Maria Manuel Mota é investigadora principal e diretora executiva do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes.
“A minha principal resolução de carreira foi a decisão de voltar a Portugal em 2002. Tomei-a durante 2001 depois de um doutoramento em Londres (1994-98) e enquanto terminava um pós-doutoramento em Nova Iorque (1999-2002). Na altura foi uma decisão pessoal. Apesar de termos várias oportunidades em aberto nos Estados Unidos, o meu marido na altura queria muito voltar a Portugal e por isso foi uma decisão de família. Mas eu tinha muitas dúvidas de que poderia funcionar. A estrutura científica portuguesa estava a dar ainda os primeiros passos e foi uma decisão arriscada mas depois veio a provar-se ser uma decisão importante e acima de tudo a decisão certa.
O maior desafio foi criar uma equipa de investigação num ambiente e estrutura ainda em formação e crescimento. Nesse aspecto, uma situação diametralmente oposta àquela que tinha vivido no Reino Unido e nos Estados Unidos. Nesses locais eu ainda estava em fase de me integrar numa equipa liderada por outros e em estruturas altamente estáveis que me permitiram dar largas à minha criatividade.
Criei o meu grupo de investigação que com o tempo foi crescendo e mostrando ser capaz de atrair financiamento de montantes significativos o que nos permitiu testar as nossas hipóteses mais interessantes. Criámos um ambiente estável que permitiu aos jovens cientistas ou aspirantes a cientistas que foram passando pelo nosso laboratório a libertar a sua criatividade em prol de conhecermos melhor o organismo que o nosso laboratório elegeu como o grande inimigo a abater – o Plasmodium, parasita causador de malária e ainda responsável por matar uma criança a cada 2 minutos.
Durante os últimos 16 anos formámos 15 alunos que se doutoraram com teses integralmente produzidas no nosso laboratório e ajudámos jovens cientistas já doutorados a encontrarem o seu nicho numa carreira científica ou outra. Em conjunto produzimos mais de 100 artigos científicos com algumas descobertas que revolucionaram o nosso campo de estudo, a malária, e que acreditamos poder contribuir para o desenvolvimento de estratégias racionais capazes de combater esta doença ainda mortal.”
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