“Quando olho para trás, percebo claramente que as resoluções com maior impacto na minha carreira, no sentido de evolução e crescimento, foram decisões quase sempre inesperadas ou até difíceis de compreender para quem as viu de fora. Para mim, foram um jogo interno de instinto versus racionalidade; de impacto versus retorno. Foram decisões que tomei pensando na diferença que podia fazer e no valor que podia acrescentar, sem equacionar muito (ou nada) o retorno tangível e imediato que iria obter (financeiro, de reconhecimento ou outro).
Se tiver de eleger uma dessas resoluções, talvez escolha a decisão de, no final de 2009, pedir uma licença sem vencimento e me dedicar a escrever o Case Study sobre a Renova. Nunca imaginei o impacto mediático que aquele Case poderia ter nem a visibilidade que profissionalmente me traria. Decidi avançar porque me parecia inacreditável não haver uma história de sucesso de uma marca portuguesa, contada nas melhores escolas do Mundo. Fi-lo porque senti que era meu dever como Portuguesa e porque estava ao meu alcance fazer a diferença. Não tenho dúvidas que o impacto que teve na minha carreira, em muito superou os salários ou os meses de senioridade que perdi durante essa licença, tirada numa fase ascendente da minha carreira, em que o sucesso se media pela velocidade com que se alcançava o patamar seguinte.
Nesta, mas principalmente noutras resoluções marcantes, o desafio foi o de tomar o caminho menos convencional e o de ter coragem de seguir o que acreditava ser certo, ainda que isso implicasse poder parecer menos racional ou até pouco ambiciosa aos olhos dos que me rodeavam e que sobre mim tinham determinadas expectativas.
Acredito que o que damos em termos profissionais – no desenvolvimento de um sector económico, na contribuição para a criação de riqueza, na promoção do país, no desenvolvimento de futuros líderes – acaba, com o tempo, por nos ser devolvido em dobro.”