha, e no Estado da Bahia, no Brasil. Mas em 2006 acabou por abandonar, com grande amargura, o centro, que fechou em 2009. Mas nem esta “zanga” com Portugal, que a levou a afastar-se do país, nem os acidentes, como a queda em Setembro de 2021 em Riga, na Letónia, levaram a lendária pianista a abrandar as suas performances e, aos 78 anos, continua a inundar de música os palcos de todo o mundo, e com as pazes feitas com Portugal. Mas em dezembro de 2018 voltou “porque tinha muitas saudades da casa. Principalmente por isso. Depois tinha uma grande vontade de fazer os meus próprios projetos e não só as coisas que vinham das ideias dos outros”, disse Maria João Pires. Ativou o Centro de Artes de Belgais que funciona com retiros musicais, cursos internacionais, alojamento e até produção de azeite, ciclo de recitais e aulas online. Sinal deste novo recomeço Maria João Pires foi condecoração com Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique pelo Presidente da República em 26 de janeiro de 2020.

4. Cristina Ferreira, 45 anos, diretora de entretenimento e ficção na TVI

Desde que regressou à TVI, altura em que sofreu ataques nos media sociais e que estiveram na origem do livro o livro “Para Cima da P***”, que Cristina Ferreira se tornou uma ativista contra o cyberbullying e os insultos nas redes sociais. A 2 de fevereiro de 2023 fez a entrega na Assembleia da República de uma petição assinada por mais de 50 mil pessoas sobre o cyberbullying e os insultos nas redes sociais e que o parlamento deverá discutir. Aos parlamentares disse que “somos a primeira geração que estamos a lidar com as novas tecnologias”, e propôs uma “entidade reguladora das redes sociais”, em que as pessoas podiam denunciar caso se sentissem “ameaçadas, difamadas e injuriadas”, considerando essencial haver alguém que “possa supervisionar o que é dito e escrito nas redes sociais”. Na TVI, apesar de diretora, administradora e acionista, brilha como apresentadora do Big Brother e em outros programas eventuais e como a “ideóloga” da novela “Festa é Festa”, a estratégia para destronar a SIC, mas a a liderança passa sobretudo por José Eduardo Moniz, o diretor geral. No domínio da sua marca pessoal, Cristina, tornou-se uma presença habitual na Web Summit e lançou as Cristina Talks, iniciadas em Outubro de 2022 em Gondomar, que se juntam à revista, ao blogue, aos perfumes, às lojas. O colunista do Expresso, Henrique Raposo, falou de “um fenómeno popular que se está a transformar numa espécie de seita populista” e apelidou-a de líder de uma Assembleia do Pensamento Positivo como uma Nossa Senhora Cristina “Louboutin” Ferreira. Licenciou-se em História e foi professora no ensino secundário durante dois anos. Fez também os cursos de Ciências da Comunicação e de apresentação, este lecionado por Emídio Rangel na extinta Universidade Independente. Em 2004 começou a sua viagem para ao estrelato com a apresentação do “Você na TV!” ao lado de Manuel Luís Goucha.

5. Paula Amorim, 51 anos, presidente da GalpEnergia e acionista do Grupo Américo Amorim e do Amorim Luxury

O Grupo Américo Amorim é detido hoje por Maria Fernanda Amorim e pelas filhas Marta Amorim Barroca de Oliveira, que lidera a holding do grupo, a Amorim Holding II, Paula Amorim, que preside à Galp Energia, e Luísa Amorim que está à frente da Quinta Nova, no Douro, e é administradora na Corticeira Amorim. Paula Amorim é a face mais mediática pela sua presença na Galp Energia, e pela Amorim Luxury, onde é administradora única, mas em que a gestão executiva está nas mãos de Miguel Guedes de Sousa, seu marido, e tem negócios e marcas como a Fashion Clinic, Paula e o JNcQUOI. Em Novembro de 2017, Américo Amorim ficou com 25% da empresa criada por Tom Ford, onde Paula Amorim foi administradora, que disse “alguém que espera nove anos para ter cortiça é o parceiro certo.” Em Novembro de 2022, o grupo encaixou cerca de 250 milhões de euros com a venda dos seus últimos 10% na companhia norte-americana, que foi adquirida pela Estée Lauder. Na Galp Energia, onde entrou como administradora em 2012 e está como chair desde 2016, apresentou este ano os maiores lucros de sempre, mas enfrenta o desafio de transformação e, em janeiro de 2023, Filipe Silva tornou-se o novo CEO da empresa, o terceiro depois de Carlos Gomes da Silva e de Andy Brown. Em entrevista a Francisco Pinto Balsemão, no podcast do jornal Expresso “Deixar o Mundo Melhor”, referiu que deixou de estudar muito cedo, depois de ter frequentado o curso frequentou o curso de Gestão Imobiliária da Escola Superior de Atividades Imobiliárias (ESAI) e entrou como administradora no grupo familiar e, em 2005, lançou os seus próprios negócios com um empréstimo bancário de dois milhões de euros com a aquisição da Fashion Clinic.

6. Mariza, 49 anos, cantora

Em entrevista à jornalista Rita Silva Avelar na revista Máxima, em 2019, Mariza recordava que o concerto que mais a marcou na vida foi o que deu na Torre de Belém. “Eu vinha de uma tournée gigante… Nesse ano penso que cheguei a dar 300 concertos e tinha acabado de fazer o meu disco Transparente [em 2006]. Nesse dia, recordo-me que chovia muito e que eu tinha dito que não queria fazer o concerto porque achava que não iria ninguém. Dizia que ia ser um fiasco e que estava tudo maluco! À noite, quando subi ao palco, tínhamos mais de 25 mil pessoas a assistir e foi muito emocionante. Quando cantei o Ó Gente da Minha Terra foi inevitável que eu chorasse. “Afinal gostam de mim em casa”, foi o que eu pensei”. Nasceu em 16 de dezembro de 1973 na atual Maputo e, em 1979, veio viver com os pais para a Mouraria, um dos alfobres de fadistas. Em 2001 editou o seu primeiro álbum, Fado em Mim, inicialmente em Portugal e depois em 32 países, o que a projetou em termos mundiais. A sua carreira internacional continua pujante com uma agenda que toca, sobretudo a Europa, o Canadá e os Estados Unidos e, em abril de 2023, por exemplo, tem quatro noites de espetáculos no The Town Hall, com a participação de Ney Matogrosso, Matias Damásio e da Orquestra Cesária Évora. Em fins de 2021 foi publicado o livro Os anéis do meu cabelo – A história de Mariza (Oficina do Livro), feito por Dina Soares com a colaboração de Mariza. Segundo Mariza, “a ideia do livro foi assinalar os 20 anos de carreira e mostrar que atrás da cantora existe um ser humano que teve uma vida completamente normal, como toda a gente, até chegar onde chegou”. Recentemente, em Lisboa, a ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, que viveu em Portugal durante a Revolução em 1975, quando tinha ano e meio, citou uma canção da cantora portuguesa Marisa para pedir que a União Europeia fale a “uma só voz”, acrescentando: “não creio que a maravilhosa cantora Mariza estivesse a pensar na União Europeia quando escreveu o seu fado A Nossa Voz. Esta voz em que ela está a pensar, pode muito bem ser a nossa voz europeia. Ela canta: “De um, seremos mil corações, e de mil, uma única voz””.

 

7. Elvira Fortunato, 58 anos, ministra da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior

É licenciada em Física e Engenharia de Materiais e doutorada em Engenharia de Materiais: Microelectrónica e Optoelectrónica, pela FCT/Universidade Nova de Lisboa, e, desde março de 2022 que Elvira Fortunato integra o novo governo liderado por António Costa, como ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Uma das suas primeiras batalhas passa pela alteração do modelo de conclusão do ensino secundário e acesso ao ensino superior. Na sua opinião, o principal objetivo “é permitir que ninguém fique para trás” e que “não deixe por razões económicas” de ingressar nas universidades e institutos politécnicos, e com esta reforma do modelo “torná-lo mais justo e alargar a base social do acesso”. Professora catedrática no departamento de Ciência dos Materiais da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, onde foi vice-reitora e coordenou a área de investigação entre 2017 e 2022. Era também diretora do Laboratório Associado Instituto de Nanomateriais, Nanofabricação e Nanomodelação. A equipa de investigação do Centro de Investigação de Materiais (CENIMAT) liderada por Elvira Fortunato e Rodrigo Martins distinguiu-se pela descoberta do transístor de papel. Em 2022, integrou o grupo de 27 mulheres inspiradoras da Europa, eleitas pela atual presidência francesa da União Europeia. Elvira Fortunato deu voz à personagem Marlene Starr, uma das mais bem-sucedidas cientistas do mundo, na versão portuguesa do filme de animação “Um Susto de Família 2”, e é sócia do Sporting Clube de Portugal.

8. Lucília Gago, 66 anos, Procuradora-Geral da República

No discurso proferido na cerimónia de abertura do ano judicial, no Supremo Tribunal de Justiça em Lisboa a 10 de Janeiro de 2023, Lucília Gago afirmou que “num país pobre e de fracos recursos, parece ser impensável e imperdoável desperdiçar a oportunidade que ao país é dada de aproveitar fundos europeus para que o mundo do judiciário, em particular o Ministério Público, ganhe efetivo e imperdível avanço no domínio das tecnologias e sistemas de informação”. Assinalou ainda que “a mera proclamação da autonomia do Ministério Público face ao poder executivo não basta. Impõe-se que a tal proclamação corresponda substantivamente algo que tarda – a criação de condições efetivas que não condicionem, de forma severa, a prossecução das competências e atribuições desta magistratura e o cumprimento dos seus objetivos”. Licenciada pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1978, ingressou em 1980 no Centro de Estudos Judiciários. Magistrada do Ministério Público, foi, a partir de 1981, Delegada do Procurador da República, tendo desempenhado funções em Varas Cíveis e num Juízo Correcional. Foi promovida a Procuradora da República em 1994, tendo exercido funções numa Vara Criminal de Lisboa, no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa e no Tribunal de Família e Menores de Lisboa. Foi promovida a Procuradora-Geral-Adjunta em Setembro de 2005 e a diretora do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, nos anos de 2016 e 2017. Em 12 de outubro de 2018, Lucília Gago tomou posse como Procuradora-Geral da República para um mandato de seis anos, renovável, mas que nos dois anteriores procuradores não aconteceu.

9. Elisa Ferreira, 67 anos, Comissária Europeia com a pasta da Coesão e das Reformas

“Temos de nos convencer que temos de viver sem fundos, que temos de pensar num desenvolvimento normal, que o nosso objetivo é ter uma dinâmica económica e empresarial e de inovação, que se liberte desta dependência”, afirmou Elisa Ferreira, Comissária Europeia para Coesão e Reformas desde 2019, ao jornal Público em Julho de 2022. Sublinhava que Portugal é um bom executor dos programas dos fundos comunitários, mas “isso é executar financeiramente. Outra coisa é se tudo aquilo que é apoiado e que não tem fraude é o ótimo. A questão é saber se estamos a utilizar os fundos exatamente para sair da situação em que precisamos de fundos…”. Licenciou-se em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto em 1977. Completou a formação académica na Universidade de Reading, no Reino Unido, onde fez o mestrado e o doutoramento na mesma área em 1981 e 1985, respetivamente. Nomeada em 2019 Comissária Europeia tem na equipa liderada por Ursula von der Leyen a pasta da Coesão e Reformas. Militante do Partido Socialista, foi ministra do Ambiente e ministra do Planeamento nos dois governos liderados por António Guterres, deputada à Assembleia da República e deputada em três legislaturas ao Parlamento Europeu, e vice-governadora do Banco de Portugal.

10. Maria Manuel Mota, 51 anos, Diretora Executiva do iMM-instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes

Portugal vai ter dois grandes centros de investigação em saúde e biomedicina com um financiamento total de 25 milhões de euros aprovados no concurso Teaming for Excellence, do programa europeu Horizonte Europa, que, com as comparticipações nacionais, representam uma aposta de mais de 70 milhões de euros, nos próximos seis anos. Um dos centros é liderado por Maria Manuel Mota enquanto o outro projeto tem como líder António Jacinto, investigador na Nova Medical School. O novo projeto liderado por Maria Manuel Mota é o IMM-Care, que tem por objetivo estimular a investigação clínica com aplicação nos hospitais e nos doentes em benefício da sociedade, será um departamento do IMM. Terá 80 funcionários, 50 dos quais cientistas, e um orçamento dedicado só para si nos próximos seis anos de 41,75 milhões de euros. Maria Manuel Mota licenciou-se em Biologia e obteve o grau de Mestre em Imunologia pela Universidade do Porto em 1992 e 1994, respetivamente. Em 1998 doutorou-se em Parasitologia Molecular pela University College London (Reino Unido) com trabalho realizado no National Institute for Medical Research. Entre 1999 e 2001 desenvolveu investigação como pós-doutoranda no Laboratório da New York University Medical School onde lecionou. Regressou a Portugal em 2002 para liderar o grupo de investigação do Laboratório de Biologia Celular da Malária no Instituto Gulbenkian de Ciência, em Oeiras. Em 2005 passou a estar à frente da Unidade de Malária do Instituto de Medicina Molecular (iMM), além de lecionar na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. É diretora executiva do iMM, bem como Professora Convidada na Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard. Maria Manuel Mota ganhou o EMBO Young Investigator Award em 2003, o European Young Investigator Award da European Science Foundation em 2004, e foi investigadora internacional do Howard Hughes Medical Institute (EUA) entre 2005 e 2010. Em Maio de 2016 foi eleita para integrar a Organização Europeia de Biologia Molecular (European Molecular Biology Organization – EMBO), pelo mérito e a excelência do trabalho que tem desenvolvido nos últimos anos. Em 2017 foi laureada com o prémio Pfizer e em 2018 com o prémio Sanofi – Institut Pasteur. A nível nacional, recebeu o Prémio Pessoa em 2013, e foi condecorada pelo Presidente da República com a Ordem do Infante D. Henrique no Dia Internacional da Mulher de 2005. Maria Manuel Mota é ainda fundadora da Associação Viver a Ciência, uma organização sem fins lucrativos que pretende promover a Ciência de qualidade feita em Portugal.

11 Joana Marques, 37 anos, humorista e guionista

É humorista, guionista, apresentadora de televisão e locutora de rádio, requisitada para fazer publicidade. Definiu-se como “uma comentadora da realidade”, numa entrevista ao Público em 28 de janeiro de 2023. Salientou que gosta “muito estar de fora, a observar. Consegui, por sorte, tornar isso uma profissão: estar a comentar aquilo que vejo. Vejo-me, muitas vezes, como uma comentadora, seja da televisão, da realidade…”. É uma das locutoras do programa As Três da Manhã, da Rádio Renascença, com Ana Galvão e Inês Lopes Gonçalves, onde assina rubrica Extremamente Desagradável, que foi o podcast mais ouvido em Portugal, em 2022, no Spotify, com mais de 19 milhões de streams e 325 mil ouvintes, tal como acontecera em 2021. Com o espetáculo Extremamente Desagradável tem esgotado salas de Norte a Sul e Ilhas. Escreve semanalmente na revista Visão e faz parte da equipa de Ricardo Araújo Pereira no programa Isto é Gozar Com Quem Trabalha (SIC). Em 2022 recebeu o Globo de Ouro de personalidade do ano digital e integrou o painel de júri do programa Ídolos da SIC. Tornou-se guionista em 2007 nas Produções Fictícias onde começou a escrever para Ana Bola e Maria Rueff. Foi co-autora e co-apresentadora do programa Altos & Baixos, no Canal Q, e também da sua versão ao vivo, em que contava com Daniel Leitão, seu marido. Começou a fazer rádio como base nos seus textos em 2012 na Antena 3, onde criou a rubrica Extremamente Desagradável em 2017 na Antena 3. Fez parte da equipa de guionistas do programa Gente que não sabe estar, na TVI.

12 Daniela Braga, 44 anos, fundadora e CEO da DefinedCrowd

Fundadora e CEO da DefinedCrowd, hoje Defined.ai, uma startup na área do reconhecimento de voz, texto e imagem, que foi considerada uma das “100 empresas mais promissoras na área de inteligência artificial do mundo”. Em 2021, foi escolhida pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para integrar a task force para a estratégia sobre inteligência artificial. Recentemente, Daniela Braga criou em Portugal a Accelerat.ai, uma iniciativa co-financiada pelo governo português no âmbito do programa de recuperação e resiliência (PRR), que promete ajudar a colmatar o atraso que a Europa tem face aos Estados Unidos da América no que concerne à inteligência artificial (AI). Segundo Daniela Braga, a Europa está 10 mil milhões de euros e 10 anos atrasada face ao mercado norte-americano. Considera “a AI é uma das tecnologias que, muito em breve, vai ser tão importante como a internet para a nossa sobrevivência”. A Defined.ai é a líder do consórcio responsável pelo projeto e que inclui instituições como a Faculdade de Ciências de Lisboa e o Instituto Superior Técnico, a NOS, a Desco, assim como a IBM e a Microsoft como parceiros tecnológicos. O projeto, a três anos e que começa “efetivamente agora”, representa um investimento de 34,5 milhões de euros, dos quais 75% são cofinanciados pelo governo português. Em contrapartida isso significa a criação de 150 postos de trabalho. “Não há IA em tudo, ainda estamos no início desta jornada que é a inteligência artificial”, afirma a fundadora e CEO da Defined.ai, plataforma inteligente de dados para inteligência artificial e machine learning, que fundou em 2015, conseguiu levantar 81 milhões de dólares, um dos records em startups lideradas por mulheres, tem 200 colaboradores nos Estados Unidos e em Portugal e os clientes são algumas das maiores empresas do mundo como clientes como a Google, a IBM, a Microsoft, a Amazon, a dona da assistente de voz Alexa. Daniela Braga é licenciada em Estudos Portugueses e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras (FLUP). No fim da licenciatura, conseguiu uma bolsa na Faculdade de Engenharia porque precisavam de uma linguista para um sistema de síntese de fala de português europeu para cegos. Deu-se uma mudança na sua vida e começou a sua ligação às tecnologias de voz, aprendeu a programar e faz a sua carreira académica na área da engenharia de 2001 a 2006, como investigadora da Faculdade de Engenharia (FEUP). Fez o mestrado no Minho em Linguística Aplicada e doutorou-se na Corunha em Tecnologias da Linguagem. “Tenho uma grande paixão pelo conhecimento, qualquer que ele fosse, e pelas línguas, por isso falo seis línguas”, disse Daniela Braga. Em 2006 ingressou na Microsoft, onde trabalhou na área de voz e texto, primeiro em Portugal, depois nos EUA e na China. Em 2015, depois de Daniela Braga ter saído da Microsoft, e de uma curta passagem pela VoiceBox, cria a DefinedCrowd, hoje Defined.ai.

13. Isabel Vaz, 57 anos, CEO do Grupo Luz Saúde

 “Digo muitas vezes, meio a brincar, mas na verdade muito a sério, que a saúde não precisa de mais gestores, precisa é de mais engenheiros”, afirmou Isabel Vaz, que é licenciada em Engenharia Química pelo Instituto Superior Técnico e tem um MBA pela Nova SBE, ao site InfoRH. Após a licenciatura iniciou a sua vida profissional como investigadora no Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (IBET). Foi Engenheira de Projeto Fabril no Grupo Atral Cipan. Em 1992, ingressou na McKinsey, empresa de consultadoria estratégica de alta direção, onde foi senior consultant durante sete anos, participando em projetos essencialmente na área da banca e seguros. Em 1999 liderou, a partir da Esumédica, empresa de cuidados médicos às empresas do Grupo Espírito Santo, a criação do atual Grupo Luz Saúde, que desde 2014 é da seguradora Fidelidade, detida pelo grupo chinês Fosun. Em 2017 Isabel Vaz recebeu o prémio Maria de Lurdes Pintassilgo, que distingue as engenheiras que se destacam na sociedade, e foi instituído pelo Instituto Superior Técnico em 2016. É administradora não executiva da Mota-Engil e dos CTT e membro do Strategic Board da Católica-Faculdade de Medicina.

14. Júlia Pinheiro, 60 anos, apresentadora da SIC

O programa Júlia, que apresenta nas tardes da SIC, tem sido um dos vários pilares da liderança da estação, que a TVI tenta conquistar. Mas os últimos tempos não têm sido fáceis para Júlia Pinheiro que tem tido alguns problemas de saúde. Num dos seus programas confessou que já pensa na reforma: “já tenho um marido (Rui Pego) que está em casa, está no momento de ir pensando nessas coisas”. Iniciou a sua carreira profissional como estagiária na RTP, tendo chegado a apresentar um programa em 1983, há 40 anos. Em 1984, trocou a estação pública pela Rádio Renascença, onde permaneceu até 1992, quando surgiu o desafio da SIC, a primeira estação de televisão privada. Retornou à RTP entre 2002-2003, passou pela TVI, onde esteve até 2010, quando regressou à SIC, onde já ocupou vários cargos e apresentou diversos programas. Júlia Pinheiro fez Línguas e Literaturas Modernas na Universidade Nova de Lisboa e mais tarde uma pós-graduação em Comunicação Social, na Universidade Católica Portuguesa. Integrou a equipa fundadora da revista Máxima. Em 26 de Setembro de 2021 regressou a Noite da Má Língua em formato de podcast com as mesmas personagens das últimas edições do programa da SIC, que foi emitido entre 1994 e 1997, Rui Zink, Manuel Serrão e Rita Blanco e com moderação de Júlia Pinheiro. Este podcast faz parte do menu do seu site Júlia – De Bem com a Vida, que é um projeto digital dedicado às mulheres portuguesas a partir dos 40 anos. Em 2001, publicou O Que Diz Júlia, uma compilação das suas crónicas, seguindo-se os seus romances Não Sei Nada Sobre o Amor, em 2009, e Um Castigo Exemplar, lançado em 2015. Estreou-se como atriz no cinema com uma participação no filme Curral de Moinas – Os Banqueiros do Povo, protagonizado por João Paulo Rodrigues e Pedro Alves, mas como atriz na televisão entrou em várias séries e telefilmes e no teatro, em 2019, fez os Monólogos da Vagina, com encenação de Paulo Sousa Costa.

15. Leonor Beleza, 74 anos, presidente da Fundação Champalimaud

“Só vi António Champalimaud uma vez, nunca saberei porque é que ele me escolheu”, revelou Leonor Beleza, presidente da Fundação Champalimaud, no podcast Deixar o Mundo Melhor, de Francisco Pinto Balsemão. É a mais velha de cinco irmãos e a primeira das três raparigas a matricular-se na Faculdade de Direito de Lisboa. Pouco depois do 25 de Abril de 1974 trabalhou na Comissão de Revisão do Código Civil, que consagrou pela primeira vez um regime de igualdade entre os cônjuges. Depois de Maria Teresa Lobo que foi subsecretária de Estado da Saúde, entre 1970 e 1973, Leonor Beleza foi a primeira portuguesa a ser nomeada para cargos governamentais, primeiro como secretária de Estado e depois como ministra da Saúde de Cavaco Silva. A sua vida mudou no dia 28 de abril de 2000 quando recebeu um telefonema de António Champalimaud e se tornou presidente da Fundação Champalimaud. É membro do Conselho de Estado nomeado por Marcelo Rebelo de Sousa. “A última fronteira para estabelecer e aceitar um mundo de igualdade está dentro dos nossos cérebros, na maneira como nós olhamos para as coisas, na maneira como distinguimos ou não se estamos a falar com homens ou mulheres. Também tenho esse pré-juízos dentro da minha cabeça e o que é preciso é percebermos que são pré-juízos e, em cada circunstância em que isso é relevante, destruí-los e descobrir onde estão aquelas e aqueles que devem ser escolhidos para o que está em causa” disse Leonor Beleza quando recebeu o Prémio Carreira da revista Activa. Em Fevereiro de 2023 foi-lhe atribuído o Prémio Universidade de Coimbra.

16. Clara Raposo, 52 anos, vice-governadora do Banco de Portugal

É professora catedrática de Finanças no ISEG desde 2010, e vice-governadora do Banco de Portugal desde 1 de dezembro de 2022 com a responsabilidade pela estabilidade financeira. É licenciada em Economia pela NovaSBE, mestre em Economia pelo Queen Mary & Westfield College, e doutorou-se em Finanças pela London Business School. Foi presidente do ISEG entre julho de 2018 e novembro de 2022. Na universidade tem desempenhado funções de responsável pela área científica de Finanças no Departamento de Gestão, coordenadora do mestrado em Finance, do mestrado em Gestão (MiM), da pós-graduação em Análise Financeira e dos programas executivos Sustainable Finance: Green and Climate Finance e Strategic Leadership Program, com a Columbia Business School. No âmbito da sua atividade académica, é autora de publicações em revistas científicas internacionais. Anteriormente, foi professora associada com agregação, professora associada e professora auxiliar no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (2000-2010), University Lecturer of Finance na Universidade de Oxford, Said Business School (1998-2000), tutorial Fellow of Management no college St. Edmund Hall, Universidade de Oxford (1998-2000) e assistente estagiária na Nova SBE (1992-1993).  Foi, até novembro de 2022, presidente do Conselho de Administração da Greenvolt e membro da direção do IPCG – Instituto Português de Corporate Governance. Professora de Finanças chegou a estar nomeada para a administração do Millennium BCP (como não-executiva), mas acabou por ficar de fora da lista final, aprovada pelos reguladores, por “razões pessoais”. A razão foi a sua entrada para a administração do Banco de Portugal, liderada por Mário Centeno, onde é vice-governadora ao lado de Luís Máximo dos Santos, ajuda o supervisor financeiro a cumprir as regras que preveem a inclusão de mais mulheres nos órgãos de administração. Clara Raposo, que é próxima de Mário Centeno, é assim a segunda vice-governadora do Banco de Portugal, depois de Elisa Ferreira.

17. Maria Lúcia Amaral, 65 anos Provedora da Justiça

Licenciada em Direito, em 1980, pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, seguiu a carreira académica, iniciando funções docentes universitárias. Doutorou-se em Direito Constitucional desde 1998 pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa tendo depois passado para a Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, onde é atualmente professora catedrática. Em 29 de março de 2007, foi eleita juíza do Tribunal Constitucional pela Assembleia da República, por maioria qualificada e tomou posse a 4 de abril de 2007 para um mandato de 9 anos, tendo sido vice-presidente entre 11 de outubro de 2012 e 22 de julho de 2016, quando cessou funções. Em 2 de novembro de 2017, tomou posse como Provedora de Justiça, indicada pelo PSD com o acordo do PS, depois de votada pela Assembleia da República, que lhe renovou o mandato em novembro de 2021. É por inerência membro do Conselho de Estado e membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, na Classe de Letras, 5.ª Secção – Direito.

18. Isabel Jonet, 63 anos, presidente do Banco Alimentar

“Eu sou mais adepta da caridade do que da solidariedade. A caridade é muito mais. A palavra está desvirtuada por ter uma conotação religiosa, mas para mim a caridade é a solidariedade com amor. Com entrega de si mesmo. A grande diferença é que caridade é amor e solidariedade é serviço. Portugal ainda é um país de caridade… O que aconteceu em grande medida é que a caridade teve que se transformar em solidariedade para ter acesso às verbas do Estado”, disse Isabel Jonet, que trabalha em regime de voluntariado no Banco Alimentar Contra a Fome desde 1993 e preside à Federação dos Bancos Alimentares contra a Fome e ao Banco Alimentar Contra a Fome de Lisboa. É fundadora e Presidente da ENTRAJUDA, instituição de apoio a instituições de solidariedade social numa óptica de gestão e organização. Licenciou-se em Economia na Universidade Católica em 1982. Trabalhou no Comité Económico e Social das Comunidades Europeias, em Bruxelas, entre 1987 e julho de 1993. Foi, também, adjunta da direção administrativo-financeira da Sociedade Portuguesa de Seguros entre março de 1983 e dezembro de 1986 e na direção financeira da Assurances Général de France em Bruxelas (1987). É vogal do Conselho das Ordens de Mérito Civil, e administradora não executiva da holding do grupo José de Mello.

19 Patrícia Mamona, 34 anos, atleta do Sporting Clube de Portugal

Em fevereiro de 2023 Patrícia Mamona venceu a prova de triplo salto nos Nacionais de pista coberta, realizados em Pombal, arrecadando o título pela 10.ª vez, quarto consecutivo. Neste mês a atleta do Sporting tornou-se a protagonista da campanha institucional “Chegar mais longe” da Caixa Geral de Depósitos na televisão, meio no qual não comunicava desde outubro de 2021. O banco tenta cruzar os atributos da atleta com os do banco: resiliência, esforço, dedicação, foco, ambição e superação. Filha de pais angolanos, Patrícia Mbengani Bravo Mamona nasceu em 21 de novembro de 1988 em Lisboa e viveu até à adolescência no Cacém. Em 2001, com 12 anos começou a treinar na Juventude Operária de Monte Abraão (JOMA). Em 2011 tornou-se atleta do Sporting e foi campeã europeia absoluta em 2016, e vice-campeã em 2012, e finalista olímpica no Rio2016 e nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021 chegou à medalha de prata no triplo salto. Como sub-23, foi segunda nas Universíadas e campeã universitária nos Estados Unidos, em 2011, quando estudava Ciências Médicas na Universidade de Clemson, na Carolina do Sul, o primeiro de dois cursos universitários, o segundo é de Engenharia Biomédica. Em 2016 chegou a fazer parte do programa de televisão Fama Show na SIC e, em Maio de 2022, recebeu a condecoração de Grande Oficial da Ordem do Mérito atribuída pelo presidente da República.

20. Clara de Sousa, 55 anos, jornalista da SIC

“Sou jornalista, trabalho em televisão desde os 25 anos, e, diariamente, chego às vossas casas com as notícias do dia. Amo a minha profissão e levo muito a sério a responsabilidade de prestar um bom serviço público, mas preciso sempre de reequilibrar energias com outras coisas que adoro fazer, como é o caso da cozinha, da bricolage, da jardinagem, ou simplesmente, recostar-me no sofá e ver bons filmes e séries ou ler um bom livro”, escreveu Clara de Sousa na saudação do seu site Clara de Sousa – Cozinha & Bricolage, que lançou em 6 de Novembro de 2018, e tem um canal no youtube. Surge na sequência da publicação em 2011 do primeiro de três livros de cozinha que já publicou. Frequentou o curso de Línguas e Literaturas Modernas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e começou profissionalmente pela rádio em 1986, Em 1993 iniciou a sua carreira televisiva na TVI, em 1996 foi para a RTP. Em 2001 mudou-se para a SIC. É a pivô do Jornal da Noite, emitido pela SIC, e que é líder de audiências. Clara de Sousa hoje é, com José Alberto Carvalho, um dos pivôs que apresentou o noticiário principal dos três canais generalistas. Recebeu o Prémio Cinco Estrelas em Jornalismo e em 2022 regressou à apresentação dos Globos de Ouro na SIC.

21. Rita Pereira, 41 anos, atriz e apresentadora da TVI

Rita Pereira nasceu em Cascais em 1982. Atualmente é uma das protagonistas da novela da TVI, Quero é Viver e vai ser uma das principais figuras no relançamento da série juvenil Morangos com Açúcar, onde a atriz se começou a destacar em 2005, e cujos novos episódios também serão vistos em Espanha e no Brasil, através da Amazon (Prime Vídeo). Recebeu recentemente o Prémio Cinco Estrelas na categoria “Séries e Novelas”, relativamente ao ano de 2022. No Figuras Públicas e Digital Influencers – Edição 2022 Rita Pereira estava no top quatro de notoriedade espontânea liderado por Cristiano Ronaldo. É uma das principais influenciadoras digitais em Portugal com 1,5 milhões de seguidores no Instagram e 1,56 milhões no Facebook.

22. Joana Vasconcelos, artista plástica

Joana Vasconcelos é o artista mais admirado, o que acontece pela quarto ano consecutivo, segundo o Barómetro da Cultura 2022, uma parceria do Gerador e Qmetrics, com base em entrevistas a 1200 residentes em todo o país sobre os hábitos culturais, ainda que 70% da amostra não tenha conseguido nomear nenhum artista. Fez a sua formação na Escola António Arroio e na Arco e iniciou a carreira em 1994 e em 2000 venceu o Prémio Novos Artistas da Fundação EDP. O reconhecimento internacional do seu trabalho deu-se com a participação na 51.ª Bienal de Veneza, em 2005, com a obra A Noiva (2001-05). Foi a primeira mulher e a mais jovem artista a expor no Palácio de Versalhes, em 2012. Já realizou mais de 500 exposições, instalações permanentes e obras de arte pública, em 35 países. Em setembro de 2023 no MAAT em Lisboa, Joana Vasconcelos vai apresentar uma série de peças nunca antes apresentadas em Portugal com destaque na Árvore da Vida, uma estrutura de 13 metros de altura em metal revestida com tecido que tem 354 ramos e mais de 110 mil folhas bordadas à mão, muitas delas explorando o ponto canutilho feito com vidrilhos tradicional de Viana do Castelo. O futuro Museu de Joana Vasconcelos vai ser uma parceria entre as autarquias de Lisboa e Oeiras. O museu irá nascer junto à zona ribeirinha num terreno que ainda está a ser negociado com a Administração do Porto de Lisboa. Mas como disse a artista em Janeiro de 2023, “estou ainda em negociações, que ainda não estão terminadas. É um projeto muito grande, é um projeto que traz uma dimensão importante à minha obra, que é não ser um museu sobre a minha obra, mas ser um museu sobre o meu ateliê”.

23. Ana Figueiredo, 48 anos, CEO da Altice Portugal

A 2 de abril de 2022 Ana Figueiredo assumiu a liderança da Altice Portugal, substituindo Alexandre Fonseca, que passou a chairman e co-CEO da Altice, quatro anos depois de ter liderado a Altice na República Dominicana, onde foi a primeira mulher a gerir um operador de telecomunicações, e onde fez uma reestruturação estratégica e operacional. Na sua apresentação pública à questão de poder ter sido escolhida para o cargo por ser mulher respondeu: “prefiro ter em consideração que fui escolhida pela minha capacidade de liderança e competências, mais do que ser do género feminino”. É a segunda mulher a assumir a liderança executiva da Altice Portugal, que comprou a PT no final de 2015, depois de Cláudia Goya no verão de 2017. É licenciada em Administração e Gestão de Empresas pelo Instituto Superior de Economia e Gestão e possui um MBA pela Universidade Católica e Nova Business School. Iniciou a carreira profissional no departamento de auditoria da Galp. Seguiu-se a Ernst & Young, na área de auditoria e consultoria financeira. Entrou para o grupo PT em 2003, e em 2016, foi escolhida como chief audit executive do grupo Altice, na Suíça, supervisionando as operações em França, Estados Unidos, Israel, Portugal e República Dominicana. E seria nesta operação, em 2018, que chegaria a CEO. “Conjuga rigor e raciocínio sistémico com risco. Organização, responsabilidade e foco com aventura. De personalidade pouco linear, Ana Figueiredo veste os fatos de CEO e de mergulho com igual gosto. Gestora de topo, aprecia o rafting e encontra na atividade física lições para a vida empresarial. O ténis, desporto que praticou com destaque no escalão júnior, é chamado a muitas reuniões. Como exemplo de atitude”, escreveu Alexandra Tavares Teles na Notícias Magazine.

24. Ana Garcia Martins, 42 anos, influencer

É uma imagem com presença constante nas publicações sociais e de televisão, e uma marca, A Pipoca Mais Doce, que este ano foi distinguida com o Prémio Cinco Estrelas na categoria Influenciadores Digitais. No centro desta construção está o blogue A Pipoca Maios Doce, criado em 2004 por esta licenciada em Ciências da Comunicação, na Universidade Nova de Lisboa e que da escrita faz vida, tenha sido em jornais, seja hoje nos blogues, instagram, twitter, podcasts, ou rádio, como o programa O que é que Sucede?, na Rádio Observador. Por isso, segundo Figuras Públicas e Digital Influencers – Edição 2022, A Pipoca Mais Doce é um dos digital influencers mais reconhecidos. Foi comentadora do programa Passadeira Vermelha, da SIC Caras, do Big Brother, na TVI, apresentou com Gilmário Vemba o programa Betclic Mano a Mano, na TVI, e faz stand up comedy.

25 Isabel Camarinha, 63 anos, secretária-geral da CGTP-IN

Isabel Camarinha chegou a liderança da CGTP-IN um mês antes do primeiro confinamento a 13 de Março de 2020 por causa da pandemia mundial de COVID-19 e das declarações sucessivas de estados de emergência e de calamidade que, se não limitaram as liberdades sindicais, criaram obstáculos ao seu efetivo exercício, o que levou à diminuição nas greves e nas lutas reivindicativas. Um dos efeitos desta pandemia global foi o ressurgimento da inflação, a desregulação das cadeias de abastecimento a que se seguiria a invasão da Ucrânia pela Rússia. Esta situação teve impacto no custo de vida, nos salários, no aumento da precariedade do trabalho, nas desigualdades, e exige respostas sindicais para ajudar a melhorar a vida das pessoas. Mas um dos motores das lutas sindicais tem sido os recordes de lucros de empresas, como as petrolíferas e as da grande distribuição. Por isso, Isabel Camarinha dizia recentemente: “as nossas dificuldades são lucros para os grandes grupos económicos e financeiros” e que, “o outro lado da moeda dos salários que não chegam, e das pensões que faltam, está nos colossais lucros que todos os dias são anunciados”.  Nasceu em Moscavide, em Junho de 1960, filha de dois funcionários públicos. Em 1974, ainda estudante do Liceu D. Filipa de Lencastre, aderiu à UEC (União dos Estudantes Comunistas) e cinco anos depois foi trabalhar no Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, Empresas Públicas, Concessionárias e Afins (STAL), onde foi técnica administrativa e se iniciou na ação sindical. Mais tarde integrou a direção do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Lisboa (CESL) e posteriormente a direção do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), desde a sua criação, há cerca de 22 anos. Em 2016 foi eleita presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) e coordenadora da Federação Portuguesa dos Sindicatos do Comércio, Escritórios e Serviços (FEPCES) e passou a integrar a Comissão Executiva da CGTP.

 

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